Origem: Revista O Cristão – Oração
Um Chamado à Oração
“Vigiai e orai; pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e lhe será aberto”. Viver na experiência de estar constantemente “vigiando em oração” é uma das maiores realizações da vida Cristã, e essa é a necessidade real do dia em que vivemos – no constante espírito e hábito da oração (Mt 7:7). Existem muitas outras necessidades, mas a necessidade de oração transcende a todas elas. É a falta de oração que está na raiz de todos os nossos problemas, e não há remédio senão na oração.
O espírito de mundanismo nunca será quebrado por fortes e ardentes palavras de censura. A impotência da Igreja não pode ser curada por reprovação. A miséria espiritual e a negligência moral estão na ordem do dia, mas nunca serão melhores, até que a oração seja restaurada ao seu verdadeiro lugar no hábito dos crentes, individualmente e na Igreja coletivamente.
Por que não oramos?
Por que não nos colocamos em oração? O remédio é seguro e simples; a necessidade é urgente e reconhecida. Por que demoramos tanto para entender isso? “Buscai e encontrareis”. O remédio não é tão simples quanto parece. A ordem de pedir parece bastante simples, e a promessa é para aqueles que pedem. “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4:2). “Pedi e dar-se-vos-á”. O que poderia ser mais simples que isso? E, no entanto, as Escrituras falam disso como trabalho e fadiga. A oração tributa todos os recursos da mente e do coração.
Exemplos de oração
Jesus Cristo realizou muitas obras poderosas sem nenhum sinal de esforço. Em Suas obras maravilhosas havia a facilidade da onipotência. Não havia tensão ao curar os doentes, ressuscitar os mortos e acalmar tempestades, mas lemos que Ele estava a noite toda em oração (Lc 6:12). Todos os que compartilharam de Sua intercessão acharam isso um pesar de angústia. Os grandes santos sempre foram poderosos em oração, e seus triunfos sempre foram o resultado da dor. Eles lutaram em agonia com corações partidos e olhos chorosos, até terem certeza de que haviam prevalecido (Cl 1:9; 2:1).
Suas experiências foram aparentemente estranhas, mas maravilhosas. Eles passaram noites em oração, deitados no chão chorando e suplicando, e saíram do conflito fisicamente gasto, mas espiritualmente vitorioso. Eles lutaram com principados e poderes, disputaram com os governantes mundiais do reino de Satanás e lutaram com inimigos espirituais na esfera celestial.
Oração impotente
Atualmente, na vida aberta da Igreja e na comunhão dos crentes, há aparentemente pouco poder na oração. Há uma acentuada ausência de trabalho. Há muitas frases, mas poucas súplicas. A oração tornou-se um solilóquio [quando a pessoa fala consigo mesma] em vez de uma paixão. A impotência da Igreja não precisa de outra explicação; ficar sem oração significa ficar tanto sem paixão quanto sem poder.
“Vigiai e Orai”. O Novo Testamento relaciona vigiar com a oração. Por duas vezes, nosso Senhor ordenou que Seus discípulos vigiassem e orassem. Eles deveriam vigiar em todas as estações, suplicando. A instrução não é orar e vigiar, mas “vigiai e orai” (Mt 26:41). Paulo exorta os colossenses: “perseverai em oração, velando [vigiando] nela com ação de graças”, e na guerra contra os poderes do mal ele instrui os efésios a estarem alertas “com toda oração e súplica no Espírito, e vigiando nisso com toda perseverança e súplica” (Ef 6:18). É o vigia que ora que prevalece. A ordem de vigiar está ligada à ordem de orar, e a oração é regulada pelo exercício de vigiar. Pedro dormiu enquanto Jesus orava, porque ele deixou de vigiar.
Prevalecer na oração
A oração é o único meio pelo qual podemos prevalecer no mundo espiritual. A Palavra de Deus revela seus mistérios; a oração se apodera de Deus e prevalece. A oração busca a sabedoria divina e aguarda a instrução divina. Transforma pensamentos em petições, fatos em argumentos, razões em súplica, fé em visão e oração em louvor.
Essa vida de oração é absolutamente simples, mas não é nada fácil. O diabo vê isso, pois ele se põe de sentinela à porta de entrada da oração. Satanás não teme nada além da oração, e assim ele fica na porta da oração como um “anjo de luz”. Ele não ataca, mas ele desvia. Quem não tem oração geralmente está cheio de boas obras. As obras são multiplicadas, para que a devoção e a meditação sejam derrubadas, e as atividades são aumentadas para que a oração não tenha chance. As almas podem se perder em boas obras, tão seguramente quanto em maus caminhos. A única preocupação do diabo é impedir que os santos orem. Ele não tem medo de estudos sem oração, trabalho sem oração, religião sem oração. Ele ri do nosso trabalho, zomba da nossa sabedoria, mas treme quando oramos.
Vigiai e orai
Quem pode contar a bênção de “vigiar em oração”? Mas quantas vezes preocupações terrenais, interesses materiais, empreendimentos comerciais, assuntos domésticos e tudo o mais rouba o direito ao caminho da presença divina! Portanto, somos fracos, quando podemos ser fortes. Que serenidade e confiança chegariam aos preocupados e distraídos se “vigiassem em oração”! Nada economiza tempo como o tempo gasto com Deus. O pensamento espiritual de uma hora, a comunicação sincera e a espera paciente poupariam tempo e dinheiro, além de manter o coração renovado e os temperamentos agradáveis.
“Estando Ele a orar”. A oração ilumina e transforma. Deus ensina homens que oram. Ele abre seus olhos, e eles veem as coisas em Sua luz; Ele toca o coração, e então eles sentem como Ele sente. “Vigiar em oração” dá sabedoria. Quanto mais soubermos verdadeiramente esperar em Deus, mais verdadeiramente conheceremos o gozo e a doçura do descanso permanente. “Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças” (Is 40:31). Esses são os fatores que prevalecem com Deus. A oração definha quando a vigília falha. O fogo se apaga por falta de combustível. Não é informação que se deseja, mas visão (Jr 29:13).
Sinceridade e submissão em oração
Se a oração é a necessidade suprema da Igreja, por que as pessoas não começam a orar? Os frívolos não podem orar. É um exercício que exige honestidade intelectual, sinceridade moral e determinação espiritual. O orgulhoso não pode orar. É um exercício que requer humildade mental, simplicidade de coração e espírito ensinável (Is 59:1). O mundano não pode orar. A oração submete todas as coisas aos padrões do céu, busca o julgamento de Deus e vive no invisível. A oração que deixa de obedecer é blasfêmia.
“E esta é a confiança que temos n’Ele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que Lhe fizemos” (1 Jo 5:14-15).
Young Christian, vol. 23 (adaptado)