Origem: Revista O Cristão – Mistérios

Os Mistérios

Um “mistério” na Escritura não é algo misterioso e enigmático, mas um segredo revelado, que, antes de ser revelado, era desconhecido pelos homens (Dt 29:29). “Os mistérios de Deus” (1 Co 4:1; 13:2; 14:2) são certas linhas da verdade que Deus não fez conhecidas aos homens até a vinda do Senhor Jesus Cristo e o envio do Espírito Santo (Rm 16:25; Ef 3:5; Cl 1:26). Essencialmente, elas constituem a revelação da verdade Cristã. Os apóstolos eram os “despenseiros” desses mistérios e, portanto, eram responsáveis por fazer a Igreja conhece-los (1 Co 4:1). A revelação Cristã da verdade foi entregue pelos apóstolos “aos santos”.

Existem várias referências a esses “mistérios” no Novo Testamento. A palavra no texto grego (musterion) aparece 27 ou 28 vezes, e levou os que ensinam sobre a Bíblia a categorizá-la. A diferença de opinião sobre quantas realmente existem, decorre do fato de que algumas das referências estão falando do mesmo mistério, mas com uma redação ligeiramente diferente. A maioria diz que existem dez, e eles são:

Os mistérios do reino(Mt 13:11; Mc 4:11; Lc 8:10) 

O Senhor indicou a Seus discípulos que existem vários “mistérios” relacionados ao reino. Ele estava aludindo a um subconjunto de dez semelhanças descritas no evangelho de Mateus, que são um tipo especial de parábolas que começa com a frase: “O reino dos céus é semelhante a (Mt 13:24, 31, 33, 44, 45, 47; 18:23; 20:1; 22:1; 25:1). Essas semelhanças descrevem a forma incomum que o reino tomaria nesse momento em que o Rei está rejeitado e visivelmente ausente deste mundo. Essas parábolas servem a um duplo propósito; Elas dão um entendimento das coisas a respeito do reino para aqueles que receberam o Senhor, mas também ocultavam a verdade daqueles que não creram n’Ele (Mt 13:10-17). Esses “mistérios do reino” nos mostram a verdade que era desconhecida nos tempos do Velho Testamento, mas agora está revelada a todos os que creem.

O mistério da vontade de Deus em relação a Cristo e à Igreja(Rm 16:25; Ef 1:9-10; 3:3-4, 9; 5:25-32; 6:19; Cl 1:26-27; 2:2-3; 4:3) 

Esse mistério é chamado “grande” porque é a joia de todos os mistérios e é algo que está próximo ao coração de Deus (Ef 5:32). Ele revela a verdade de Cristo e a Igreja e apresenta o grande propósito de Deus de mostrar a glória desse relacionamento diante do mundo no dia vindouro.

A verdade revelada neste mistério estava “escondida” no coração de Deus desde a fundação do mundo (Ef 3:9). O segredo que agora foi feito conhecido é que Deus manifestará a glória de Cristo diante do mundo, por meio de um vaso de testemunho especialmente formado – a Igreja, que é Seu corpo e noiva (Ef 1:22-23; 5:25-32; Ap 21:9- 22:5). Essa manifestação será em duas esferas (céu e Terra) e ocorrerá na “dispensação da plenitude dos tempos”, que é o Milênio (Ef 1:10).

O mistério da fé(1 Tm 3:9) 

Isso se refere à revelação especial da verdade que foi revelada pela vinda do Espírito Santo. Isso envolve, as bênçãos específicas do crente em conexão com a doutrina de Paulo, e as instruções quanto à conduta do Cristão de acordo com a presente dispensação (1 Tm 1:4 – JND). Tudo isso era desconhecido nos tempos do Velho Testamento.

O mistério da piedade(1 Tm 3:16) 

Isso se refere ao segredo de uma vida piedosa. Paulo disse a Timóteo que se ele quisesse saber como “convém andar na casa de Deus” (1 Tm 3:15), tudo o que ele precisava fazer era olhar para o Senhor Jesus e Seu caminho perfeito neste mundo. Assim, o segredo de ser piedoso é familiarizar-se com o andar e maneiras de Cristo, e imitá-los.

