Origem: Revista O Cristão – Árvores e Videiras
A Parábola das Árvores
Ao recitar a parábola das árvores em Juízes 9, Jotão fez brilhar um raio de luz no meio da escuridão. Deus não Se deixa sem testemunho; podemos reiterar isso com confiança, à medida que passamos por momentos difíceis. E se houver, como aqui, apenas uma única testemunha deixada para Deus neste mundo, que sejamos aquele – aquele desprezado Jotão, o último de todos, mas que permaneceu firme para Deus. Preservado pela bondade providencial de Jeová, “foi este, e pôs-se no cume do monte de Gerizim” (Jz 9:7). Moisés, no passado, havia decretado que seis tribos deveriam permanecer no Monte Ebal para amaldiçoar e seis em Gerizim para abençoar. Josué lembrou-se disso quando o povo entrou em Canaã, mas desde então Israel escolheu moralmente Ebal, o lugar da maldição. Jotão escolheu Gerizim, o lugar da bênção, e ele ficou lá sozinho. Como testemunha de Deus, diante de todo o povo, ele levantou a voz e falou uma parábola aos ouvidos deles, proclamando a bênção da fé e também as consequências da infidelidade do povo. Jotão, em sua própria pessoa, é o representante das bênçãos do verdadeiro Israel de Deus; quanto a si mesmo, ele era fraco e perseguido, mas capaz de desfrutar do favor de Deus e testemunhar por Ele, dando frutos à Sua glória.
Grandeza e poder
Em seu recital, três árvores se recusam a ser promovidas sobre as outras. Elas descrevem, de acordo com a Palavra, as diferentes características de Israel sob a bênção de Jeová. A oliveira disse: “Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria a labutar sobre as árvores?” (v. 9). O óleo (da azeitona) corresponde à unção e ao poder do Espírito Santo, pelo qual Deus e os homens são honrados. O Israel de Deus só pode realizar esse poder quando eles são completamente separados dos princípios da nação. Estes últimos estabeleceram reis sobre si mesmos, buscando a grandeza (1 Sm 8:5), enquanto Jeová devia ser fielmente invocado como o Único Governante do povo.
Doçura e alegria
A figueira disse: “Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto e iria labutar sobre as árvores?” (v. 11). Israel só poderia dar fruto de doçura quando se separasse das nações. A videira disse: “Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, e iria labutar sobre as árvores?” (vs. 13). Vinho novo é o gozo encontrado na comunhão mútua dos homens com Deus, e esse gozo – o mais alto que se poderia desejar – se perdeu para Israel quando adotaram o espírito e os caminhos das nações.
Poder – comunhão – gozo
Que lição para nós, Cristãos! O mundo é para a Igreja o que as nações eram para Israel. Se cedermos às suas solicitações, abandonaremos nosso óleo, nosso fruto, nosso vinho novo. Ou seja, entregamos nosso poder espiritual, as obras que Deus preparou para nós (Ef 2:10), nossos doces frutos e o gozo da comunhão. Somos capazes de responder a todas as ofertas do mundo? Devemos deixar aquilo que é nossa felicidade e nossa força para turbulências infrutíferas ou para satisfazer as concupiscências e ambições do coração dos homens? Jotão, como seu pai Gideão (Jz 8:23), aprecia esses tesouros do Israel de Deus e se coloca separado em Gerizim, mantendo sua posição de bênção. Na presença de todo esse povo apóstata, ele é o verdadeiro e último broto da fé, a única testemunha de Deus. Que honra para o jovem e fraco filho de Jerubaal! Desprezado por todos, sua porção foi a única invejável, pois ele glorificou a Deus neste mundo triste. Que também nós, como ele, sejamos encontrados no monte das bênçãos no caminho da separação do mal! Lá provaremos tudo o que as árvores de Deus produzem. Aquele que desfruta dessas coisas exclama: “Deixaria eu” a elas?