Origem: Revista O Cristão – Pestilências e Pragas

Pestilência e Praga – Um Aviso

Pestilências e pragas são mencionadas várias vezes na Palavra de Deus, e sempre há um aviso relacionado a elas. Deus não deseja causar males aos homens, pois lemos em Lamentações 3:33: “Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens”. Contudo, inúmeras vezes na história do homem, Deus permitiu pestilências e pragas neste mundo.

As palavras “pestilência” ou “peste” ocorrem 54 vezes na Bíblia, enquanto a palavra “praga” ocorre 90 vezes (na versão Almeida corrigida). As palavras “pestilência” ou “praga” têm um significado amplo que abrange qualquer tipo de doença, mas a palavra “praga” é mais geral e pode incluir coisas como guerras, fome, doenças e animais selvagens do campo. O termo “bestas do campo” geralmente se refere a animais selvagens maiores, mas pode incluir todas as criaturas no reino animal.

Razões para pestilências e pragas 

A Escritura nos dá várias razões pelas quais Deus permite pestilências e pragas neste mundo, mas elas sempre são uma voz de Deus, pois nada pode acontecer neste mundo sem antes ser cuidadosamente medido em Seu santuário. Satanás pode ter o seu caminho nesses eventos, mas ele não pode fazer nada além do que Deus permite. Quando uma peste atingiu Israel no reinado de Davi, lemos em 1 Crônicas 21:1: “Satanás se levantou contra Israel”, mas no registro do mesmo incidente em 2 Samuel 24:1, lemos: “E a ira do SENHOR se tornou a acender contra Israel”. Quando o julgamento caiu, era o Senhor quem tinha o total controle.

Antes de tudo, Deus usa a peste para falar com aqueles que resistem diretamente à Sua vontade que é conhecida. Vemos isso no Egito, quando o faraó se recusou a deixar ir o povo de Israel. Por meio de Moisés e Arão, Deus o ameaçou, dizendo: “Porque esta vez enviarei todas as Minhas pragas sobre o teu coração […] para te ferir a ti e ao teu povo com pestilência” (Êx 9:14-15). Isso aconteceu, pois pragas de crescente gravidade tomaram conta do Egito, culminando com a morte dos primogênitos em todas as casas na noite da Páscoa.

Mais tarde, quando Israel foi levado em cativeiro, Deus levantou a nação da Babilônia sob Nabucodonosor e ameaçou que “E acontecerá que, se alguma nação e reino não servirem o mesmo Nabucodonosor visitarei com espada, e com fome, e com peste essa nação, diz o SENHOR, até que a consuma pelas suas mãos” (Jr 27:8). O mesmo julgamento também é profetizado para o futuro, quando a Rússia ousar atacar Israel depois que o Senhor os restabelecer para Si mesmo em sua terra. Eles serão recebidos pelo Senhor “por meio da peste e do sangue” (Ez 38:22), bem como outros meios de destruição, como “grandes pedras de saraiva, fogo e enxofre”.

A pandemia de coronavírus 

Certamente Deus tem uma mensagem para todos nós nas dificuldades atuais, mas é significativo que a pandemia de coronavírus tenha suas origens na China. Sob o comunismo, eles negam a existência de Deus há 70 anos e perseguem incansavelmente os Cristãos, muitas vezes condenando-os à prisão, campos de trabalho e morte. Nos últimos 25 anos, a China se gabou de seu progresso e agora é a segunda maior economia do mundo. Estariam eles talvez colhendo o que plantaram (Gl 6:7)?

O mundo em pecado 

Segundo, o Senhor usa pestilências e pragas para falar a um mundo que continua em pecado e esquece Suas reivindicações. O julgamento está à frente, mas Deus é misericordioso e nunca traz o julgamento sem aviso prévio. Isso é explicado claramente por Eliú, quando ele fala com Jó: “Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso Também na sua cama é com dores castigado, e com a incessante contenda dos seus ossos Desaparece a sua carne a olhos vistos e a sua alma se vai chegando à cova” (Jó 33:14, 19, 21-22). Mas tudo isso tem em vista a bênção: “Então, abre os ouvidos dos homens para apartar o homem do seu desígnio e esconder do homem a soberba” (Jó 33:16, 18). O próprio Senhor Jesus poderia lembrar Seus ouvintes que “os galileus cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios” não eram “mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas” (Lc 13:1-2). Antes, Ele lembrou-lhes: “se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lc 13:5). Deus em Sua soberania tem o direito de fazer um exemplo de alguns, a fim de advertir outros.

Em nossa atual pandemia, o homem de repente se depara com aquilo que ele não pode controlar e com o futuro do qual ele não pode prever com precisão. Alguns aspectos do que estamos experimentando têm uma forte semelhança com o período da tribulação em um dia futuro, embora a tribulação seja muito pior. Estamos ouvindo uma voz do Senhor, talvez como um chamado final para este mundo antes que Ele feche o dia de Sua graça.

