Origem: Revista O Cristão – Edificando

A Casa de Deus

A Palavra de Deus apresenta a Igreja sob a figura de um edifício – a casa de Deus. Quando se trata da casa de Deus, há um continuum entre o Velho e o Novo Testamento. Deus habitou entre o Seu povo Israel, e o lugar da Sua habitação (seja o tabernáculo ou o templo) foi chamado a casa de Deus: “Todos os filhos de Israel, e todo o povo, subiram e vieram à casa de Deus, e choraram, e assentaram-se ali perante o SENHOR” (Jz 20:26 – KJV). Enquanto esses eram edifícios físicos, estabelecidos em uma localização geográfica, a Igreja é um edifício espiritual: “vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual” (1 Pe 2:5). Ainda há uma fundação e pedras, mas não desta Terra. “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef 2:20). Ao escrever sua epístola, Pedro, sem dúvida, recordou as palavras do Senhor: “Que tu és Pedro [uma pedra], e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja” (Mt 16:18). A Igreja é agora a casa de Deus. É a habitação de Deus na Terra para o tempo presente, e ela substitui todas as outras habitações. “No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito” (Ef 2:22). Também observamos que o apóstolo Paulo se refere à Igreja como o templo de Deus: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3:16). O mesmo edifício está em vista, mas com essa expressão, a santidade de Deus é enfatizada.

Deus habitando entre eles 

Só depois que os filhos de Israel foram redimidos do Egito é que temos algum pensamento sobre Deus habitando entre eles (Êx 15:17). Era necessário que eles fossem libertados daquele país idólatra e do seu príncipe. No deserto, no Monte Sinai, Deus deu a Moisés o projeto do tabernáculo – um modelo do qual eles não deviam se desviar (Êx 25:40; Hb 8:5). Embora construído por homens, a capacidade deles foi dada por Deus por meio do Seu Espírito (Êx 31:2-3). A engenhosidade humana não teve nenhum papel em sua construção. Todas essas coisas anunciavam o que estava por vir. “Ora, também a primeira [aliança] tinha ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre […] que é uma alegoria para o tempo presente” (Hb 9:1,9 – ACF). Esses princípios, tirados do Velho Testamento, são úteis para a nossa compreensão do Novo. Em todo o livro de Hebreus, o apóstolo contrasta a figura terrena do tabernáculo com a realidade presente que temos no Cristianismo.

O edifício enquanto construído por Deus 

Ao considerar a Igreja como a casa de Deus, devemos distinguir, como faz a Escritura, entre o edifício que Deus está formando (que no final será visto em toda a sua perfeição e beleza) e o presente testemunho da Igreja aqui na Terra (aquele que vemos atualmente). Quanto ao primeiro, lemos: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Ef 2:20-21). Este edifício é perfeito. É deste edifício que Cristo falou aos Seus discípulos: “e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18). Cristo não é apenas o fundamento e a principal pedra da esquina, mas também é o construtor. Nada contrário será adicionado ao edifício de Deus. Vemos esse edifício em seu esplendor celestial no final de Apocalipse: “Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro; e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus” (Ap 21:9-10 – ARA).

O edifício construído pelo homem 

Em contraste com o edifício perfeito, o apóstolo Paulo nos apresenta uma outra perspectiva: “Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará” (1 Co 3:10‑13). Embora a fundação permaneça segura, os homens adicionaram a ela materiais de construção seriamente defeituosos. Tal como acontece com as suas grandes catedrais, a Cristandade tornou-se um impressionante edifício, mas não segundo a Palavra de Deus. Adicionou-se muita coisa que Deus no final julgará e destruirá.

O testemunho de Deus 

Enquanto o corpo nos conecta com Cristo nos lugares celestiais, a casa, como a habitação de Deus por meio do Espírito, está aqui na Terra. Os crentes, de qualquer época, formam a casa de Deus (Ef 2:22). Como tal, ela é o vaso do presente testemunho de Deus para este mundo. Pedro descreve nossa função nesta casa espiritual para com Deus (1 Pe 2:5) e para com o homem. Em relação ao último, ele diz: “para que anuncieis as virtudes [excelências – JND] d’Aquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1 Pe 2:9). Existe uma conduta adequada à casa de Deus, como também havia no Velho Testamento. Paulo instrui Timóteo em relação ao comportamento apropriado na casa de Deus: “Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa, mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3:14‑15). A Igreja deveria manter e exibir as verdades do Cristianismo.

Enquanto algo confiado à responsabilidade do homem, a casa de Deus está sujeita a juízo: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus” (1 Pe 4:17). Cristo é Filho sobre a Sua própria casa (Hb 3:6). Temos uma responsabilidade quanto à casa, não porque a casa é nossa, mas sim porque a casa não é nossa. É à autoridade de Cristo que devemos estar sujeitos.

N. Simon

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