Origem: Revista O Cristão – Batalha Espiritual

Poder do Senhor e do Inimigo

O poder do Senhor 

O apóstolo primeiro dirige nossos pensamentos para o poder que há para nós antes de descrever o poder que está contra nós. Para enfrentar esse combate, devemos sempre lembrar que toda a nossa força está no Senhor e, portanto, Paulo diz: “fortalecei-vos no Senhor e na força de Seu poder” (Ef 6:10). Nossa dificuldade, muitas vezes, é perceber que não temos força em nós mesmos. Naturalmente, gostaríamos de ser fortes em números, fortes em dons ou fortes no poder de algum líder forte, mas nossa força real e única está “no Senhor e na força de Seu poder”.

A oração do primeiro capítulo traz diante de nós a força do poder de Deus. Cristo foi ressuscitado dentre os mortos e colocado à direita de Deus nos lugares celestiais, “acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef 1:21). Sendo assim, diz o apóstolo, essa é a “sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós os que cremos” (Ef 1:19). O poder que está contra nós é muito maior do que o nosso poder, mas o poder que está sobre nós é um poder superior; ele supera todo o poder que se opõe a nós. Além disso, Aquele que tem o poder supremo é Aquele que possui “insondáveis riquezas” e nos ama com um amor que “excede todo entendimento” (Ef 3:19).

Nos dias de outrora, Gideão estava preparado para o combate, e primeiro lhe foi dito: “O Senhor é contigo”; depois ele foi exortado: “vai nesta tua força”. A família de Gideão poderia ser a mais pobre em Manassés e ele mesmo o menor na casa de seu pai, mas o que importava a pobreza de Gideão ou sua fraqueza se o Senhor fosse por ele e com ele (Jz 6:12-15)? Assim, dias mais tarde, Jônatas e seu escudeiro puderam enfrentar um grande exército na força do Senhor, pois, disse Jônatas, “para com o SENHOR nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos” (1 Sm 14:6).

Portanto, em nossos dias, com o fracasso que nos segue, a fraqueza entre nós e a corrupção nos rodeando, precisamos de um novo senso da glória do Senhor, do poder do Senhor, das riquezas do Senhor, do amor do Senhor e, com o Senhor diante de nós, avançar “na força do Seu poder”.

À parte de Cristo, não temos poder. O Senhor pôde dizer: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:5), mas, disse o apóstolo, “posso todas as coisas n’Aquele que me fortalece” (Fp 4:13). É somente quando nossa alma é mantida em comunhão secreta com Cristo que seremos capazes de nos valer do poder que está n’Ele. Sendo assim, todo o poder de Satanás será direcionado para colocar nossa alma fora de contato com Cristo e procurar nos impedir de nos alimentar d’Ele e andar em comunhão com Ele. Pode ser que ele procure nos tirar da comunhão com Cristo pelos cuidados e deveres da vida cotidiana ou pela doença e fraqueza do corpo. Ele pode procurar usar as dificuldades do caminho, as contendas entre o povo de Deus ou os insultos mesquinhos que temos de enfrentar, para enfraquecer o espírito e afligir a alma. Se, no entanto, em vez de permitir que todas essas coisas fiquem entre nossa alma e o Senhor, as fizermos ocasiões para nos aproximarmos do Senhor, aprenderemos o que é ser forte no Senhor, enquanto nos damos conta de nossa própria fraqueza. Então seremos instruídos a respeito da bem-aventurança da palavra: “Lança o teu fardo sobre o Senhor, e Ele te susterá” (Sl 55:22 – AAIB).

O poder do inimigo 

Primeiro, somos exortados a lembrar que não é contra a carne e o sangue que lutamos. O diabo pode, de fato, usar homens e mulheres para se opor ao Cristão e negar a verdade, mas temos que olhar além dos instrumentos e discernir aquele que os está usando. Uma mulher, em carne e osso, se opôs a Paulo em Filipos, mas Paulo discerniu o espírito maligno que a moveu, e no poder do nome de Jesus Cristo ele entrou em combate com a maldade espiritual, ordenando que o espírito maligno saísse da mulher (At 16:16-18).

Um verdadeiro discípulo, em carne e osso, se opôs ao Senhor quando Pedro disse, em vista dos sofrimentos do Senhor: “tem compaixão de Ti”, mas o Senhor, conhecendo o poder de Satanás por trás do instrumento, disse: “para trás de mim, Satanás” (Mt 16:22-23).

O combate, então, é contra Satanás e suas hostes, qualquer que seja o instrumento usado. Principados e potestades são seres espirituais em posição de governo, com poder para executar suas vontades. Eles podem ser seres bons ou maus; aqui em Efésios eles são seres maus, e a maldade deles parece tomar uma direção dupla. Com relação ao mundo, eles são “os príncipes das trevas deste século [mundo – TB]; com relação aos Cristãos, eles são as “hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. O mundo está em trevas, na ignorância de Deus, e esses seres espirituais governam e dirigem as trevas do paganismo, da filosofia, da falsamente chamada ciência e da infidelidade, bem como as superstições, as corrupções e o modernismo da Cristandade. O Cristão é trazido à luz e abençoado com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais. A oposição ao Cristão então assume um caráter religioso por seres espirituais que procuram roubá-lo da verdade de sua vocação celestial, enganá-lo em um caminho que é uma negação da verdade, ou em conduta que é inconsistente com ela.

O caráter da oposição 

Além disso, somos instruídos quanto ao caráter da oposição. Não é simplesmente perseguição, ou uma negação direta da verdade, é a oposição muito mais sutil e perigosa descrita como “as ciladas do diabo”. A cilada é algo que parece justo e inocente, contudo, desvia a alma do caminho da obediência. Quantas vezes, nestes dias de confusão, o diabo procura levar aqueles que têm a verdade a algum caminho, que no início se desvia muito pouco do verdadeiro curso e que levantar qualquer objeção a isso pode parecer rigoroso. Há uma pergunta simples que cada um de nós pode fazer a si mesmo pela qual cada cilada pode ser detectada: “Se eu seguir este caminho, para onde ele me levará?”

Quando o diabo sugeriu ao Senhor que Ele transformasse as pedras em pão para atender às Suas necessidades, pareceu uma coisa muito inocente de se fazer. No entanto, isso era uma cilada que teria levado para fora do caminho da obediência a Deus, e uma negação da Palavra que dizia: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4:4).

Para desviar os crentes gálatas da verdade do evangelho, o diabo usou a lei como uma cilada para prendê-los na falsa importância do legalismo. Para desviar os santos coríntios da verdade da assembleia, o diabo usou o mundo como uma cilada para conduzi-los à permissividade carnal. Para desviar os santos colossenses da verdade do mistério, o diabo usou as ciladas de “palavras persuasivas”, “filosofia” e superstição para prendê-los na exaltação religiosa. Essas ainda são as artimanhas que temos de enfrentar.

H. Smith

Compartilhar
Rolar para cima