Uma voz aos santos 

Terceiro, estamos ouvindo uma voz alta do Senhor para aqueles que são Seus. É triste dizer que a Igreja tendeu a se estabelecer neste mundo e, especialmente no Ocidente, tornou-se complacente demais. Como aqueles mencionados em 1 Tessalonicenses 5 e como as dez virgens de Mateus 25, tendemos a dormir mais do que a vigiar. O Senhor está nos chamando a lembrar de que “a noite vai adiantada, e o dia está próximo” (Rm 13:12 – TB). Devemos lembrar de que não somos deixados neste mundo simplesmente para levar uma vida boa e moralmente correta, e depois ir para o céu no final. Também devemos ser testemunhas vivas da graça que nos trouxe para Ele mesmo. A parte mais importante desse testemunho é o nosso estilo de vida, pois o que nós somos é muito mais importante do que aquilo que dizemos. Se estivermos despertados para o fato de que nosso Senhor está chegando em breve, seremos “semelhantes aos homens que esperam o seu senhor para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe” (Lc 12:36).

Uma voz à Cristandade 

Finalmente, eu sugeriria que a voz mais alta de toda essa calamidade atual é à Cristandade, e especificamente àqueles que são mencionados em Apocalipse 3:1: “Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto”. Essas pessoas estão em muitas partes do mundo, mas na Europa Ocidental, na América do Norte e, em certa medida, na América do Sul, há muitos que se chamam Cristãos, mas ainda não possuem uma realidade interior. Essas terras têm a Bíblia há centenas de anos e têm conhecido o evangelho da graça de Deus. No entanto, muitos permanecem sem vida eterna, sem Cristo e sem qualquer certeza para onde irão quando deixarem este mundo. No passado, essas pessoas confiavam no fato de que frequentavam a “igreja”, participavam de várias formas de benefício social e talvez vivessem uma vida razoavelmente correta. Mais recentemente, porém, a participação na igreja diminuiu acentuadamente, e muitas vezes os edifícios tiveram que ser vendidos por falta de participação.

Cristandade apostata 

É significativo que das 54 vezes em que pestilência ou peste é mencionada no Velho Testamento, mais de 40 delas estejam relacionadas à Israel – um povo que conhecia o Senhor e que possuía “os oráculos de Deus”. Em consequência, o Senhor poderia dizer: “De todas as famílias da Terra a vós somente conheci; portanto, todas as vossas injustiças visitarei sobre vós” (Am 3:2). Da mesma forma, bem mais da metade das vezes que a palavra “praga” ou “pragas” é usada na Palavra de Deus, está relacionada a Israel ou ao julgamento de Deus sobre a Cristandade apóstata. Isso é muito solene, pois Deus nos responsabiliza de acordo com a luz que nos foi dada, e “a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá” (Lc 12:48). À luz da nossa situação atual, vale ressaltar que alguns países europeus e certamente os Estados Unidos já relataram mais casos de coronavírus do que a China.

Avisos anteriores 

Como Ele estava com Israel, Deus tem sido Bondoso com aqueles que tiveram a luz de Sua Palavra, e Ele deu avisos no passado. Em particular, as duas guerras mundiais do século XX devastaram grande parte do chamado mundo Cristão. A Primeira Guerra Mundial, por pior que tenha sido, foi seguida pela pandemia de gripe espanhola que afetou mais de 25% da população mundial. As estimativas das mortes variam de 20 a 50 milhões, o que provavelmente é mais do que aqueles que morreram na guerra. Dois dos países que sofreram pesadas perdas nessa guerra foram a Grã-Bretanha e a Alemanha. A Grã-Bretanha, outrora defensora da Reforma, produziu um Darwin, que tirou a glória de Deus como Criador. A Alemanha, que nos deu Martin Lutero, acabou se tornando o epicentro da chamada Alta Crítica, iniciada por Julius Wellhausen. Este ensinamento destruiu a glória de Deus como Redentor. Mais uma vez, aqueles países chamados Cristãos colheram o que semearam?

Padrões e moralidade 

Nos últimos anos, no Ocidente, rápidos avanços foram feitos para longe da moralidade e dos padrões da Palavra de Deus. Nos últimos 50 anos, o aborto foi legalizado na maioria dos países ocidentais e, mais recentemente, o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A imoralidade sexual é tida como algo correto, o divórcio é galopante e a Bíblia foi amplamente proibida em uso público. Quem se atreve a falar contra tudo isso é calado. Será que é algo de se admirar que Deus esteja falando mais alto?

W. J. Prost

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