Origem: Revista O Cristão – Oração

Oração e Jejum – O Segredo do Poder

Antes que o Senhor fosse à cruz para sofrer, está registrado em Mateus 17 que Ele subiu ao monte para ser transfigurado. Pedro, Tiago e João tiveram o privilégio de contemplar aquela cena de brilho e glória insuperáveis. Momento abençoado e visão abençoada!

Quando eles desceram do monte, que cena diferente os esperava! Um pai trouxe seu filho possuído por um demônio para os discípulos, mas eles eram totalmente impotentes para enfrentar o poder do diabo. O pai, com o coração partido, veio finalmente ao Senhor, “E repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele; e, desde aquela hora, o menino sarou” (Mt 17:18).

Os discípulos evidentemente se admiraram de sua própria impotência e perguntaram ao Senhor com espanto: “Por que não pudemos nós expulsá-lo? E Jesus lhes disse: Por causa da vossa pequena fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível. Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum” (Mt 17:19-21).

Desfrute é uma coisa, mas poder é outra. Foi verdadeiramente observado que “o gozo é para o céu, mas o poder é para a Terra”. Não há oposição no céu: Tudo lá é favorável à nova vida que possuímos no Espírito. À medida que o Espírito leva nossa alma ao desfrute de nossa porção celestial em Cristo, nossa alma às vezes estará fora de nós mesmos e das coisas que são vistas. Mas, quando saímos para o mundo, nos encontramos com um elemento contrário. Descobrimos que toda a gama do poder de Satanás está contra nós para impedir nossa posição em favor de Cristo. No momento em que nos posicionamos em favor de Cristo aqui, devemos esperar oposição. E nada, a não ser o poder divino, pode habilitar-nos a enfrentar o adversário.

Nosso estado moral 

É muito importante ver que, se queremos nos levantar por Cristo contra toda a variedade de iniquidades espirituais e, portanto, sermos vencedores, devemos estar no estado moral indicado por “oração e jejum”. Palavras de alto som não funcionarão se o estado moral estiver faltando. As pessoas esperam que, de alguma forma, estejamos no poder do que professamos. Se não estivermos, Satanás obterá a vantagem sobre nós, e as próprias palavras que falamos, em vez de vir com poder e frescor para aqueles que ouvem, só serão repelidas com total desprezo por nós.

A oração é a expressão de toda a dependência de Deus. O jejum indica a recusa absoluta de nós mesmos e todas as gratificações humanas. Praticamente o primeiro homem é completamente posto de lado, e caminhamos em simples dependência de Deus somente. Isso significará a morte para mim como homem aqui em todos os aspectos. A fé conecta nossa alma com outra cena completamente diferente, onde o primeiro homem não tem lugar. A fé fecha os olhos para tudo o que é visível, e então, como Moisés, resistiremos “como vendo Aquele que é invisível”. Ao mesmo tempo, abrirá uma cena invisível aos olhos naturais: “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Co 4:18).

Josafá 

Temos um belo exemplo de oração e jejum em 2 Crônicas 20 com Josafá. No capítulo 18, descobrimos que ele havia se juntado a uma aliança com o rei de Israel, que havia entrado em guerra com a Síria. Deus misericordiosamente Se interpôs e salvou a vida de Seu servo falho. Depois, Deus enviou um de Seus servos para repreender Josafá; o efeito foi que ele se julgou e foi humilhado diante do Senhor, como o próximo capítulo mostra claramente. Uma grande companhia surgiu contra ele, se possível para destruir a ele e a todo o Judá. Em vez de recorrer aos meios humanos para efetuar uma fuga, “Então Josafá temeu e pôs-se a buscar o SENHOR; e apregoou jejum em todo o Judá. E Judá se ajuntou, para pedir socorro ao SENHOR; Também de todas as cidades de Judá vieram para buscarem o SENHOR” (2 Cr 20:3-4). Sua oração é muito tocante e indica um espírito quebrantado e dependente. Ele reconhece o poder de Deus como supremo acima de todos, que ninguém foi capaz de resistir a Ele e acrescenta: “Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que faremos; porque os nossos olhos estão postos em Ti” (v. 12). Ele não apenas reconhece sua própria impotência, mas também sua falta de sabedoria para comandar. Ele está completamente calado diante de Deus. Feliz condição! Ele está sem saber o que fazer. Era o seu extremo em todos os sentidos da palavra, mas era a oportunidade de Deus para Se mostrar em seu favor. Antes de tudo, Deus livra Seu povo de todo o medo, assegurando-o por meio dos lábios de Seu servo, o profeta: “Nessa peleja, não tereis de pelejar; parai, estai em pé e vede a salvação do SENHOR para convosco, ó Judá e Jerusalém; não temais, nem vos assusteis; amanhã, saí-lhes ao encontro, porque o SENHOR será convosco” (2 Cr 20:17).

Confiança 

A mais completa confiança no Deus vivo foi produzida como resultado desta mensagem. Paz perfeita e descanso sólido do coração foram o resultado da confiança em Deus; em tranquilidade e confiança, encontraram forças. Como o resultado da vitória foi assegurada, eles estavam no espírito dos vencedores e podiam cantar em triunfo antes que a vitória fosse obtida. O homem desaparece, e somente Deus encheu a visão da alma deles.

Foi esse também o caso de Paulo e Silas na prisão filipina, onde estavam sofrendo pela causa de Cristo, com as costas sangrando e os pés presos ao tronco. No meio de todos os seus sofrimentos, eles oraram e cantaram louvores a Deus. Não houve murmúrios ou reclamações! A própria prisão está iluminada com glória. Eles não pensaram em si mesmos, mas voltaram-se para Deus em oração, e Ele encheu a alma deles de gozo e seus lábios com louvores.

Vitória 

Que vitória poderosa foi obtida depois! Os alicerces da prisão foram abalados, as portas se abriram e as correntes dos prisioneiros foram soltas; o carcereiro e toda a sua família foram libertados do poder do diabo e trazidos para a liberdade e gozo do evangelho. Assim, a assembleia foi formada em Filipos, e um brilhante testemunho de Cristo foi iniciado como resultado da fidelidade de Paulo e do intransigente testemunho para com seu Mestre. Onde Paulo teve o maior sofrimento, ali teve o maior gozo. Depois disso, a assembleia de Filipos foi um grande consolo para seu coração.

Deus por nós, em nós e por meio de nós 

Se pudéssemos ficar quietos e deixar Deus agir por nós, que maravilhas Ele operaria em nós e por meio de nós! Muitas vezes esquecemos que Deus tem tanto a fazer em nós quanto por meio de nós. Ele está trabalhando em nós para Seu bom prazer, para que Ele possa manifestar Cristo por intermédio de nós. Se não estamos preparados para aceitar sofrimentos, tristezas e vergonhas, como Cristo pode ser visto em nós? Todo santo que anda com Deus deve aprender. É muito humilhante, sem dúvida, para nós, porque faz de nós um nada, e poucos se contentam em ser nada. Mas se o espírito manso e humilde de Cristo deve ser visto em nós, deve ser assim. Nada pode agradar a Deus mais do que ver um indivíduo ou uma companhia manifestando as graças de Cristo aqui.

Que possamos aprender cada vez mais o que é tomar o lugar da fraqueza e da dependência e andar em toda a recusa de nós mesmos, para sermos superiores a todos os elementos contrários neste mundo. Deus é por nós.

“Porque, quanto ao SENHOR, Seus olhos passam por toda a Terra, para mostrar-Se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele” (2 Cr 16:9).

P. W., Christian Friend, 1897 (adaptado)

Compartilhar
Rolar para cima