Origem: Revista O Cristão – Ofertas de Cheiro Suave
Dois Aspectos da Oferta de Manjares
Na oferta de manjares de Levítico 2, a Humanidade perfeita é oferecida a Deus na Pessoa de nosso bendito Senhor. Não há fermento aqui. Outro aspecto da oferta de manjares (aquela dos pães do Pentecostes, em Levítico 23) nos mostra o homem redimido apresentado a Deus no poder do Espírito Santo, com o fermento sendo cozido nos pães. Vamos considerar brevemente os dois aspectos desta oferta.
Em Levítico 2, nosso Senhor é visto como o Homem perfeito, pois o Verbo Se fez carne. Quando Ele andou sobre a Terra, toda a Sua vida estava cheia de fragrância para Deus. Todo o incenso era queimado com o memorial no versículo 2 e subia em cheiro suave. A oferta era santíssima entre os sacrifícios oferecidos por fogo a Jeová.
Nos versículos 4-10, é bom observar que cada porção do bolo era untada com azeite, pois cada ação de nosso Senhor, cada palavra, trazia o caráter do azeite – o bendito Homem, dependente, que sempre andou no poder do Espírito. Quanto mais lemos sobre Sua vida, mais vemos a beleza divina dela. O memorial era queimado no altar, e o que sobrava da oferta era comido pelo sacerdote. Nós, também, precisamos, neste caráter, nos alimentar da oferta de manjares.
As primícias
Os últimos versículos de Levítico 2 são muito abençoados e nos mostram outra maneira pela qual a oferta de manjares era apresentada a Deus. As espigas de milho (grão) são esmagadas, e o memorial queimado. Observe que em toda oferta de manjares é preciso passar pelo fogo, e o cumprimento disso encontramos nos Evangelhos, onde a oferta perfeita foi feita. Especialmente no Evangelho de Lucas, encontramos a perfeita Humanidade de nosso bendito Senhor exposta ao fogo.
Mas vamos agora olhar brevemente para o segundo aspecto da oferta de manjares, em Levítico 23:16-21. No versículo 15, sete semanas eram contadas a partir do dia em que o molho das primícias era apresentado, e esse molho sem dúvida representa a ressurreição de nosso Senhor. Não poderia haver mudança moral alguma em Sua Pessoa, pois Ele é Jesus Cristo, O mesmo ontem, hoje e eternamente. Mas que mudança de condição, naquela manhã da ressurreição, quando Jesus, não mais o Homem de dores, mas triunfante sobre a sepultura, deu vida em abundância aos discípulos! O Último Adão é espírito vivificante, e assim encontramos, no molho das primícias, a figura do Cristo ressurreto.
A festa do Pentecostes
Então, sete semanas depois, veio o dia de Pentecostes, o dia em que o Espírito Santo foi enviado para formar a Igreja de Deus na Terra. A assembleia é aqui representada pelos dois pães cozidos levedados; há um testemunho adequado da graça de Deus, pelo qual a companhia redimida é apresentada a Ele com base na redenção perfeita em Cristo.
Nada parecido havia sido conhecido antes disso, e alguém disse muito bem que, antes que o Espírito Santo pudesse vir habitar nos homens, a habitação devia ser preparada. Sua própria presença na assembleia testifica da obra perfeita na cruz d’Aquele que ressuscitou sete semanas antes do dia de Pentecostes. Bem-aventurados aqueles que entendem a verdadeira conexão entre o Senhor ressuscitado e a companhia favorecida unida a Ele pelo Espírito Santo! É muito importante saber que o Espírito está agora presente na Terra, enviado pela Cabeça glorificada da Igreja.
Pães cozidos levedados
Mas notamos que havia fermento nesses dois pães, ainda que estivesse cozido neles. Esta é uma oferta muito diferente daquela que consideramos como a figura da Humanidade perfeita de nosso Senhor. Nesta, representando a Igreja, encontra-se o fermento, pois existe mal em nós. A passagem em Gálatas 5:17, onde se diz que a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito contra a carne, nos ajudaria aqui. O significado é que não devemos fazer aquilo que naturalmente, segundo a carne, podemos desejar. Embora a carne esteja ali, o Espírito é superior a ela, e vemos isso nos pães apresentados no Pentecostes com o fermento cozido neles. O homem redimido é apresentado a Deus no poder do Espírito.
Observe, também, que, na passagem diante de nós (Lv 23:18-19), holocaustos e uma oferta pelo pecado acompanhavam a apresentação dos dois pães; isto é, nada pode neutralizar o pecado, a não ser a obra de Cristo. Isso é trazido à memória pelo bode oferecido como oferta pelo pecado (v. 19), pois Cristo como nossa oferta pelo pecado deve estar sempre diante de nós. Assim, vemos nessas duas passagens, de um lado (Lv 2), a beleza de Cristo como a perfeita oferta de manjares; do outro (Lv 23), uma nova oferta de manjares – o homem apresentado a Deus em redenção, no poder do Espírito, porém com fermento, mostrando que a carne ainda está em nós. Mas essa nova oferta de manjares era apresentada com um holocausto, uma oferta pelo pecado e uma oferta pacífica, mostrando-nos que, quanto ao pecado, tudo foi atendido em Cristo.