Origem: Revista O Cristão – As Semelhanças do Reino – Parte 1

A Parábola do Semeador

As parábolas do reino dos céus encontradas em Mateus nos dão uma visão do tempo presente quando nosso Senhor Jesus Cristo, o Rei, está no céu e Seu reino está na Terra. O “reino dos céus” é um termo territorial; refere-se à esfera na Terra onde há o reconhecimento exterior da autoridade do céu durante o tempo presente. O reino dos céus está dentro do escopo do reino de Deus (veja Lucas 19:12). Tal como o reino dos céus, o reino de Deus foi anunciado como estando próximo por João Batista e foi revelado pelo Senhor Jesus, mas como sabemos, o legítimo Rei foi rejeitado. Então se tornou um reino em mistério. Nesta forma ele tem seu início na ascensão de Cristo. Quando o Senhor recolhe o trigo no celeiro, em Sua vinda, seu caráter é mudado e é chamado de “o reino de seu Pai” – o lado celestial do reino. O reino de Deus é um termo mais amplo; também foi anunciado por João Batista. Começou enquanto o Senhor ainda estava na Terra e continuará por todo o milênio até o estado eterno. A figura das duas primeiras parábolas em Mateus 13 é tirada de Levítico 23 sobre a colheita de grãos de cevada e trigo – a festa das primícias e a festa das semanas (Pentecostes). Essa figura de semear e colher grãos retrata como o evangelho é pregado e as almas entram no reino; então, na consumação deste mundo (ou na conclusão do século – JND), o Senhor colherá do campo (o mundo) Sua colheita celestial.

Figuras comuns 

O Senhor Jesus introduz o assunto do reino dos céus com a parábola do semeador. A figura de duas das festas de Jeová é usada aqui porque essas duas festas descrevem profeticamente o mesmo tempo – os dias atuais quando o Senhor está reunindo um povo para o céu. O movimento do molho das primícias (Lv 23:10-12) estava ligado ao início da colheita de grãos. Representa a ressurreição do Senhor Jesus dentre os mortos como o início de uma nova colheita. A colheita de grãos continuou nas sete semanas seguintes até o Pentecostes, quando houve uma celebração diante do Senhor. A parábola do semeador em Mateus 13 se baseia nessa figura para descrever como as pessoas entram no reino dos céus. O reino como tal não poderia existir até que o Senhor tivesse ressuscitado dos mortos. Após Sua ressurreição, Ele ascendeu ao céu e o reino dos céus começou. Isso era desconhecido nos tempos do Velho Testamento, embora esteja oculto nas Escrituras nas figuras das festas de Jeová.

Sem datas mensais 

A festa das primícias e o Pentecostes encontrados em Levítico 23 não têm datas mensais para sua observância. A razão para isso é que essas duas festas são proféticas do tempo presente, quando as coisas celestiais são a nossa esperança, em vez de tempos e estações terrenais. Essas são distintas das outras festas que são proféticas de eventos terrenais. Essas duas festas apresentam uma profecia da ressurreição do Senhor Jesus e a colheita para o céu que se segue. O ponto de referência dessas duas festas correspondia ao momento em que a cevada estava madura. Os israelitas não podiam comer o novo grão até que o molho das primícias fosse movido diante do Senhor pelo sacerdote. Foi uma figura profética da ressurreição do Senhor Jesus dentre os mortos. As duas primeiras parábolas em Mateus 13 expandem esse tema, começando com a semeadura da semente e continuando até a colheita. Durante o tempo presente desde que Cristo ascendeu ao céu, o reino dos céus está se formando aqui na Terra. Ele está reunindo pessoas em Seu reino. Todos os que professam conhecê-Lo entram no reino dos céus. No final desta era (ou século), a colheita será concluída. Mas, como vemos na seguinte parábola do trigo e do joio, muitos entram pela profissão feita. Eles são comparados ao joio; eles não são verdadeiros. Estes terão de ser separados do trigo. No final desta era, não entrarão no céu.

“Carne e sangue não podem herdar o reino de Deus” 

Uma característica significativa da colheita do grão é que, quando o fruto amadurece, a planta morre; isso é distinto da colheita da videira ou da oliveira, onde a planta vive ano após ano. Quando o Senhor considerou Sua volta para o céu depois de terminar Seu ministério aqui na terra, Ele disse a Seus discípulos: “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto”. (Jo 12:24) . Isso significava que, a menos que Ele morresse como o grão de trigo, Ele não poderia ter um povo Consigo mesmo no céu. O resultado de Sua morte e ressurreição é que Ele pode ter um povo Consigo mesmo no céu. Uma nova vida é necessária. Embora a “carne e sangue não podem herdar o reino de Deus” (1 Co 15:50), ao receber a palavra do evangelho podemos entrar no reino. Para que isso fosse possível, o Senhor como o grão de trigo caiu na terra e morreu. Agora pela mensagem do evangelho temos a oportunidade de receber esta nova vida. Com ela podemos entrar no céu, embora ainda nos falte a transformação do corpo. A boa semente é semeada no coração de homens e mulheres em todo o mundo, com vistas à colheita de grãos para o céu.

A parábola do Semeador 

Quando o Senhor Jesus contou a parábola do semeador, foi diferente das mensagens anteriores. Em vez de buscar fruto no homem em seu estado natural, Ele ofereceu algo novo. Isso foi necessário por causa da falha do homem sob a lei. O Senhor começa Seu reino semeando a boa semente. A Palavra de Deus é a boa semente; a pregação da Palavra dá nova vida. Mas existem entraves para a reprodução deste fruto. A parábola do semeador lista quatro tipos de terreno onde a semente pode cair. A semente que caiu em boa terra produziu variadas quantidades de frutos. Mas a semente nos outros três casos falhou em produzir bons frutos. Algumas caíram “ao pé do caminho”, algumas em “pedregais” e outros “entre espinhos”. Esses três casos retratam o que acontece, no primeiro caso, quando Satanás, o inimigo, tira o que está semeado no coração; no segundo caso, o que acontece quando a carne é firme e não há arrependimento; e, no último caso, onde o mundo sufoca o crescimento espiritual.

Vida, crescimento e frutos 

No evangelho de Marcos, junto com a parábola do semeador, há uma seção adicional que nos conta como a boa semente cresce e produz frutos, embora não seja percebida pelos observadores. “O Reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra, e dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica; primeiro, a erva, depois, a espiga, e, por último, o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa” (Mc 4:26-29). No crescimento e desenvolvimento da planta do trigo, existem três estágios: a erva, a espiga e o grão cheio na espiga . Todos os três são necessários para a planta reproduzir frutos. As três fases correspondem à vida, crescimento e fruto. Todos os três são necessários para dar frutos e, portanto, a necessidade de estar atento contra os três obstáculos correspondentes à boa semente que produz frutos. Esses três obstáculos são o maligno, a carne e o mundo . O maligno tira a semente que dá vida, então não há vida. O segundo ataque é da carne de coração endurecido que impede o crescimento , e sem crescimento não pode durar. Terceiro, o mundo sufoca os frutos, as coisas da vida presente sufocam a Palavra e nenhum fruto é produzido. O Senhor deseja muito fruto, assim como todo bom agricultor trabalhará arduamente para produzir uma colheita abundante.

D. C. Buchanan

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