Origem: Revista O Cristão – Fraqueza e Força

Rei Uzias – Fortalecido e Forte

Em 2 Crônicas 26:5-16 aprendemos que o rei Uzias “deu-se a buscar a Deus nos dias de Zacarias, sábio nas visões de Deus; e, nos dias em que buscou o SENHOR, Deus o fez prosperar”. Ele saiu e guerreou, e “Deus o fez prosperar”. “Porque se fortificou altamente”. Ele construiu torres em Jerusalém e as fortificou, e torres no deserto, e cavou muitos poços. Também tinha lavradores e videiras nas montanhas e no Carmelo. Além disso, ele tinha uma série de combatentes que foram à guerra por bandos. O número total dos chefes das casas paternas, homens valorosos, era de dois mil e seiscentos. E sob as suas ordens havia um exército disciplinado de trezentos e sete mil e quinhentos homens, que guerreavam valorosamente, para ajudarem o rei contra os inimigos. Uzias proveu ao exército inteiro escudos, lanças, capacetes, couraças e arcos, e até fundas para atirar pedras. E ele fabricou em Jerusalém motores, inventados por homens capacitados, para estar nas torres e nos baluartes, para disparar flechas e grandes pedras. Não precisamos nos debruçar sobre a descrição do numeroso exército do rei Uzias, nos voltaremos para a instrução de Deus para nós mesmos. “E voou a sua fama até muito longe, porque foi maravilhosamente ajudado até que se tornou forte. Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper”. De todas as palavras que encontramos, há poucas mais notáveis que essas.

Alguém poderia pensar que o objetivo a ser alcançado por Uzias era ser forte, mas a força que naturalmente cobiçamos é a independência de Deus. Se lembrarmos que toda a força real deriva da plenitude que existe em Jesus, sempre poderíamos dizer com Paulo: “quando estou fraco, então, sou forte” (2 Co 12:10). Precisamos ser privados de todos os recursos em nós mesmos, para que possamos conhecer que nossa força está n’Ele. Quando Uzias se sentiu forte, Deus o deixou. Existe um grande perigo de colocarmos múltiplas ferramentas no lugar do próprio Senhor; podemos operar toda a rodada de ferramentas e esquecer que elas não são a fonte.

Forte 

Qual tem sido a história da Igreja? Ela foi maravilhosamente ajudada até ficar forte; quando ela estava forte, seu coração se elevou. Os santos de Corinto multiplicaram recursos, homens, sabedoria e coisas do gênero, e foram tentados a pensar que, pelo exercício dessa sabedoria poderiam refutar os pagãos. Mas eles foram informados pelo apóstolo: Não! É somente trazendo a “sabedoria de Deus”, que é loucura para o homem, e a força de Deus, que é fraqueza para o homem. No livro de Atos, o Espírito de Deus nos mostra que a Igreja, quando em número reduzido, foi maravilhosamente ajudada. Mas logo a Igreja começou a olhar para si mesma, para seus próprios recursos e grandeza, em vez de olhar para o Senhor! E isso tem uma voz para nós mesmos? Nossa bênção está em tomar o lugar da fraqueza, para que Deus possa, por Seu próprio nome, fornecer ajuda.

Existe perigo em supor que tenhamos alcançado algo. É uma marca de fracasso quando um Cristão olha para sua própria honra e crédito, em vez da honra do Senhor. A grande coisa é ter respeito por Seu nome, pois um olhar simples estará ocupado com Cristo.

Exaltou-se o seu coração 

É uma palavra muito forte que temos aqui em referência a Uzias – “exaltou-se o seu coração até se corromper”. Mas há uma palavra tão forte quanto a essa no Novo Testamento: “Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção”. Se alguém, mesmo um santo de Deus, “semeia na sua carne”, colherá apenas uma triste colheita de corrupção, tendo todo o seu tempo sido esbanjado. Precisamos dar atenção às palavras perscrutadoras das Escrituras, não nos afastando delas sob a suposição de que elas não podem se aplicar a nós. Esse pensamento tem sido a fonte de muito dano na Igreja. A alma que prosperará é a que treme ao ouvir a Palavra de Deus e está disposta a enfrentar as partes mais exigentes dela. O santo de Deus pode semear na carne, pode andar “segundo a carne”, pode “guerrear segundo a carne”; mas o fim miserável será que ele “da carne ceifará a corrupção”. Quando Uzias era forte (sua força estava em seus próprios recursos), seu coração se “exaltou” – mais como o coração de Nabucodonosor, rei da Babilônia (Dn 4:20) do que o do rei de Judá ungido de Deus. Um coração que está “exaltado” está em um estado perigoso e está quase sempre à beira de uma queda.

Embora Uzias fosse o rei ungido de Deus, não o sacerdote ungido de Deus, nenhuma atitude dele foi refreada. Nós o encontramos transgredindo “contra o Senhor seu Deus” e entrando no templo do Senhor para queimar incenso sobre o altar de incenso, que não lhe pertencia, mas apenas aos sacerdotes, os filhos de Arão que foram consagrados para queimar incenso. Também tomemos cuidado em lidar com o Senhor em familiaridade profana; um espírito humilde é sempre um espírito confiante, mas um espírito humilde pode confiar apenas no sangue de Jesus; não se apressa na presença de Deus como o homem que está “exaltado” em seu coração. Só podemos chegar a tal presença pelo incenso do Senhor Jesus, não pelo crédito de nossas próprias graças, ou devoção, ou com fervor carnal.

O lugar de um sacerdote 

Azarias, o sacerdote, com oitenta sacerdotes, homens valentes, resistiu ao rei. “Então, Uzias se indignou […] indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu à testa perante os sacerdotes, na Casa do SENHOR” (2 Cr 26:19).

Amados, esta história do rei Uzias está escrita para nossa advertência. Elevar o coração é sempre uma busca de algo pessoal, não uma busca pelas coisas de Deus. Temos (bendito seja Deus) a liberdade de entrar no santo lugar, pois somos sacerdotes diante de Deus pelo sangue de Jesus, mas é sempre através do incenso de nosso grande Sumo Sacerdote.

No capítulo 27:6, não foi mencionado o grande exército de Jotão: “Se fortificou Jotão, porque dirigiu os seus caminhos na presença do SENHOR, seu Deus”. É assim que o santo cresce em força prática. Assim foi com os tessalonicenses; “da obra da vossa fé, do trabalho da caridade e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai”. Jotão colocou o Senhor sempre diante dele e continuou com um teor uniforme de conduta. Aos olhos do homem, ele não era tão poderoso quanto Uzias, mas o Espírito Santo registrou seu nome como o de um “poderoso” aos olhos de Deus.

Christian Truth, Vol. 11

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