Origem: Revista O Cristão – Trombetas
A Trombeta de Chifres de Carneiro, As Trombetas de Prata e A Última Trombeta
1. A trombeta de chifres de carneiro – juízo
Abra em Josué 6 e veja aqueles sacerdotes marchando atrás dos homens armados ao redor da cidade de Jericó por sete dias, e no sétimo dia eles rodeiam a cidade sete vezes. Ouça aqueles sonidos altos, roucos, de despertar, que eles tocam com aquelas trombetas de chifres de carneiro. Esgotados e cansados de marchar ao redor da cidade, será que eles esperavam derrubar as fortes muralhas de Jericó com aqueles sonidos fracos?
Havia alguns que se abrigaram na casa de Raabe, o único lugar seguro naquela cidade, onde o cordão de escarlata estava pendurado na janela, mas a cidade, como um todo, desprezou os avisos. Finalmente, chega o momento – a última nota soou –, foi dada a ordem para levantar o grito de vitória; o grande poder de Deus derruba as paredes, enquanto a espada do juízo faz a sua obra mortal sobre os habitantes. Assim será com este mundo.
Agora veja outro exemplo no livro de Jonas. Jonas é enviado àquela grande cidade de Nínive para anunciar o juízo vindouro, porque a maldade dela subiu até Deus. Ouça a nota alta e alarmante que ele soa: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida”. Graças a Deus, a nota que Jonas soou foi eficaz. O povo ouviu, se arrependeu e foi salvo do juízo que ele anunciou.
Assim é neste grande mundo ímpio e perverso. Ouça novamente aquele longo e alto sonido, de assustar a alma, que o apóstolo soou em Atos 17:30-31: “Deus ordena a todos os homens em todos os lugares que se arrependam, porquanto designou um dia, no qual Ele julgará o mundo com justiça, por meio do varão que Ele ordenou” (KJV). A trombeta de chifre de carneiro já soou sua nota de aviso. Se você perecer no lago de fogo, você se lembrará de que ouviu o juízo ser anunciado, mas não deu atenção, e então você está perdido, eternamente perdido. “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (At 16:31).
2. As trombetas de prata – graça
Agora que ouvimos os solenes sonidos de juízo, deixe-me voltar sua atenção para as doces notas da graça. Primeiro, leia Números 10, com suas duas trombetas de prata. A prata tipifica a graça na expiação. O povo de Israel tinha que dar metade de um siclo para fazer expiação por suas almas (Êx 30:11-16). Essas trombetas de prata eram para a convocação da congregação, bem como para outros usos, e somente os sacerdotes podiam tocar essas trombetas ou as de chifres de carneiros. Homens consagrados a Deus devem fazer a obra de Deus. E não está Ele reunindo Sua assembleia agora? Ele está fazendo com que Seus servos toquem, através das trombetas de prata, as doces notas da graça e reúnam os Seus amados – aqueles comprados por Seu sangue – neste mundo, antes que a última trombeta soe para chamá-los para outro mundo. Graças a Deus que Ele está fazendo isso.
Abra em Levítico 25:9-10 – “Farás passar a trombeta […] no Dia da Expiação […] e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores […] e tornareis, cada um à sua possessão, e […] à sua família”. Como isso é precioso; as trombetas de prata soam sua doce nota no ano do Jubileu, no Dia da Expiação. Tudo é baseado na expiação. Que ano de alegria! Quão precioso para o pobre e cansado escravo, ao sair de sua servidão “um homem livre”. Ah, a liberdade só é valorizada quando a escravidão é sentida. A liberdade do evangelho só é mais apreciada quando o trabalho penoso e a escravidão do diabo foram experimentados.
Quão abençoado é ouvir o próprio Senhor soar aquela doce nota na sinagoga em Lucas 4:18: “[Ele] enviou-me […] para proclamar libertação aos cativos […] para pôr em liberdade os oprimidos” (ARA). A redenção foi cumprida, e agora Ele diz a Seus servos: Ide e tocai a nota da graça, para “das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão dos pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em Mim” (At 26:18 – ACF). O evangelho da graça de Deus está ressoando por toda parte, suave e docemente por meio das trombetas de prata.
3. A última trombeta – glória
Agora, apenas uma palavra sobre a última trombeta (1 Co 15:51-52). “Eis aqui vos digo um mistério: […] nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta”. Por meio da misericórdia do Senhor, alguns de nós fomos despertados pelos fortes, solenes e alarmantes sonidos de juízo; então, ouvimos as doces e abençoadas notas prateadas da graça e tivemos paz em nossa alma. Agora estamos esperando o soar da “última trombeta” para nos convocar à glória. Quão consolador, para os que confiaram em Cristo, saber que estaremos lá com Cristo para sempre. Esperamos o soar da última trombeta para nos chamar de volta.
Suponho ser isto uma figura romana. A primeira trombeta era para desmontar suas tendas; a segunda trombeta era para entrar em ordem de marcha; a última trombeta era para marchar. Quão precioso é o pensamento de que tudo está pronto para soar a última trombeta. Não esperamos a morte, nem procuramos sinais. Esperamos pelo próprio Senhor; aguardamos a última trombeta. Então as tristezas cessarão, então as provações terminarão, então os cansados peregrinos entrarão na casa do Pai e estarão para sempre com o Senhor.
Oh, a alegria de encontrá-Lo! Quem consegue expressá-la? E a última trombeta é o anúncio de que Aquele que vem chegou, e marchamos para encontrá-Lo – ou, como diz o Espírito, “Seremos arrebatados […] a encontrar o Senhor nos ares” (1 Ts. 4:17). Quão precioso é o pensamento de que é Ele mesmo Quem está vindo: “Porque o Senhor mesmo descerá do céu” (TB). Estou certo de que o anseio em nossa alma pela Sua vinda precisa ficar mais forte novamente. Ainda um pouquinho mais de tempo, e a nota de boas-vindas soará no ar. Num momento, teremos ido embora – arrebatados, transformados –, nosso corpo de humilhação conforme o Seu corpo de glória (Fp 3:21), e entraremos naquelas cortes acima, para compartilhar a glória para sempre. Estaremos com Aquele que nos amou e Se entregou por nós, e a Quem seja a glória para todo o sempre. Amém.
W. E.