Origem: Revista O Cristão – A Criação de Filhos Parte 1
Redes Sociais
Mídia social é um termo usado com frequência hoje em dia e, para nossos propósitos, pode ser definido como sendo “ferramentas de comunicação baseadas na Web que permitem que as pessoas interajam umas com as outras compartilhando e consumindo informações”. Tecnicamente falando, entidades como rádio, televisão e até telefone também fazem parte das mídias sociais, mas geralmente o termo é usado hoje em conexão com a Internet e inclui coisas que exigem a Internet, como e-mail, mensagens de texto, Facebook, Instagram, WhatsApp, Twitter e vários outros. Computadores pessoais e telefones celulares permitem o uso dessas coisas. Aqueles de nós que pertencem a gerações mais velhas tiveram que aprender a usar essas coisas “de improviso”, pois não crescemos com elas. Já para nossos filhos e netos, elas sempre fizeram parte da vida deles.
A questão
Como acontece com todas as novas invenções, as mídias sociais e o equipamento necessário para operá-las não podem ser ignorados. Nossos filhos serão expostos a eles e precisarão usá-los; devemos ensiná-los a fazerem um uso adequado deles. Como acontece com a maioria das novas invenções, existem pontos positivos e negativos que devemos reconhecer. Não devemos permitir que os aspectos negativos dessas coisas obscureçam seus usos positivos.
A mídia social mudou a maneira como as crianças e os jovens aprendem e facilitou muito o ensino em casa [home schooling]. Isso permitiu que eles interagissem não apenas com os professores pela Internet, mas também uns com os outros. As redes sociais permitiram que eles trabalhassem em grupos e, assim, aprendessem com seus colegas, bem como com professores e pais. Em nossa atual pandemia de COVID-19, elas também permitiram que muitos adultos trabalhassem em casa.
Comunicação
Os jovens também têm conseguido manter amizades com outros jovens que talvez não possam visitar. Novamente, isso está sendo particularmente útil durante a pandemia de COVID-19. Às vezes, também, é a única maneira de se comunicar com outros jovens em áreas do mundo onde os correios podem não ser confiáveis e às vezes inexistentes.
O “Zoom” possibilita reuniões com pessoas de todo o mundo, a um preço muito razoável. O “Skype” já é usado há algum tempo, é claro, e também permite que aqueles que moram muito distantes se conectem não apenas por voz, mas face a face, por meio de vídeo. As reuniões virtuais têm sido muito encorajadoras durante a pandemia de COVID-19, quando reunir-se presencialmente pode ser proibido em algumas áreas.
Efeitos negativos
No entanto, os efeitos negativos do acesso ilimitado às redes sociais também são bem conhecidos. Provavelmente, o principal problema é o vício, em que mensagens de texto, jogar videogame e simplesmente falar ao celular podem assumir proporções tais na vida de crianças, jovens e adultos que as interações na vida real quase se tornam inexistentes. E se uma interação na vida real ocorre, a distração constante de um telefone celular anula o valor de qualquer comunicação presencial.
O perigo real também está envolvido em mais de uma maneira. A exposição constante às redes sociais sem limitações trará inevitavelmente material prejudicial, como conteúdo sexual, exposição a predadores (que são muito espertos) e coisas como cyberbullying. Alguém comentou que, se a televisão trouxe o mundo para dentro de casa, a exposição indiscriminada às mídias sociais nos leva para o mundo. Isso é verdade, e “tudo o que há no mundo […] não é do Pai, mas do mundo” (1 Jo 2:16).
Distração
Outro perigo é a distração do trabalho escolar, com um efeito negativo na concentração e nas notas. Ansiedade e depressão também podem ocorrer, pois a mente está sobrecarregada com materiais estranhos que frequentemente estimulam as emoções e impedem o descanso e relaxamento adequados.
Finalmente, a distração das redes sociais, especialmente com telefones celulares e talvez ouvir música o tempo todo, pode fazer com que os jovens fiquem alheios ao que os rodeia. Em Toronto, Ontário, Canadá, há alguns meses, uma adolescente foi morta enquanto caminhava pela rua, atropelada por um caminhão, enquanto se distraía com música alta que saía de seus fones de ouvido conectados a seu telefone celular. Pouco depois, outra adolescente dirigiu seu carro em um cruzamento ferroviário (com os sinais piscando) e foi morta por um trem, novamente por causa da distração de seu telefone celular.
