Origem: Revista O Cristão – Vales
O Vale de Josafá
A palavra Josafá em hebraico significa “Deus julgou”, e a expressão vale de Josafá ocorre duas vezes na Palavra de Deus em conexão com o juízo. Nós lemos sobre isso apenas no Livro de Joel, como se segue:
“Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do Meu povo e da Minha herança, Israel, a quem eles espalharam entre as nações, repartindo a Minha terra” (Jl 3: 2).
“Movam-se as nações, e subam ao vale de Josafá; porque ali Me assentarei, para julgar todas as nações em redor” (Jl 3:12).
É, evidentemente, uma profecia que ainda está para ser cumprida, e ocorrerá quando o Senhor voltar em juízo; tomar Seu lugar de direito; julgar as nações e estabelecer Israel novamente em sua terra, em paz e descanso. O nome Josafá é aplicado a um vale no qual o Senhor trará todas as nações para julgamento, e também é chamado de “vale da Decisão” em Joel 3:14. A palavra “decisão” é um dos significados da palavra hebraica usada, que também pode significar “o que é determinado” ou “um instrumento de debulhar com dentes afiados”. O pensamento do julgamento está definitivamente conectado ao significado.
O vale de Cedrom
O vale mencionado é quase certo o vale de Cedrom, que vai de norte a sul entre Jerusalém e o Monte das Oliveiras, e sempre foi associado a julgamento e rejeição. Foi sobre o ribeiro de Cedrom que Davi passou quando fugia de Absalão, e foi neste vale que Simei, quando amaldiçoou Davi naquela ocasião, foi proibido pelo rei Salomão de atravessá-lo, sob pena de morte. Foi no ribeiro de Cedrom que o rei Asa jogou os restos mortais do ídolo de sua avó Maaca, depois que ele o destruiu e, muitos anos depois, o rei Josias descartou toda a sujeira e idolatria relacionadas ao templo do Senhor, da mesma maneira. Finalmente, nosso bendito Senhor passou por este vale indo ao Jardim do Getsêmani, antes de ir para a cruz. É quase certo que esse Vale de Josafá seja o mesmo vale no qual o julgamento será realizado num dia vindouro.
Um lugar de julgamento
Será o tempo em que o Senhor disse: “removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém” e proferirá um julgamento justo sobre todas as nações, “por causa […] da Minha herança, Israel, a quem eles espalharam entre as nações, repartindo a Minha terra” (Jl 3:1-2). É apropriado que o julgamento ocorra aqui, na terra de Israel, onde o Senhor já terá aparecido em favor de Seu amado povo terrenal. Na verdade, é certo que eles foram espalhados entre as nações sob o governo de Deus, devido à rejeição das reivindicações de Deus e à crucificação de seu Messias; mas agora, depois de colocá-los na terrível tribulação, o Senhor mostrará favor para com eles e punirá aqueles que se deleitaram em espalhá-los. Vários julgamentos ocorrerão aqui, mas talvez nem todos ao mesmo tempo. Em Joel 3:12 o Senhor nos diz: “Me assentarei, para julgar todas as nações em redor”, trazendo diante de nós o julgamento em sessão seccional mencionado em Mateus 25:31-46 – o julgamento das ovelhas e dos bodes. Em Joel 3:16, porém, lemos sobre um julgamento de guerra, quando “o SENHOR bramará de Sião e dará a Sua voz de Jerusalém, e os céus e a Terra tremerão; mas o SENHOR será o refúgio do Seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel”. Esse julgamento é chamado de julgamento da vindima, e ocorrerá quando o último inimigo, Gogue (Rússia), vier contra Israel e quando a Rússia e todos os seus aliados forem destruídos pelo Senhor.
Como no caso do vale de Acor, o julgamento será muito terrível, não apenas em seu caráter, mas neste caso, também nos números envolvidos. De fato, ao falar sobre isso no livro do Apocalipse, o Espírito de Deus diz que haverá “sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios” (Ap 14:20). A distância de 1.600 estádios é de 322 km, o comprimento norte-sul aproximado da terra de Israel, e isso nos dá uma ideia da carnificina que ocorrerá.
Descanso e paz
Novamente, o juízo será severo, pois a arrogância e a rebelião do homem atingirão o auge, onde ele até se atreverá a lutar contra Deus. Mas então o caminho estará aberto para que o Milênio seja um tempo de descanso e paz, onde a justiça reinará. Naquele dia, depois que os julgamentos terminarem, a bênção fluirá. “porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, gozo. E folgarei em Jerusalém e exultarei no Meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor” (Is 65:18-19). O julgamento poderá ser duro, mas será executado rapidamente, pois “executará a sua palavra sobre a terra, completando-a e abreviando-a” (Rm 9:28). Então a bênção fluirá por 1.000 anos, mas, ainda mais importante, nosso Senhor Jesus Cristo terá Seu lugar de direito e será honrado onde Ele foi expulso.