Origem: Revista O Cristão – Trombetas
A Trombeta e a Harpa
O toque da trombeta surpreende aqueles que estão adormecidos, mas a música da harpa ajuda a nos acalmar para dormir. A importância do ensino claro na assembleia para que todos possam ser edificados é comparada com as diferenças de sons dos instrumentos musicais, especificamente a trombeta e a harpa. “E mesmo coisas inanimadas que fazem som, seja flauta ou harpa, a menos que deem sons distintos, como se saberá o que se toca com a flauta ou com a harpa? Porque, se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?” (1 Co 14:7-8 – KJV).
Na jornada de Israel pelo deserto, as trombetas foram um importante meio de comunicação. Era imperativo que houvesse uma distinção entre um chamado para congregar e um alarme. Os movimentos de Israel teriam sido marcados por caos e desordem se as trombetas não tivessem soado corretamente (Nm 10:1-10).
As trombetas eram feitas de prata, simbolizando os direitos do Senhor sobre nós pela redenção. A prata era usada como dinheiro de expiação (Êx 30:12,15; 38:25; 1 Pe 1:18). O autor do hino expressou essa verdade muito bem quando escreveu:
Eu amo reconhecer, Senhor Jesus,
Tuas divinas reivindicações sobre mim;
Comprado com Teu sangue mais precioso,
De quem posso eu ser, senão Teu.
Os vários toques da trombeta
Os filhos de Israel deviam tocar a trombeta em várias ocasiões. Da mesma forma, o crente é responsável por declarar as reivindicações do Senhor sobre ele em todas as épocas, sejam dias de felicidade ou dias de angústia.
O ministério que nos exercita a reconhecer, na prática, a autoridade do Senhor em nossa vida pode ser comparado ao sonido de uma trombeta. O toque da trombeta surpreende aqueles que estão dormindo e é muito necessário quando há letargia e preguiça espiritual. O som da trombeta também é estimulante. Quão bom ouvir um ministério que nos dá direção, refrigera nosso espírito, acelera nossos passos e nos encoraja a seguir em frente.
Na Escritura, o toque da trombeta frequentemente está relacionado com a vitória (Js 6:20; Jz 7:20; 1Ts 4:16). É um grande testemunho quando as almas se posicionam publicamente a favor de Cristo e confessam Seu nome em meio ao escárnio e ao ridículo.
Mau uso da trombeta
Existe o perigo, no entanto, de mau uso da trombeta. Uma trombeta tocada na hora errada pode ser muito dissonante e rude. Também é importante que uma distinção seja feita em como ela é soada. Às vezes, uma trombeta é soada na esperança de energizar o povo de Deus a fazer progresso espiritual e unir-se nos interesses de Deus. Em vez disso, um alarme soou e o povo de Deus confunde o barulho com um chamado para a batalha. Equívocos e atrito são o resultado. Devemos lutar fervorosamente pela fé, mas com que cautela a trombeta deve ser usada para que uma mensagem errada não seja enviada!
O ministério dos profetas da antiguidade tinha o caráter de uma trombeta. A missão deles era chamar o povo de Deus ao arrependimento por meio de um ministério que lidasse fielmente com seu estado espiritual. A atitude do povo era de indiferença às reivindicações de Deus, enquanto continuavam em um curso obstinado de concupiscência, arrogância e impudência. No entanto, esses mesmos profetas trouxeram mensagens de alegria e esperança. É um tempo bem gasto examinar os escritos de Isaías, Jeremias, Joel, Ageu, Malaquias, bem como dos outros profetas, para encontrar essas palavras de consolo. Essa linha de ministério corresponderia à harpa.
O som da harpa
Enquanto uma trombeta despertaria alguém do sono, uma harpa ajudaria a adormecer. O Senhor Se deleita em que tenhamos descanso e paz em Sua presença. Davi usou a harpa para aliviar Saul do perturbador espírito maligno. Que influência que acalma é trazida por alguém que está andando em comunhão com o Senhor! Quão raro é o ministério da harpa!
Para que a harpa dê seu belo som, as cordas devem estar esticadas. O Senhor frequentemente aperta as cordas de nossa vida para que possamos dar um som belo e verdadeiro. Pode ser por meio de provações, problemas de saúde, dificuldades financeiras, tristezas familiares, problemas de assembleia, demandas seculares, pressões sociais, perda de entes queridos, rejeição, isolamento ou incompreensão. O Senhor trabalha em nós para que sintamos necessidade d’Ele e nos aproximemos d’Ele.
Paulo escreveu, em 2 Coríntios 1:4, sobre o consolo que recebeu de Deus, e isso o habilitou a ser um consolo a outros. Se alguém falasse, apenas em teoria, do consolo de Deus, sem alguma experiência prática de primeira mão, soaria tão discordante quanto uma harpa frouxamente afinada. Deus insiste em realidade. Precisamos tanto do ministério da trombeta para nos estimular quanto do ministério da harpa para nos acalmar. É necessário cuidado para não dedilhar a harpa quando a trombeta deveria ser tocada, nem tocar a trombeta quando o som suave da harpa é necessário. Que possamos buscar a mente do Senhor para saber como e quando usar as duas. “Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação [a trombeta] e consolação [a harpa]” (1 Co 14:3).