Origem: Revista O Cristão – Mistérios
Mudanças Climáticas
Em dois artigos de edições anteriores da Revista O Cristão (“A Escassez Mundial de Alimentos” de julho de 2008 e “O Consumo de Alimentos” de março de 2011), mencionamos a mudança climática e o aquecimento global como sendo pelo menos um fator com o qual o homem tem que lutar no século XXI. Nos anos em que esses artigos foram escritos, essas questões passaram da periferia para ocupar o centro do palco nos assuntos mundiais, e começaram a dominar muitas das interações políticas e econômicas, dentro e entre nações.
O Acordo de Paris
Nos anos que antecederam a assinatura do Acordo de Paris em 2016, o mundo ficou cada vez mais preocupado, não apenas com o aquecimento global, mas também com os supostos efeitos colaterais, como secas maciças, inundações severas e furacões frequentes, bem como outras condições climáticas extremas, como severas tempestades de inverno e ondas de calor incomuns. Com tudo isso diante deles, as nações do mundo chegaram a um acordo incomum, por meio das Nações Unidas, para redigir e assinar o Acordo de Paris, pelo qual fizeram um pacto para trabalhar para diminuir a produção de gases de efeito estufa, limitando o uso de combustíveis fósseis. As diretrizes do Acordo não eram juridicamente vinculativas, mas deveriam ser seguidas voluntariamente por aqueles que o assinaram.
Não precisamos dizer que tudo isso não deixou de ter seus problemas, e teve mais uma vez a tendência de trazer à superfície as diferenças entre liberais e conservadores. Sob o ex-presidente dos EUA Barack Obama, os EUA assinaram o Acordo, mas seu sucessor Donald Trump, poucos meses após sua posse, declarou em 1 de junho de 2017, que retiraria os EUA do acordo. Sua opinião era que o Acordo minaria a economia dos EUA, diminuiria empregos e aumentaria os preços da energia para a família americana de classe média. Ele alegou ainda que o Acordo exigia que os EUA pagassem muito, como nação desenvolvida, enquanto outras nações estariam colhendo os benefícios. Desnecessário dizer que essa proposta de falta de cooperação de um país tão influente quanto os EUA causou desânimo generalizado entre outras nações do mundo (Os EUA não podem legalmente se retirar do acordo até 4 de novembro de 2020).
Somente a Síria e a Nicarágua não assinaram o Acordo, mas outros países importantes, como Rússia, Irã e Turquia, assinaram o Acordo, mas não o ratificaram. Enquanto isso, os gases de efeito estufa e o aquecimento global continuam sendo uma das principais causas de preocupação.
Eventos que chamam a nossa atenção
No momento da redação deste artigo, vários eventos foram combinados para trazer o aquecimento global à atenção de todos, mas não sem controvérsia. Os furacões continuaram a se formar e a causar sérios danos, especialmente o furacão Dorian, que devastou as Bahamas no início de setembro de 2019, e passou a se mover em direção ao território continental dos EUA. Mas então surgiu um evento muito maior – incêndios florestais queimando fora de controle na floresta Amazônica. Jair Bolsonaro, presidente pró-negócios do Brasil, considerou os incêndios na Amazônia como um fenômeno normal, que ocorre de tempos em tempos. Ele também tende a incentivar o extrativismo nas florestas tropicais, a fim de promover a agricultura e, em particular, a criação de gado. Sua aparente indiferença à destruição da floresta Amazônica irritou muitas nações ao redor do mundo.
Tudo isso despertou a juventude do mundo para a ação, em grande parte encabeçada por uma garota sueca de 16 anos chamada Greta Thunberg. Ela viajou extensivamente e se dirigiu às Nações Unidas, bem como a outros órgãos governamentais nacionais, como o Congresso dos EUA. Ela tem falado com muita força aos líderes mundiais, exigindo que eles abordem o aquecimento global e lidem com o problema antes que seja tarde demais. Suas palavras são fortes: “Não podemos mais salvar o mundo seguindo as regras, porque as regras precisam ser alteradas. Então, todos pelo mundo afora, agora é hora da desobediência civil. É hora de se rebelar”. Jovens de todo o mundo se uniram à causa, indo às ruas em grande número para protestar contra o que consideram uma indiferença ao seu futuro. No Reino Unido e no Canadá, um movimento jovem denominado “Extinction Rebellion” bloqueou recentemente pontes e estradas em várias cidades, enquanto protestos semelhantes ocorreram em outros países.