Em vista de tudo isso, os pais podem se perguntar: Como vamos lidar com tudo isso? Como sempre, precisamos de equilíbrio e capacidade de tomar decisões perante o Senhor, dependendo de todas as circunstâncias da situação. É impossível em um artigo como este cobrir todas as possibilidades, mas talvez alguns comentários possam ser necessários.
Controle
Em primeiro lugar, é muito importante permitir que as crianças tenham uma infância real e não permitir que se entreguem às redes sociais desde tenra idade. Sim, elas podem ter que aprender a usar computadores e a Internet, pois mesmo nas séries iniciais, pode-se esperar que façam pesquisas e usem um computador em seus trabalhos escolares. Mas não precisam ter acesso constante a ele, e o tempo gasto nele não deve ser apenas limitado, mas supervisionado. Isso é especialmente verdadeiro quando o computador é usado para recreação. Conheci uma família que permitia que seus filhos jogassem videogame pelo mesmo período que praticavam as aulas de piano. (Isso geralmente resultava em não mais do que meia hora para videogames!)
O slogan “Espere até a oitava” foi proposto pela primeira vez por uma mãe em Austin, Texas, EUA, pedindo aos pais que esperassem até que seus filhos estivessem na oitava série antes de permitir que tivessem seus próprios telefones celulares e, além disso, esperassem até que eles tivessem dezesseis anos antes de permitir que tivessem acesso aos dados móveis. Embora isso possa não ser prático para todas as situações, é uma solução que está sendo seguida até mesmo por pais não Cristãos.
Exemplo
Em segundo lugar, é importante que os pais deem um bom exemplo. Nossa vida como Cristãos gira em torno das redes sociais, mesmo se controladas, ou gira em torno das coisas do Senhor? Reservamos tempo para ler a Palavra de Deus e somos como os que “usam deste mundo, como se dele não abusassem [ou, “não o tendo como sendo seu” – JND]”? (1 Co 7:31). É óbvio para nossos filhos que “nossa comunidade tem sua existência nos céus” (Fp 3:20 – JND) e que nossas esperanças não estão neste mundo? Se nós, como pais, somos viciados em redes sociais, não podemos esperar que nossos filhos não sejam também.
Bom relacionamento
Por fim, e talvez o mais importante, precisamos cultivar um bom relacionamento com nossos filhos, para que nos conheçam e gostem de estar conosco. Isso exige esforço, mas é muito necessário, pois, se não tivermos tempo para nossos filhos, eles logo encontrarão caminhos mundanos para seu tempo e energia. Os pais que planejam atividades saudáveis para seus filhos (especialmente atividades ao ar livre) e que reservam tempo para ler para eles, brincar com eles e desfrutar de sua companhia descobrirão que o desejo de exposição constante às redes sociais diminuirá.
Divulgação
Um dos maiores presentes que os pais podem dar aos filhos é ensiná-los a estender a mão para outras pessoas, fazer coisas pelos necessitados e envolver-se na divulgação da obra do evangelho. Há muito a ser feito neste pobre mundo, e há muitos dentro da esfera de nosso conhecimento que gostariam de receber uma ajuda. Isso se aplica tanto aos crentes quanto aos incrédulos. Um velho irmão, há muito tempo com o Senhor, costumava nos dizer que era o Cristão que estava ocupado na obra do Senhor que dificilmente seria atraído pelas coisas do mundo. Se estivermos conscientes de nossa responsabilidade em assumir os interesses de Cristo neste mundo, ficaremos felizes em usar qualquer tecnologia disponível para promover esse fim, mas não a usaremos para gratificar a carne e desperdiçar nosso tempo.
Mais uma vez, não estamos tentando resolver todos os problemas que os pais Cristãos enfrentam com as mídias sociais. A oração pessoal e a busca da mente do Senhor são as únicas maneiras de lidar com isso, pois as situações individuais variam muito. O Senhor dará sabedoria para cada um de nós em nossas circunstâncias particulares, se Lhe pedirmos.