Origem: Revista O Cristão – Raabe, Acsa, Jael, Débora
Acsa – Um Exemplo de Águas Refrescantes
De tempos em tempos, diferentes assembleias são capazes de agir de acordo com a Palavra do Senhor a Moisés. “Ajunta o povo, e lhe darei água”. Estando assim reunidos, os santos são dependentes de Deus e precisam clamar: “Sobe, poço” (Nm 21:17). Esta é uma cena do deserto, e os nobres estão lá com varas em sinal de seu caráter de peregrino, e no comando do legislador eles cavam a areia do deserto. Isso seria totalmente fútil em circunstâncias comuns, mas na bondade de Deus as águas refrescantes surgem e uma canção se manifesta.
Acsa era uma mulher daquela fé que aguarda, tal fé que Deus Se deleita em reconhecer, dando abundantemente além do que pedimos ou pensamos. Ela fez com que seu marido, Otniel, pedisse um campo a seu pai. Calebe deu-lhes uma boa porção da terra do sul. Mas uma terra do sul sem água logo estaria seca, então ela pede mais. “Dá-me também fontes de águas” (Js 15:18-19). Então ele deu a ela as fontes superiores e as fontes inferiores.
As fontes superiores
Deus nos trouxe ao brilho do Sol de Seu favor, e Ele também dá fontes superiores e fontes inferiores para manter nossas almas em frescor e fertilidade no gozo desse favor, apesar de tudo o que viesse para murchar. Nós bebemos das fontes superiores quando olhamos para cima e encontramos tudo em Deus. O salmista no Salmo 87:7 diz: “Todas as minhas fontes estão em Ti”. Ele estava bebendo sem reservas das fontes superiores que são inesgotáveis. O mesmo aconteceu com o apóstolo Tiago quando escreveu: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em Quem não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1:17).
Fontes inferiores
Que Deus nos dê de beber profundamente em nossas fontes eternas, para que possamos nos gloriar “em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:11). Mas nós estamos em um mundo que é contrário a nós, onde a doença, a tristeza e sofrimentos abundam e às vezes afetam a nós mesmos e aos nossos entes queridos. Então precisamos recorrer às fontes inferiores e encontrar Deus em tudo. Paulo teve certeza disso quando escreveu em Romanos 8:28: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto”. Nosso coração deve tomar para si dessa mesma bendita certeza. Estas coisas que parecem mais dolorosas e tristes, e que podem parecer tão diferentes d’Ele, estão entre “todas as coisas” em que Ele está e que Ele está trabalhando juntamente para o nosso bem.
Ezequias aprendeu com a doença e as lágrimas amargas que “com estas coisas se vive”, e em que estava a vida de seu espírito (Is 38:16). Nós pensamos muito em nossas bênçãos temporais, mas Deus, enquanto suprindo nossas necessidades, tem especialmente em vista nosso bem-estar espiritual. Ele nos faria encontrar, em circunstâncias tristes e dolorosas, aquelas fontes inferiores pelas quais nosso bem-estar espiritual é mantido e aumentado. Isso é abençoadamente evidenciado no Salmo 84:5-7, pois o homem cujo coração está nos caminhos de Deus, enquanto passa pelo vale de Baca, ou chorando, faz dele um poço. Sendo assim revigorado, ele vai de força em força, fazendo das provações e tristezas, por assim dizer, trampolins para uma maior proximidade com Deus.
Cavando poços
Recebemos palavras de advertência e encorajamento em Gênesis 26:15-20. Isaque descobriu que os poços que seu pai havia cavado, os filisteus tinham tapado com a terra. O mundo procurará ocupar o crente com as coisas terrenas, de modo a sufocar os poços de refrigério e instrução nas verdades de Deus, que os santos, de gerações anteriores, cavaram para nós, conforme registrado em seus escritos. Escave-os novamente, para que possamos tirar o bem daquilo que o Espírito lhes revelou. Mas não pare para escavar outra vez os poços antigos; Isaque escavou novos. O inimigo tentou se opor e impedi-lo, como sempre faz, mas a energia espiritual triunfou, e o poço Reobote deu a ele paz e abundância.
Devo agora exortar meus jovens irmãos e irmãs não apenas a ler os escritos valiosos dos homens ensinados por Deus, mas a estudar diligentemente a Palavra com a orientação do Espírito. A água destes novos poços abertos por você, na dependência e comunhão com Deus, será ainda mais doce e fresca do que as dos poços que outros cavaram para você.
Fontes de água
“Manancial fechado, fonte selada” (Ct 4:12) Tal é a esposa do noivo. Até agora estivemos considerando o que Deus é para nós e quais fontes de água viva Ele nos provê, mas este versículo nos dá o que nós, como esposa, somos para Cristo. O pensamento em “fechar e selar” é semelhante ao do “jardim fechado” – algo reservado para o Seu deleite especial, algo para ser compartilhado e usado quando e como Ele Se agrada. Em João 4:14, nosso Senhor Jesus fala da fonte de água que jorra para a vida eterna. Aqui a fonte que Ele colocou dentro do crente é aberta, ou deslacrada, e no poder do Espírito Santo brota até Deus sua fonte, em adoração no Espírito e na verdade que Ele procura e que dá refrigério ao Seu coração.
Que privilégio que o transbordamento de corações como o nosso, preenchidos por Ele mesmo, possa se elevar naquilo que dá gozo a Ele, até mesmo nossos louvores, adoração e ação de graças! Em João 7:37-38 o Senhor Jesus promete dar ao que tem sede e que vem a Ele, água viva em abundância. Quando Ele abre as comportas, “rios de água viva” fluem para os sedentos ao redor do poder do Espírito Santo que Ele lhes daria quando Ele tivesse sido glorificado. Assim, no jorrar e fluir para fora, o Senhor é confortado e glorificado.
Rios correntes
Em conexão com os rios que fluem de um centro, veja como em Gênesis 2:10 nos é dito que o rio do Éden fluía, dividindo-se em quatro braços, levando bênçãos e refrigério a todos. Este é o oposto dos rios da Terra, onde vários pequenos se unem para formar um grande rio. Já com as fontes ou os rios de Deus, a plenitude é tão infinita que pode se separar e, ao mesmo tempo, fluir com plenitude e poder inalterados. Que aprendamos cada vez mais a nos regozijar em tudo o que Deus é em nós e para nós. Assim, encontramos em ambas as fontes superior e inferior, a porção satisfatória e que sustentará nossas almas. Como resultado, Cristo pode receber as águas que fluem de adoração e ser glorificado pelos rios que estão fluindo em serviço para Ele por Sua ordem.