Origem: Revista O Cristão – Edificando

Caos e Anarquia no Horizonte

Enquanto escrevo isso em 7 de fevereiro de 2022, uma entrevista com Avigdor Liberman, o ministro das Finanças de Israel, acaba de ser publicada no “Jerusalem Post”, um proeminente jornal diário de língua inglesa sediado em Jerusalém. Os comentários dele são totalmente pessimistas e, embora muitos outros possam partilhar os mesmos pensamentos, temos de dar a ele crédito por ter tido a coragem de expressar publicamente as suas opiniões. O conteúdo da entrevista é muito instigante, e as conclusões dele podem bem repercutir entre os crentes que estão familiarizados com a profecia. Sei que este artigo levará vários meses para aparecer na revista O Cristão, mas é improvável que a verdade do que Liberman disse irá mudar durante esse tempo, a não ser talvez para pior.

A entrevista foi cheia de avisos terríveis. O mundo, disse ele ao entrevistador, precisa acordar imediatamente, pois, caso contrário, será jogado em um período sombrio de caos e anarquia. Ele explicou que havia quatro catalisadores por trás dessa ameaça.

Inteligência artificial 

Em primeiro lugar, está o surgimento de mais tecnologia acionada por inteligência artificial. Existem jovens hackers, disse ele, que são capazes de fazer coisas com seus computadores e celulares que eram inimagináveis há apenas alguns anos. Dentro de uma década, ele disse, as crianças terão software, como o Pegasus da NSO (um spyware desenvolvido por um grupo de Israel), em seus telefones para poderem usar como quiserem. “São desenvolvimentos tecnológicos que não têm nenhuma supervisão ou coordenação”, disse ele. “Não há nenhuma forma de regulação global, e eles nos levam a lugares que são potencialmente assustadores.”

Criptomoedas 

O segundo catalisador é a ascensão das criptomoedas em todo o mundo. Existem, ele observou, 15.000 diferentes tipos de criptomoedas hoje. “Qualquer número de pessoas se juntam e criam uma moeda digital”, disse ele. “Existem mercados de criptomoedas no Irã para evitar sanções e lavar dinheiro, que podem ser usados para financiar o terrorismo e o crime.” Muitos países no mundo não têm como lidar com isso. O que acontece, advertiu ele, se grandes corporações multinacionais saírem com sua própria moeda? Os cidadãos perderão a confiança em sua economia, na sua liderança e no próprio Estado. Não há instituição monetária que sozinha consiga regular 15.000 moedas digitais diferentes, especialmente quando os países estão fazendo com elas o que querem.

A “dark web” 

O terceiro catalisador, segundo Liberman, é o que está acontecendo na dark web, um local de encontro para criminosos e atividades terroristas. Liberman disse que conheceu a dark web a partir de suas funções como ministro da Defesa e presidente do Comitê de Defesa e Relações Exteriores do Knesset.

“Isso se torna ainda mais complicado, com consequências de longo alcance, devido à capacidade de espalhar notícias falsas e teorias da conspiração”, disse ele. “O que estamos vendo nas redes convencionais é brincadeira de criança comparado com a dark web, onde há uma concentração de psicopatas criminosos, terroristas e espiões instalados na mesma rede.”

A ordem internacional 

O quarto catalisador, explicou ele, é a ruptura e o colapso da ordem e dos sistemas internacionais. Um exemplo disso, disse ele, pode ser visto em Viena, onde as superpotências mundiais continuam a negociar com o Irã em busca de um novo acordo nuclear. Elas conversam com os iranianos ao mesmo tempo em que o Irã está fornecendo mísseis balísticos e drones aos houthis no Iêmen e ordenando que eles ataquem os Emirados Árabes Unidos. “Ninguém é responsabilizado mais. Vemos um enfraquecimento das superpotências globais e de sua capacidade de criar ordem e valores.”

Quando lhe perguntaram o que ele faria, Liberman disse que “precisamos superar os problemas diários regulares em cada país para parar essas tendências. Há apenas uma chance, que é regular e coordenar juntos com todos os ‘big players’ trabalhando em uníssono”. O que isso significa, explicou ele, é fazer com que o G7 – um fórum político intergovernamental composto pelo Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos – trabalhe com a Rússia e a China para encontrar maneiras de regular uma nova ordem mundial e parar o curso em direção ao caos global. Ele admitiu abertamente que não tem certeza de que isso funcionará.

