Origem: Revista O Cristão – Batalha Espiritual
Luta Cristã
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6:13).
Assim que um pecador nasce de novo pelo Espírito Santo, ele se encontra em luta. Quando ele estava no mundo, e era do mundo, tudo era suave, mas quando ele se tornou um Cristão, encontrou muitos elementos opostos. Agora, a pergunta é: Qual é a luta apropriada ao Cristão? A Escritura fala de três que estão em: Romanos 7:14-24, Gálatas 5:17 e Efésios 6:12. Olhemos para cada uma dessas lutas e vejamos qual é a que se aplica para o verdadeiro filho de Deus.
A luta de Romanos 7
Na bem conhecida luta de Romanos 7, temos um crente com fortes desejos de santidade, mas, em vez disso, descobrimos que ele está fazendo o oposto. Ele é constrangido a dizer: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço” (v. 19). Pode Deus pensar que essa deva ser a experiência de Seus filhos? Certamente não, pois Deus nos dá um gozo crescente – tendo paz com Ele e liberdade no Espírito Santo. Todos podem ter que passar por esta experiência de Romanos 7, mais cedo ou mais tarde, mas não para permanecer nela.
O primeiro passo será determinar quem ou o que está em luta. O versículo 14 nos mostra que, por um lado, temos a lei, que é justa e boa, enquanto “eu sou carnal, vendido sob o pecado”. Juntando estes dois, lei e carne, qual será o resultado? Luta. Como pode o que é carnal fazer o que é espiritual? A lei, enquanto faz suas exigências, não me dá poder para atendê-las, e eu não tenho poder próprio. Como agir então?
O pensamento de rebaixar a lei de Deus ao nosso nível é absurdo, mas posso elevar-me ao nível da lei de Deus? Não, pois “as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte” (Rm 7:5). A partir dessa e de outras passagens, aprendemos que o objetivo da lei é trazer à tona a pecaminosidade do homem. Mas, novamente, a lei é o nosso aio [tutor – JND] para nos conduzir a Cristo (Gl 3:24), e, portanto, tem algo a ensinar – que “em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18). Não pode haver nenhuma verdadeira libertação – nenhuma paz estabelecida – até que eu tenha apreendido que não há nenhum bem em mim e que não tenho poder para produzir nenhum. Então, tendo eu mesmo, assim apreendido, Cristo entra e revela a Si mesmo para mim como minha sabedoria, justiça, santificação e redenção.
Vendo, então, que nós, criaturas carnais, não podemos nos tornar espirituais – surge mais uma vez a pergunta: O que deve ser feito? Bem, se duas pessoas andam juntas e não podem concordar, a única coisa é a separação em que cada uma segue adiante sozinha. Este é, justamente, o argumento do apóstolo em Romanos 7:1: “A lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive”. Há muitos anos, em Londres, Inglaterra, um homicídio foi cometido, e a polícia prendeu o homem que, sem dúvida, era culpado, mas eles não o levaram para a prisão, nem mesmo perante o magistrado. A simples razão pela qual eles agiram assim foi porque o homem tinha cometido suicídio – ele estava morto. Não adiantava levá-lo a julgamento; tudo o que podiam fazer com ele era enterrá-lo. A lei é poderosa o suficiente enquanto um homem viver, mas é impotente quando o homem está morto.
Em Romanos 6:6 lemos, “Sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com Ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado”. Nosso velho homem – o que somos como filhos de Adão – foi crucificado com Cristo. Assim, o crente está habilitado a considerar-se morto com Cristo (Rm 6:11). Depois de confessarmos que não há nada de bom em nós, esta é a grande verdade que precisamos apreender – que estamos, diante de Deus, como mortos – não mais na carne (isto é, na nossa natureza maligna). Diante de Deus, quanto ao velho Adão, estamos colocados de lado, e não temos mais qualquer posição diante de Deus em Adão, nosso primeiro pai. Repito as palavras, “diante de Deus”, porque embora estamos crucificados e mortos com Cristo, ainda assim, em nossa experiência, encontramos a carne ainda conosco, mas então devemos “nos considerar como mortos”.
Nos tornamos “mortos para a lei” (Rm 7:4 – ARA) e também “livres da lei ” (Rm 7:6). A lei não pode ter domínio sobre nós, porque estamos mortos. Enquanto estivermos na carne – unidos ao primeiro Adão – não podemos estar unidos a Cristo, o Ultimo Adão. Deus colocou de lado, na cruz, o velho Adão e tudo que pertencia a ele. Tendo isso sido feito, o terreno estava livre para Ele introduzir uma criação totalmente nova.
