Origem: Revista O Cristão – Pedras
A Pedra “Ebenézer”
É importante considerarmos como a oração é usada em tempos de dificuldade, e vemos isso mostrado de maneira impressionante no caso de Samuel. Ele próprio é o dom da oração, conforme seu nome declara (ouvido por Deus), e em seu serviço a Israel ele usa a oração mais do que qualquer um de seus antecessores. De fato, ele nos apresenta e nos prova o poder da oração.
Em 1 Samuel 7, encontramos um exemplo de livramento e socorro concedidos em resposta à oração, e o espírito de verdadeira dependência em um momento de grande dificuldade. “Clamou Samuel ao SENHOR por Israel, e o SENHOR lhe deu ouvidos. E sucedeu que, estando Samuel sacrificando o holocausto [Cristo, o fundamento de nossa aceitação], os filisteus chegaram à peleja contra Israel; e trovejou o SENHOR aquele dia com grande trovoada sobre os filisteus e os aterrou de tal modo, que foram derrotados diante dos filhos de Israel […] Então, tomou Samuel uma pedra, e a pôs entre Mispa e Sem, e chamou o seu nome Ebenézer, e disse: Até aqui nos ajudou o SENHOR” (1 Sm 7:9-12).
Quando recebemos a misericórdia do Senhor, é importantíssimo que a reconheçamos. Podemos orar e receber, porém o momento que perpetua a misericórdia não é a misericórdia em si, mas o Ebenézer – o coração reconhecendo o quanto Deus nos ajudou e nos socorreu. A misericórdia concedida foi grande (um dia para ser lembrado por Israel), mas não é o que foi feito, nem mesmo a maneira maravilhosa como foi feito, o que é erguido como monumento; é o testemunho dado pelo coração da infalível ajuda de Deus – o Ebenézer: “Até aqui nos ajudou o SENHOR”. Eu O conheço e O confesso como meu ajudador até aqui; a misericórdia pode permanecer ou pode passar; o Ebenézer permanece para sempre. Aqui Samuel põe uma pedra como um monumento sólido e permanente do livramento efetuado pelo Senhor. Eu não apenas recebi como também conheço Aquele de quem recebi. Eu tenho um julgamento fixado a respeito d’Ele e meu coração registra isso. Essa é a verdadeira força do coração. Está claro e cristalino para mim que foi a Sua mão que operou.
Dependência e confiança
Acredito que as almas perdem imensamente por não serem capazes de registrar mais distintamente que até aqui Ele as ajudou. É o conhecimento experimental de Deus o que se adquire pela verdadeira dependência d’Ele. Quando temos verdadeira confiança n’Ele por causa do que Ele é e do que Ele tem sido conosco, somos capacitados a prosseguir apesar de todas as dificuldades, e então não temos confiança própria. Nossa tendência é a de não ter plena confiança n’Ele, e, mesmo tendo orado, talvez tenhamos poucos Ebenézeres – poucos monumentos – poucas firmes percepções em nosso coração do poder e socorro de Cristo; e, então, buscamos confiança em nós mesmos, algo que circunstâncias fáceis tendem a alimentar. A pessoa ora de maneira ampla e plena na proporção em que confia em Deus, e se eu realmente O conheço como meu Ajudador, se tenho um Ebenézer certo, posso facilmente e simplesmente olhar para Ele. O grande princípio da oração é eu conhecer Aquele a Quem estou me dirigindo e estar contando com Sua ajuda.
Filadélfia
Na igreja de Filadélfia (Ap 3), há o senso de necessidade de ajuda bem como o conhecimento do ganho que se tem com ela, enquanto o estado em Laodiceia é “de nada tenho falta” – nenhum senso de como a ajuda pode ser útil, pois não há reconhecimento de que ela é necessária. Devemos ver a oração como o prelúdio da bênção e, assim, ser capazes de erguer nossos Ebenézeres. Sei o que Deus é e como Ele me ajudou até aqui, e estou esperando e contando com Sua ajuda. Não devemos somente reconhecer nossas fraquezas e necessidades (essa é a primeira coisa), mas precisamos contar com a ajuda e socorro.
A oração é um poderoso motor pelo qual os recursos de Deus nos são disponibilizados. Somente posso desfrutar disso como alguém necessitado, e não como alguém satisfeito consigo mesmo e autoconfiante. À medida que exercito meu coração em meus Ebenézeres, tocando no que Ele tem sido para mim, mais sou encorajado a seguir em fé e perseverar “em oração […] com ação de graças”.
Christian Truth, Vol. 2 (adaptado)