O mistério da glorificação dos santos(1 Co 15:51-57; 1 Ts 4:15-18) 

Isso se refere à revelação da verdade sobre a “vida e incorruptibilidade” sendo trazida à luz por meio do evangelho (2 Tm 1:10 – JND). A ressurreição em si mesma não era um segredo. Os santos do Velho Testamento sabiam que Deus ressuscitaria os mortos. É a maneira em que eles seriam ressuscitados e a condição na qual eles seriam transformados que eles não conheciam, nem quando isso ocorreria.

Essas coisas foram trazidas à luz por meio do evangelho e são um segredo revelado no Novo Testamento.

O mistério das estrelas e dos castiçais(Ap 1:12, 20) 

Isso se refere à responsabilidade que os anciãos/supervisores têm (nas assembleias locais em que residem) para ordenar a assembleia de acordo com a mente do Senhor na doutrina e na prática. Ao interpretar o que João havia visto na primeira visão do livro (Ap 1:12-16), o Senhor explicou que os “sete castiçais de ouro” são as assembleias locais colocadas na Terra como testemunho público para Ele. Ele também disse que as sete “estrelas” são os “anjos” dessas assembleias. Como “estrelas”, os anciãos nessas assembleias deviam fornecer luz, sabedoria e orientação para as várias situações que as assembleias enfrentariam.

O mistério da oliveira(Rm 11:25) 

Esse “mistério” tem a ver com a verdade dispensacional. A verdade dispensacional em conexão com a “oliveira” refere-se à suspensão da dispensação da lei em que Deus estava lidando com Israel. Isso foi provocado por causa da rejeição de Cristo pelos judeus. Durante essa suspensão, Deus alcançou os gentios e os trouxe a uma posição de favor e testemunho no mundo.

A passagem menciona que a massa dos gentios que exteriormente (professamente) abraçará esse privilégio provará ser formada de incrédulos. Eles também, como ramos, serão “cortados”, e Deus pegaria com os ramos naturais (Israel) e os enxertaria novamente (Rm 11:18-24). Paulo acrescenta que esse reenxerto não acontecerá “até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Rm 11:25).

O mistério da iniquidade(2 Ts 2:7) 

Esse “mistério” tem a ver com o espírito de desobediência que está ativo na profissão Cristã e no mundo em geral. Refere-se ao trabalho da mente humana em oposição à vontade de Deus em todas as coisas, divina e secular, por meio da influência do diabo. A atividade oculta da iniquidade é algo que estava acontecendo nos dias dos apóstolos e continuaria a crescer até que fosse plenamente exibida na apostasia do “homem do pecado” (o anticristo).

O mistério da Babilônia, a mãe das prostituições(Ap 17:5) 

Esse “mistério” revela que, depois que a verdadeira Igreja for chamada da Terra no Arrebatamento, a falsa igreja dos crentes meramente professos (que serão deixados para trás) será encabeçada pelo sistema católico romano. Terá o caráter de confusão religiosa e blasfêmia pelas quais a Babilônia foi conhecida na história; daí o mesmo título é dado a esse sistema. A falsa igreja usará seu dinheiro e influenciará a esfera política para unir as nações na Europa Ocidental em uma confederação de dez nações (Ap 6:1-2; 17:12-13). Este é realmente um reavivamento do Império Romano (Dn 2:40-43; 7:7-8; Ap 17:7-11). Assim, a Igreja de Roma, em sua corrupção eclesiástica, controlará as superpotências ocidentais, representadas na mulher que está assentada sobre uma besta (Ap 17:1-4).

O mistério de Deus(Ap 10:7) 

Esse “mistério” não é o mesmo que “o mistério de Deus” em Colossenses 2:2, que é um aspecto do mistério de Cristo e a Igreja. O “mistério” em Apocalipse 10 tem a ver com o segredo dos “caminhos” de Deus para com os homens finalmente sendo revelados. Por milhares de anos, Deus permitiu que homens maus continuassem em sua iniquidade e aparentemente evitou punir isso. No entanto, quando Cristo intervier publicamente em Sua Aparição e julgar este mundo em justiça (At 17:30-31), o mistério de Deus será “cumprido [completado] – JND. Ou seja, quando Deus trouxer Seus juízos sobre a Terra, esse mistério se tornará um segredo revelado, e a justiça de todos os Seus tratamentos ao longo dos tempos será vista. Assim, Ele será justificado em tudo. Embora todos os mistérios anteriores nos foram agora revelados, devemos esperar por esse último mistério ser revelado – o que acontecerá quando o Senhor aparecer.

B. Anstey (adaptado)

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