Isso Ele fez levantando a Cristo dos mortos como o Último Adão – a Cabeça da nova criação. A graça veio por Jesus Cristo; isso concede uma nova natureza e um poder para glorificar a Deus ao produzir muito fruto. Não estamos debaixo de lei, mas debaixo da graça (Rm 6:14). Nós que cremos em Cristo morremos com Ele, e, portanto, a lei não pode nos tocar, mas a lei ainda não foi colocada de lado. Somos nós que fomos colocados de lado e feitos novas criaturas em Cristo. É assim que o crente é liberto da terrível luta de Romanos 7.
Luta contra a carne
Mas há uma segunda luta (Gl 5:17). Aqui os inimigos são diferentes dos de Romanos 7. Em Romanos era a lei e eu, mas em Gálatas é o desejo da carne contra o Espírito, e o Espírito contra a carne. O crente recebeu o Espírito Santo, e deseja andar no Espírito, produzindo o fruto do Espírito, mas a carne pode impedir. Aqui, o grande segredo é manter a carne julgada e considerada morta, para que o Espírito não seja entristecido, e a carne seja impedida de trabalhar.
Luta contra os espíritos malignos
Há, no entanto, uma terceira luta, mencionada em Efésios. Aqui os inimigos são totalmente distintos daqueles de Romanos 7 ou Gálatas 5. “…não temos que lutar contra carne e sangue, mas contra os principados, contra os poderes, contra os governadores do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes (Ef 6:12 – TB)” ou talvez de forma mais exata, “espíritos malignos nos lugares celestiais”. Sendo não somente as trevas, mas os príncipes (ou governadores – TB) das trevas – não somente a maldade espiritual, mas os espíritos malignos – Satanás, o príncipe das potestades do ar, a cabeça e o líder deles.
É importante entender a esfera dessa luta. Ela não está no mundo, nem no deserto, mas está nos lugares celestiais. Essa é, essencialmente, a verdadeira posição dos filhos de Deus, pois foi feito com que se assentem em lugares celestiais em Cristo (Ef 2:5-6). E, na proporção em que estamos no gozo consciente do nosso lugar em Cristo, nos lugares celestiais, entramos em contato com Satanás e esses espíritos malignos nos lugares celestiais (Ef 6:12). Assim, que provisão temos para superar esses terríveis inimigos?
Deus em Sua graça tem feito a mais completa provisão, para que possamos ser capazes de manter o gozo do nosso lugar na mais íntima comunhão com o Pai e Seu Filho Jesus Cristo. Ele proveu uma armadura completa. “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6:13-18).
Lugares celestiais
Deve-se observar muito particularmente que essa armadura deve ser usada nos lugares celestiais, e, portanto, devemos conhecer nosso lugar lá para tomá-la e usá-la. Ela não deve ser usada para se chegar a Deus nos lugares celestiais (fazemos isso crendo em Cristo), mas sim para superar as artimanhas do diabo, para que possamos ser capazes de permanecer e desfrutar continuamente de nosso lugar lá e das bênçãos em Cristo. Estamos assentados em Cristo nos lugares celestiais, e o objetivo de Satanás é nos roubar do gozo dessa nossa porção maravilhosa.
Pela presença do Espírito Santo, o Senhor nos dá tudo e cada vez mais, para conhecer, desfrutar e viver nossa verdadeira posição diante de Deus em Cristo. Deus em Sua maravilhosa graça deu ao verdadeiro crente em Cristo a melhor das posições e as mais plena das bênçãos. Ele “nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”, “porque n’Ele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade”. E “estais perfeitos [completos – JND] n’Ele” (Ef 2: 6; Cl 2:9-10).
Deus espera de nós que nunca nos contentemos com o gozo de nada menos do que tudo o que Ele nos deu em Seu amor e boa vontade. Ele nos abençoou livre e plenamente, e conta com a nossa pronta resposta. Não há resposta que O deleite tanto como nos ver usar e desfrutar de tudo o que Ele tem dado tão abundantemente. E, o que é melhor de tudo, Ele nos permite desfrutar de todas as coisas, não sozinhos, mas reverentemente, em íntima comunhão com Ele, sem medo e tremor, descansando na plena percepção de Seu favor, e permanecendo em Seu amor.
Autor Desconhecido.