Profecia 

Embora saibamos que a profecia não se aplica propriamente ao período da Igreja e que, portanto, não será realmente cumprida até que a Igreja seja chamada ao lar, na vinda do Senhor para nós, no entanto quando ouvimos uma entrevista como esta, parece quase como se a profecia estivesse sendo cumprida diante de nossos olhos. A maioria de nós jamais esperava ver a condição deste mundo ir tão longe antes de sermos chamados ao lar.

O espaço não nos permitirá entrar em muitos detalhes, mas sabemos a partir de Apocalipse 6 que, depois que a Igreja é levada para estar com Cristo, Deus permitirá eventos que sistematicamente irão “tirar a paz da terra” (v. 4 – ARA). Haverá também escassez de alimentos (vs. 5-6) e, por fim, uma ruptura do governo e da autoridade (vs. 12-13). O sol representa autoridade suprema, a lua representa autoridade derivada, e as estrelas possivelmente representam indivíduos que são proeminentes no governo. Esses eventos provavelmente ocorrerão durante os primeiros 3 anos e meio da semana da tribulação e serão de natureza mais providencial. Eles servem como avisos ao homem, pois mais tarde, sob a trombeta e finalmente as taças de juízo (Ap 16), o homem verá a mão de Deus diretamente na completa ruptura do governo, negócios e comércio e na permissão de uma avalanche de poder satânico a engolir este mundo.

As preocupações de Liberman não devem ser menosprezados; elas são uma solene avaliação da condição deste mundo e baseiam-se em observações sólidas de alguém que esteve no governo por muitos anos. Infelizmente, ele não mencionou o Senhor em sua entrevista nem Lhe deu crédito por permitir todas essas coisas para exercitar nosso coração e avisar o homem quanto ao juízo vindouro. Mas os crentes hoje podem olhar para os acontecimentos mundiais e, à luz da profecia, podem ver como o Senhor está fazendo o homem se dar conta da terrível realidade do que está por vir.

As grandes potências 

No entanto, o remédio dele de fazer com que as grandes potências trabalhem juntas para trazer ordem e responsabilização de volta a este mundo, simplesmente, não vai acontecer. Pode haver algumas medidas temporárias colocadas em prática, mas as grandes potências de hoje estão ocupadas demais com os seus próprios interesses para trabalharem em conjunto pelo bem comum. A Rússia tem a sua própria agenda, procurando reforçar a sua influência global, e, enquanto escrevo, está reunindo tropas na fronteira da Ucrânia, procurando forçar a OTAN a concordar com as suas exigências. A China está adquirindo sistematicamente o controle sobre países menores por meio da chamada diplomacia da “armadilha da dívida”. Ao conceder grandes empréstimos sob certas condições a Estados financeiramente vulneráveis, ela não apenas aumentou a sua influência sobre eles, como também enredou alguns em armadilhas de dívida que corroem a soberania. Os Estados Unidos estão dilacerados pela polarização interna, e é muito improvável que o grupo G7 estará disposto a agir em conjunto para estabilizar a situação. O vírus COVID-19 complicou ainda mais toda a situação, fazendo com que as nações estejam ocupadas com sua própria saúde e bem-estar.

O amargo e o doce 

Tudo isso simplesmente aponta para o cumprimento da profecia, e, embora devamos lamentar por este mundo e pelos terríveis juízos que estão por vir, por outro lado, podemos olhar “para cima […] porque a vossa redenção está próxima” (Lc 21:28). Este mesmo princípio é ilustrado em Apocalipse 10:9-10, onde o livrinho do juízo era, na boca de João, “doce como mel”, mas depois de comê-lo, ele disse: “meu ventre ficou amargo”. A alegria de ser levado para casa para estar com o Senhor é temperada com a tristeza pelo juízo que se seguirá. Mas com tudo isso nosso bendito Senhor e Mestre terá o Seu lugar de direito. Dessa forma, podemos amar “a Sua vinda” (2 Tm 4:8), pois “havendo os Teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9).

W. J. Prost

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