Dados científicos
Todos esses supostos dados científicos, promovidos para apoiar uma atitude alarmista em relação ao aquecimento global, não deixam de ter seus depreciadores. Embora não seja nossa intenção discutir os vários pontos de vista sobre as mudanças climáticas, basta salientar que o Dr. Rex Fleming, um cientista premiado e anteriormente associado à NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, EUA) com credenciais impressionantes, concluiu que “CO 2 não tem impacto nas mudanças climáticas”. Seu argumento é que, embora o aquecimento global seja um fato, é o aquecimento que faz com que os níveis de CO subam, e não o contrário. Também há boas evidências de que a NOAA “cozinhou” seus dados ao longo dos anos para tentar apoiar a atitude alarmista em relação ao aquecimento global. É um fato que o aquecimento global, que ocorre e é medido nos EUA desde cerca de 1850 (quando os dados começaram a ser medidos), tem sido constante em um gráfico linear. A taxa de aquecimento não aumentou rapidamente nos últimos 40 ou 50 anos.
Podemos perguntar: O que tudo isso significa para os crentes? Ninguém duvidaria que, no sentido natural, haja motivo de preocupação, mesmo que seja apenas porque o mundo parece incapaz de suportar sua população crescente. Mais de 80.000.000 (oitenta milhões) de pessoas são adicionadas à população mundial a cada ano, e a produção de alimentos não está acompanhando o ritmo. Os recursos do mundo podem suportar apenas uma quantidade específica de pessoas. Mesmo que não se acredite que o aquecimento global seja uma ameaça séria, não há dúvida de que a “pegada humana” tende a forçar a capacidade deste mundo de se sustentar, dada a poluição do ar e da água, a dificuldade de descarte dos resíduos (especialmente o problema dos plásticos) e a escassez de água, tanto para beber quanto para irrigação. Para aqueles cujos horizontes consistem apenas neste mundo, o futuro realmente parece deprimente, e seu objetivo é fazer o que achar necessário para preservar o planeta “em perpetuidade”.
Deus é deixado de fora
Em toda a discussão sobre mudanças climáticas, o que é notoriamente ausente é qualquer referência às reivindicações de Deus ou ao fato de que é o Seu mundo. Os objetivos do homem são totalmente para si mesmo, com o objetivo de sustentar um mundo para seus próprios fins e seu próprio prazer. Deus como Criador e os planos e propósitos de Deus são deixados de fora dos cálculos do homem. Uma das frases favoritas de Greta Thunberg, dirigida às autoridades do governo, é: “Como vocês se atrevem?”[How dare you?]. Naturalmente, isso se refere à suposta atitude indiferente aos danos que ela sente ser infligida ao planeta. Mas ninguém pensa em como o próprio Deus poderia dizer ao homem: “Como vocês se atrevem?”
Mas o crente pode descansar em três coisas, as quais permitem nos esforçar nos interesses de Cristo neste mundo, enquanto valorizamos nossos recursos naturais e os tratamos com respeito.
Antes de tudo, sabemos que “nossa pátria tem sua existência nos céus, do qual também aguardamos o Senhor Jesus Cristo como Salvador” (Fp 3:20 – JND). As esperanças do crente estão além deste mundo. Além disso, sabemos que o mundo atual não continuará “em perpetuidade”. E aqui chegamos ao segundo ponto.
Como o mundo continuará
Sabemos que, mesmo que o Senhor venha nos chamar hoje, o mundo deve continuar por mais de 1000 anos, para cumprir as Escrituras concernentes à tribulação e ao Milênio. O mundo atual não terminará até que seja queimado no final do Milênio, para dar lugar a “um novo céu e uma nova Terra, onde habita a justiça” (2 Pe 3:13).
O que está acontecendo agora com o aquecimento global está tudo sob o controle de Deus. Se, de fato, a taxa de aquecimento tem sofrido um aumento constante há mais de 150 anos e possivelmente mais, é interessante notar que o homem prefere assumir que ele está no controle do que admitir que Deus esteja fazendo algo que ele não entende.
Finalmente, temos a promessa de Deus a Noé, quando ele e toda a sua família saíram da arca, “enquanto a Terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão” (Gn 8:22).
Apesar da atitude alarmista do homem, Deus sabe quanto tempo esta Terra deve durar para cumprir Seus propósitos. Ele pode e irá mantê-la, embora possa permitir eventos climáticos para falar com o homem e avisá-lo de um julgamento vindouro. O lugar do crente é agir como embaixador de Deus, advertindo o homem a “fugir da ira vindoura”, enquanto caminha em paz e confia n’Aquele que sustenta “todas as coisas pela Palavra de Seu poder” (Hb 1:3).