Origem: Revista O Cristão – Tristeza e Alegria

José e Benjamim

“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30:5). Assim será com Israel quando as sombras existentes se renderem à realidade; a aparição de Cristo inaugurará a glória de Deus. Assim foi com o alvorecer de luz e benção celestial em Cristo para os Cristãos, e assim será quando esta era terminar e uma nova começar para Israel e as nações da Terra.

“E os varões tomaram aquele presente e tomaram dinheiro dobrado em suas mãos e a Benjamim; e levantaram-se, e desceram ao Egito, e apresentaram-se diante da face de José. […] Vendo, pois, José a Benjamim com eles, disse ao que estava sobre a sua casa: Leva estes varões à casa, e mata reses, e prepara tudo; porque estes varões comerão comigo ao meio-dia. E o varão fez como José dissera e o varão levou aqueles varões à casa de José. Então, temeram aqueles varões, porquanto foram levados à casa de José e diziam: Por causa do dinheiro que da outra vez voltou nos nossos sacos, fomos trazidos aqui, para nos criminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos e a nossos jumentos. Por isso, chegaram-se ao varão que estava sobre a casa de José, e falaram com ele à porta da casa, e disseram: Ai! Senhor meu, certamente descemos, dantes, a comprar mantimento; e aconteceu que, chegando nós à venda e abrindo os nossos sacos, eis que o dinheiro de cada varão estava na boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas mãos. Também trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento; não sabemos quem tenha posto o nosso dinheiro nos nossos sacos. E ele disse: Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, vos tem dado um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro me chegou a mim. E trouxe-lhes fora a Simeão. Depois, levou o varão aqueles varões à casa de José e deu-lhes água, e lavaram os seus pés; também deu pasto aos seus jumentos. E prepararam o presente, para quando José viesse ao meio-dia; porque tinham ouvido que ali haviam de comer pão. Vindo, pois, José à casa, trouxeram-lhe ali o presente que estava na sua mão; e inclinaram-se a ele até à terra. E ele lhes perguntou como estavam e disse: Vosso pai, o velho de quem falastes, está bem? Ainda vive? E eles disseram: Bem está o teu servo, nosso pai vive ainda. E abaixaram a cabeça e inclinaram-se. E ele levantou os olhos, e viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e disse: Este é o vosso irmão mais novo, de quem me falastes? Depois, ele disse: Deus te abençoe, meu filho. E José apressou-se, porque o seu íntimo moveu-se para o seu irmão; e procurou onde chorar, e entrou na câmara, e chorou ali. Depois, lavou o rosto e saiu; e conteve-se e disse: Ponde pão. […] E eles beberam e se regalaram com ele.” (Gênesis 43:15-34)

A bondade leva ao arrependimento 

A inspirada narrativa, em sua própria bela simplicidade, nos mostra Deus trabalhando na consciência dos filhos de Israel. Quão pouco eles ainda entendiam que Sua bondade os estava conduzindo ao arrependimento e que o irmão que eles tão profundamente injustiçaram e amargamente odiaram estava apenas realizando o melhor para eles por meio dos exercícios pelos quais eles passaram! O fato de terem sido convidados a entrar na casa do governador os encheu de apreensão. “Então, temeram aqueles varões, porquanto foram levados à casa de José e diziam: Por causa do dinheiro que da outra vez voltou nos nossos sacos, fomos trazidos aqui, para nos criminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos e a nossos jumentos”. Daí sua ânsia de contar a história de sua misteriosa descoberta e devolver o dinheiro que não era deles. Mas o mordomo assegurou-lhes que tudo estava certo quanto a isso, sem maiores explicações. Deus iria trabalhar mais profundamente ainda.

Afeição por Benjamim 

Enquanto isso, Simeão se junta a eles; e todos são tratados com a gentil atenção devida aos convidados, e os seus animais de carga também. Eles prepararam o presente para ser apresentado a José quando ele aparecesse. Muito ilustrativo é o encontro e as perguntas da parte dele por causa do amor que sentia, enquanto eles se curvavam repetidamente em reverência. “E ele levantou os olhos, e viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e disse: Este é o vosso irmão mais novo, de quem me falastes? Depois, ele disse: Deus te abençoe, meu filho. E José apressou-se, porque o seu íntimo moveu-se para o seu irmão; e procurou onde chorar, e entrou na câmara, e chorou ali.”

Quem pode deixar de perceber isso como uma cena de sentimento humano? Mas também tem um caráter muito mais profundo para aquele que lê com fé e conhece a bendita importância da graça a ser estendida por Um muito maior do que José quando Ele restaurar Seus culpados irmãos, e há muito alienados, ao conhecimento d’Ele próprio e de si mesmos! Que consequências gloriosas quando a bênção estiver sobre a cabeça de Jesus “naquele Dia” que está chegando e sobre a coroa da cabeça d’Aquele que foi separado de Seus irmãos!

Cristo não é apenas a chave para a verdade, mas é a plenitude dela, que, aqui, tão de perto está relacionada, não à Igreja dos lugares celestiais, mas ao povo terrenal de Deus, que deve estar interiormente preparado para o lugar a que está destinado diante de todas as nações da Terra, “a glória do Teu povo Israel”. Pois, figurativamente, Benjamim, o filho da destra de seu pai, deve ser unido a José, aquele que foi “separado de seus irmãos”, para a concretização da glória deles, que aguarda ser cumprida em seu próprio tempo.

W. Kelly (adaptado)

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