Origem: Revista O Cristão – Pestilências e Pragas

Indiferença ao Pecado e à Graça

Uma questão mais séria do que a da pobreza vem agora à vista; ou seja, do pecado em toda a sua culpa e impureza, pois “muitos leprosos havia em Israel”; todavia eles eram indiferentes a essa manifestação do pecado no meio deles. O Senhor Jesus no dia de Sua visitação ao Seu povo testemunhou a excelência e a eficácia daquela graça na qual Ele veio a eles como o Enviado de Deus. Ele veio a Nazaré e, entrando na sinagoga deles, leu a profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor é sobre Mim”, etc., e disse: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (Lc 4:18; 21). No entanto, seus corações estavam fechados contra Ele, suas consciências não foram despertadas; recusaram-se a reconhecer sua condição de culpados e contaminados e sua própria necessidade profunda. “E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro. E todos, na sinagoga, ouvindo essas coisas, se encheram de ira” (Lc 4:27-28). Eles tropeçaram na graça soberana de Deus, e assim é agora. “Porque assim como vós [gentios] também, antigamente, fostes desobedientes a Deus, mas, agora, alcançastes misericórdia pela desobediência deles [judeus], assim também estes, agora, foram desobedientes, para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada” (Rm 11:30-31). O significado desta última frase é que os judeus recusaram a misericórdia mostrada aos gentios, para que, no final, eles também pudessem entrar com base na pura misericórdia.

A graça se mostra para os indignos, onde há a confissão de pecados e a submissão à justiça de Deus, em vez do estabelecimento da justiça própria (Rm 10:3), e o reconhecimento do senhorio de Cristo. O fato de haver muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu foi um testemunho da impureza da nação aos olhos de Deus. Mas não havia nenhum exercício de coração diante de Deus. Jeová disse: “Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante de Seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos Seus mandamentos, e guardares todos os Seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque Eu sou o SENHOR, que te sara” (Êx 15:26).

Desde o momento em que o pecado encontrou uma entrada neste mundo, Deus nunca deixou de insistir com o homem, comprovando haver a bondade divina em Si mesmo, mas, na criatura, apenas ingratidão e rebelião. Os muitos leprosos imundos em Israel nos dias de Eliseu; a grande multidão, nos dias de nosso Senhor, de gente impotente, cega, paralítica, mirrada, esperando o movimento das águas do tanque de Betesda; os dez leprosos de Lucas 17; todos davam testemunho inequívoco do estado e das condições reais da nação e da insuficiência da lei cerimonial que, embora contentando o povo, não encontrava a gravidade do pecado diante de Deus. Assim, com Eliseu, como vimos, houve um testemunho semelhante ao estado baixo do povo; no entanto, a bondade soberana de Deus estava lá para qualquer pessoa que confessasse verdadeiramente sua necessidade. Os grandes em Israel não o discerniram; todavia, no entanto, podia ser conhecido em sua liberdade e eficácia pelo “estrangeiro” que esperava a bênção.

G. S. Byford (adaptado)

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