Origem: Revista O Cristão – Mistérios

Mistério – Babilônia, a Grande

Havia uma vez uma cidade poderosa chamada Babilônia, a glória do reino caldeu e o louvor de toda a Terra (Jr 51:41). Mas seus pecados subiram ao céu, e o julgamento de Deus foi contra ela. No livro de Apocalipse, Babilônia é usada figurativamente pelo Espírito de Deus para descrever um vasto sistema que está se desenvolvendo rapidamente na Terra no momento presente, contra o qual o julgamento de Deus já foi pronunciado. É prefigurado em dois aspectos – como uma mulher e como uma cidade. O nome da mulher é “Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da Terra”. Babilônia representa um vasto sistema construído pelo homem na Terra por meio do exercício de sua própria vontade, em rebelião contra Deus, sob a influência de Satanás. Compreende uma vasta mistura de elementos naturais e religiosos, ostensivamente combinados para a glória de Deus, mas, na verdade, para a glória do próprio homem. Os protestantes aplicam essa Escritura aos católicos romanos, mas toda a Cristandade faria bem em prestar atenção ao conteúdo solene do capítulo em que esse sistema maligno é descrito.

O profeta João, levado em espírito ao deserto, viu uma mulher sentada sobre uma besta, estendendo a seus devotos um cálice de ouro de embriagante iniquidade (Ap 17:3-4). A mulher representa o mal eclesiástico e a besta, o poder mundano. Professando ser a morada do Espírito Santo de Deus, ela se torna a morada de demônios, o abrigo de todo espírito imundo e um refúgio de toda ave imunda e aborrecível (Ap 18:2).

Então lemos: “E, na sua testa, estava escrito o nome: MISTÉRIO, A GRANDE BABILÔNIA, A MÃE DAS PROSTITUIÇÕES E ABOMINAÇÕES DA TERRA” (Ap 17:5). Por “mistério” entendemos que isso não havia sido revelado antes e que era algo que não poderia ter sido entendido senão por essa explicação divina. “A GRANDE BABILÔNIA” expõe seu caráter corrupto. A igreja professa na Terra, rejeitada como Laodiceia, recusada como portadora da luz de Cristo no mundo, finalmente se concentrará em si mesma, e de uma forma mais intensa, todos os males que marcaram Babilônia nos tempos antigos. Essa “mulher” perversa também é mãe, mãe de outros sistemas, tão falsa a Cristo quanto a si mesma. Portanto, não é apenas o papado, mas todos os outros sistemas que se originam nela e participam de seu caráter.

A queda da Babilônia 

Em Apocalipse 18:21-24, temos como se dará sua queda: “E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada”. Sim, chega um momento em que, com violência, Babilônia será totalmente derrubada. Sua música, suas artes e manufaturas, seu comércio, sua luz artificial, tudo cessará. Até a alegria do relacionamento natural não será mais conhecida nela. Deus Se vingará dela por suas feitiçarias pelas quais todas as nações foram enganadas e pelo sangue de Seus queridos martirizados que jaz à sua porta. Ele é forte, o que executa Sua Palavra.

A mercadoria da Babilônia 

Observe a lamentação daqueles que beberam de seu copo embriagante. Primeiro, temos os reis da Terra. Eles choram e lamentam ao ver a fumaça dela queimando, dizendo: “Ai! Ai daquela grande Babilônia, aquela forte cidade! Pois numa hora veio o seu juízo”.

Segundo, os comerciantes da Terra se unem no mesmo clamor: “Ai! Ai daquela grande cidade, que estava vestida de linho fino, de púrpura, de escarlata, adornada com ouro e pedras preciosas e pérolas! Porque numa hora foram assoladas tantas riquezas”.

Terceiro, os comandantes dos navios, marinheiros e comerciantes lançaram pó sobre suas cabeças, clamando, chorando e lamentando, e dizem: “Ai! Ai daquela grande cidade, na qual todos os que tinham naus no mar se enriqueceram em razão da sua opulência! Porque numa hora foi assolada”.

Observe, também, a descrição dada pelo Espírito de Deus da mercadoria da Babilônia: “mercadorias de ouro, e de prata, e de pedras preciosas, e de pérolas, e de linho fino, e de púrpura, e de seda, e de escarlata; e toda madeira odorífera, e todo vaso de marfim, e todo vaso de madeira preciosíssima, de bronze e de ferro, e de mármore; e cinamomo, e cardamomo, e perfume, e mirra, e incenso, e vinho, e azeite, e flor de farinha, e trigo, e cavalgaduras, e ovelhas; e mercadorias de cavalos, e de carros, e de corpos [escravos – ARA] e de almas de homens” (Ap 18:12-13). Colocamos nesta lista as coisas mais valiosas aos olhos dos homens. O ouro está em primeiro lugar, mas as almas dos homens são as últimas. Deus conhece o coração e conhece a ordem de precedência na estimativa do homem. O mercado geral da Babilônia tem todos os luxos e necessidades, usados por alguns, entregues por outros, mas sem temor de Deus diante de seus olhos (Rm 3:18). Ela é tão degradada e pervertida que, na verdade, faz tráfico religioso de corpos e almas de homens! Deus não julgará por essas coisas? De fato, Ele julgará.

Seu adorno 

Observe também outro ponto marcante sobre esse sistema vasto e perverso. Ao descrever seu adorno em Apocalipse 17:4, são mencionadas as cores púrpura e escarlata (vestuário imperial), mas há uma total ausência de linho fino. Agora, nos é dito que o linho fino representa a justiça dos santos, isto é, a justiça prática produzida nos santos, o povo de Deus, pelo poder do Espírito de Deus. Isso está totalmente ausente na Babilônia. Aqueles que usam linho fino verdadeiro são objetos de seu ódio. Mas quando o Espírito de Deus descreve seu tráfico, linho fino é trazido. Ela sabe como explicar, obter vantagem e riqueza para si mesma por meio da fidelidade dos filhos de Deus. Quantos naquele dia serão considerados culpados disso! E os comerciantes também, lamentando sua queda, clamam: “Ai! Ai daquela grande cidade, que estava vestida de linho fino”. Olhando-a moralmente, vemos como eles são enganados por Satanás e são daltônicos. Eles consideram como linho fino aquilo que é apenas abominação mundana aos olhos de Deus (Lc 16:15).

É uma imagem sombria e solene, mas não é um esboço de fantasia, é a confiável Palavra de Deus. Para falar de maneira ampla, é a visão de Deus da Cristandade. Seus pensamentos não são os nossos. Pensamentos, ideias, opiniões, teologia, religião todos são sem valor, a menos que correspondam a “Assim diz o Senhor”. Deus falou. “Eis para quem olharei: para o pobre e abatido de espírito e que treme diante da Minha Palavra” (Is 66:2).

Seu fim 

Ao vermos todo o desenvolvimento nestes últimos dias e ao contemplarmos o terrível fim de um sistema assim, fazemos bem em atender ao aviso dado em Apocalipse 18:4: “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas”. É fácil para os crentes serem apanhados no mundanismo e estar ocupados com as mesmas coisas com as quais a Babilônia está negociando hoje. Ver o fim dela e, em seguida, olhar para Aquele cuja glória eclipsará toda a glória da Babilônia, nos manterá afastados de tudo o que a religião exterior oferece.

E. H. Chater (adaptado)

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