Origem: Revista O Cristão – Montes
Fé que Pode Mover Montes
A fé genuína tem uma qualidade ativa e passiva, que pode ser vista na vida de quem a possui. No sentido ativo, é a expressão física da lealdade que temos para com uma pessoa ou a fidelidade a uma obrigação ou confiança e o exercício de seu dever em relação a ela. No aspecto passivo, é a confiança que repousa na certeza da palavra ou nas garantias de outrem. Para os crentes, é encontrar e ter tudo em Cristo.
Ao estudar a Bíblia, somos ensinados o que é fé genuína nos exemplos dados por aqueles que entregaram suas vidas a Deus, confiando em Sua fidelidade e cuidado para com eles. É encontrada naqueles que o admiram, reconhecendo-O como o Criador e Sustentador de todas as coisas e o Juiz de todo o universo. Isso não é sugerir que as pessoas envolvidas eram perfeitas e sem qualquer dúvida, mas que, mesmo em erro ou sob provação, elas esperavam no Senhor libertação de tudo isso. Esses exemplos estão em todos os livros da Bíblia, tanto do Velho como do Novo Testamentos. Todos os que são declarados justos têm a mesma coisa em comum: crer na Palavra de Deus e confiar unicamente em Sua graça para com eles (Hb 11:3-38). Simplificando, fé é aquilo que reconhece Deus como Verdadeiro e Fiel à Sua Palavra.
Como Noé, Abraão, Sara, Jó, Moisés, Raabe, Davi, como os profetas; como Pedro, Tomé e Paulo; quanto a nós – o coração dado a Deus em total confiança em Sua fidelidade será caracterizado por obediência amorosa para fazer Sua vontade (sabendo fielmente que, mesmo que falhemos de tempos em tempos, Deus é gracioso e justo; Sua correção é verdadeira, e devemos confiar n’Ele quanto a todas as coisas, e para corrigir todas as coisas, de acordo com Seu próprio propósito – 2 Tm 2:11-13). Certamente, o cumprimento da fé está na Pessoa e obra de Cristo.
O produto da fé
Enquanto alguns podem pensar em Hebreus 11:1 como a definição de fé, é na verdade o produto do que é a verdadeira fé. A simples definição bíblica de fé, no entanto, é encontrada em João 3:33: “Aquele que aceitou o Seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro”. O que se entende por “confirmou” [ou selou na KJV], no contexto, é o que é conhecido como sinete: É o selo de propriedade impresso como uma marca da genuinidade do conteúdo ou da privacidade do acesso (quanto à sua posse) onde ele estiver estampado. Isso não significa que quem crê endossa o que está sendo afirmado como verdadeiro, mas atribui essa verdade como vinda somente de Deus. Ele a reconhece como sendo Sua.
Testemunho de Deus
“Receber” o testemunho do Filho, então, é crer no Filho, sustentando que tudo o que Deus havia predito é cumprido n’Ele (Mt 5:17). Isso é demonstrado pela obediência do crente à Sua Pessoa e autoridade como Salvador e Senhor. Embora isso inclua a obediência aos Seus mandamentos, é a obediência produzida e manifestada pelo amor naqueles que reconhecem que já são aceitos e completos n’Ele (Rm 1:17; 3:21-26). Alguns podem dizer que acreditam que Cristo é o Filho de Deus, e até mesmo que Ele é o Messias, mas não faz sentido, a menos que o recebam como tal e se submetam a Ele na plenitude de Sua Pessoa e autoridade (veja também Mateus 7:13-27). Esta é a obediência e submissão que somente é criada pelo reconhecimento de Deus como sendo verdadeiro.
No Velho Testamento, receber o testemunho de Deus significava não apenas “invocar” o nome de Jeová, mas aqueles que se chamavam a si mesmos “pelo nome de Jeová” (Gn 4:26 – JND nota de rodapé). Abraão foi um exemplo de seu significado na prática: Ele tomou a Palavra de Deus e agiu como um fato consumado em sua vida. Ele não era apenas considerado justo por causa disso, mas era chamado de “amigo de Deus”. Ele era um homem de Jeová, “adotado” como tal pelo próprio Jeová, e conhecido por seus contemporâneos como pertencendo a Ele – um seguidor de Deus.
“Invocar” o Senhor
Continuando de volta ao Novo Testamento, então, não é como os sete filhos de Ceva procuravam fazer (At 19:13-16) – “invocar” o nome do Senhor, mas é também possuir o direito de ser chamado pelo Seu nome. É uma relação de amor pessoal com Ele. O que significa “invocar” o nome do Senhor é nos apossar de tudo o que Cristo é, e, por sua vez, ser verdadeira a confissão de que somos possuídos por Ele. Um relacionamento de amor deve existir em ambos, possuindo-O em tudo o que Ele é e sendo possuído por Ele como Seu próprio. A comparação na Escritura entre o “selo” em si e o uso dele em sua aplicação é uma bênção a ser desfrutada. Este é o “selo” que recebemos como pertencente a Ele, sendo selados pelo Espírito Santo até o dia de nossa completa redenção (Rm 8:14-23; Ef 1:5-14; 4:30).
Embora possuir o selo de Deus seja mostrado de maneira muito bela em toda a Bíblia, é um particular consolo nos exemplos daqueles que não andam exatamente como deveriam. É nos momentos em que o ato de desobediência e pecado da pessoa leva à correção do Senhor, e eles se voltam para Ele em fé, que Ele perdoa.
O exemplo da vida de Davi
A vida de Davi é um exemplo perfeito disso. Ele foi escolhido por Deus, declarado uma pessoa segundo o coração de Deus, mas havia cometido pecados sob a lei que eram verdadeiramente dignos de morte imediata, nos atos de adultério e homicídio (2 Sm 11). Em fé, e não apenas neste incidente, ele se voltou para Deus para perdão e libertação (2 Sm 12; Sl 51). Esse foi seu repetido testemunho de confiança em Deus.
Por mais que uma pessoa do mundo pareça encontrar falhas em Davi, vendo nada como exemplo, exceto seu pecado, aqueles de fé ouvem o próprio testemunho de Deus sobre ele. O próprio Deus declarou Davi como justo, um homem segundo o Seu próprio coração. Não é o pecado de Davi pelo qual ele é lembrado, mas por sua fé, e por meio de quem o Redentor prometido deveria vir (Mt 12:18-23; 22:41-45; At 2:25-36).
Davi “possuía” o testemunho de Deus como verdadeiro. Ele o possuía como um fato já realizado. Para alguém de fé, a Palavra de Deus, seja em profecia ou história, em promessa ou em aprendizado, é vista como perfeita – como já tendo sido cumprida ao máximo. Está completa, sem nada que possamos adicionar ou tirar: O conselho (palavra e decreto) do Senhor permanece (Sl 33:11; Ap 22:16-21).