Origem: Revista O Cristão – Tempo e Eternidade

Construindo para a Eternidade

Em 1 João 2:17 lemos estas palavras profundas e solenes: “E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. Como fomos lembrados em outra parte desta edição, nós vivemos em um mundo que está limitado e é caracterizado pelo tempo. Devemos viver e nos mover em uma esfera de tempo, porém estamos caminhando em direção à eternidade. No ministério de João, não obtemos a verdade da assembleia [Igreja], mas a verdade sobre a família de Deus e a família do diabo. A família de Deus é caracterizada por viver tendo em vista a eternidade, enquanto a família do diabo tem seu horizonte somente nas coisas deste mundo. Satanás controla a vida dos homens pela atração deste mundo, e ele pode usar apenas ninharias para fazer isso. Mas se necessário, ele pode oferecer “todos os reinos do mundo” (Lc 4:5), o que ele ofereceu ao Senhor Jesus como uma forma de O persuadir a adorá-lo. A família do diabo é, com certeza, controlada por ele desta forma, mas é triste quando ele é capaz de enganar crentes pelo mesmo caminho, pelas mesmas tentações.

Consequências presentes e eternas 

É um fato muito sério ponderar que todas as nossas ações nesta vida, seja para um crente ou não, terão consequências presentes e eternas. Para o incrédulo que parte deste mundo sem Cristo e cuja vida não tem nada para Deus, somos informados de que “os mortos […] foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20:13). De acordo com Lucas 12:47-48, alguns serão “castigados com muitos açoites”, enquanto outros, menos responsáveis, “com poucos açoites serão castigados”. Deus é justo e considera os homens responsáveis por grau de luz que cada um tem quanto às coisas divinas.

Várias Escrituras nos falam de recompensas que serão dadas no tribunal de Cristo para os crentes. “Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão” (1 Co 3:14). Algumas dessas recompensas, ou galardões, serão limitados ao tempo, como cargos de responsabilidade no próximo reino milenar (Lc 19:17, 19), mas outras serão eternas, como coroas e pedras brancas. Além disso, há o aspecto intangível dos galardões, como o que encontramos em Mateus 25:21, 23: “Entra no gozo do teu Senhor”. Sem dúvida, todo crente entrará neste gozo, mas aqueles que trabalharam para o Senhor, usando bem seus talentos, certamente receberão “o inteiro galardão” (2 João 8). Assim, vemos que haverá graus de punição no inferno e graus de galardão no céu, com base no que fizemos no tempo.

Tudo isso é muito perspicaz e, se aceito e entendido pelo incrédulo, certamente deve mostrar a ele a importância de vir a Cristo. Mas lemos na Palavra de Deus que “o deus deste século [Satanás] cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Co 4:4). As coisas deste mundo, que nunca podem satisfazer, cegam a mente dos homens para a realidade da eternidade.

Coisas celestiais 

No entanto, talvez seja ainda pior ver os crentes que foram trazidos à luz e que conhecem a Cristo como seu Salvador, gastando seu tempo adquirindo e tentando encontrar prazer nas coisas ao seu redor, em vez de apreciar as coisas celestiais com as quais Deus procuraria ocupar nosso coração. Paulo disse aos colossenses: “Tenham vossas mentes nas coisas que estão em cima, não nas que estão na Terra; porque morrestes e a vossa vida está oculta com o Cristo em Deus” (Cl 3:2-3 – JND). Se nós, como crentes, estivéssemos mais conscientes das consequências eternas de nossas ações no tempo, quão cuidadosos seríamos em não usar nosso tempo de maneira errada!

O mordomo 

Quando nosso Senhor estava na Terra, Ele ilustrou um princípio muito importante para nós como crentes, a saber, o uso da vantagem presente para obter ganhos futuros. Na parábola do mordomo injusto (Lc 16:1-12), encontramos um mordomo que perdeu o emprego porque foi acusado de desperdiçar os bens de seu mestre. Mas antes de receber a demissão, ele usou sua posição para reduzir os montantes devidos a seu mestre por vários devedores. Sua estratégia era que ele conseguisse a amizade desses devedores dessa maneira, a fim de poder contar com a ajuda deles quando estivesse desempregado. Ao comentar a parábola, nosso Senhor não elogiou de maneira alguma o mordomo por sua desonestidade, pois o chama de “injusto”. No entanto, ele elogiou o princípio sobre o qual o mordomo agia, na medida em que usava sua autoridade atual como mordomo para prover para seu futuro.

Tesouros no céu 

A lição para nós é que, se tivermos recursos neste mundo – como tempo, liberdade, dinheiro e educação – podemos usá-los para o que for temporal, ou podemos usá-los para “acumular tesouros no céu”. Se usarmos fielmente os bens deste mundo (os quais realmente pertencem ao Senhor, pois só os temos como mordomos), Deus entregará a nós, em confiança, “as verdadeiras” riquezas (Lc 16:11). A verdadeira medida de nossa espiritualidade é como usamos as coisas deste mundo – coisas sobre as quais somos apenas mordomos. Mas por toda a eternidade desfrutaremos daquelas coisas que são realmente nossas!

A palavra de nosso Senhor a Seus servos é: “Negociai [Ocupe-se – KJV] até que Eu venha” (Lc 19:13). Tudo o que é deste mundo irá passar, mas, novamente, “quem faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2:17). “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90:12).

W. J. Prost

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