Origem: Revista O Cristão – Fraqueza e Força
Força na (Aparente) Derrota
Por toda a Palavra de Deus, somos encorajados a ter fé em Deus e a recorrer à Sua força e poder em nossas vidas. Para fazer isso, é claro, devemos reconhecer nossa própria fraqueza e entender claramente “que não é do homem o seu caminho, nem do homem que caminha, o dirigir os seus passos” (Jr 10:23). Mas se olharmos para a história do homem, teremos bastante exemplos, especialmente no Antigo Testamento, de homens que quando não tinham força se debruçaram sobre Ele e tiveram vitórias impressionantes. Nós vemos Abraão armando seus 318 servos e derrotando a confederação de quatro reis, que tinham acabado de derrotar outra confederação de outros cinco reis. Vemos os filhos de Israel passando pelo Mar Vermelho, enquanto os egípcios foram afogados por tentar segui-los. Vemos Israel conquistando a terra de Canaã, apesar de amplamente superados em número pelos inimigos. Vemos Davi, que era apenas um jovem, matando Golias, que não era apenas um gigante, mas um homem habilidoso na guerra. A lista continua daqueles que, contando com o poder de Deus, conquistaram grandes vitórias. Parte dessa história é registrada em Hebreus 11, e especialmente a história da família de Abraão e, posteriormente, Moisés e os filhos de Israel.
Finalmente, alguns são mencionados sem detalhes, temos – Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas (Hb 11:32). (Observe que os quatro primeiros nomes não são dados em ordem cronológica, mas talvez na ordem da força de sua fé). Os triunfos desses homens (também das mulheres!) estão bem documentados para nós nas Escrituras. Mas então, no meio do versículo 35, lemos: “uns foram torturados, não aceitando o seu livramento […] E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões” (vs. 35-36). Pode parecer, à primeira vista, que eram pessoas sem fé, pois não experimentaram a demonstração externa do poder e da libertação de Deus. No entanto, o Espírito de Deus registra que “todos estes” estavam entre aqueles que tinham obtido “testemunho pela fé” (v. 39). Alguns podem perguntar como isso poderia acontecer, se houvesse verdadeira fé em seus corações.
Provado com fogo
Devemos reconhecer que Deus é glorificado quando Seu povo obtém grandes vitórias por meio de Sua força, mas que Ele também é glorificado quando crentes “sofrem agravos, padecendo injustamente” (1 Pe 2:19). Deus às vezes glorifica Seu nome, demonstrando Seu poder em nome de Seu povo, e podemos ser muito gratos por isso. Contudo, a maior demonstração de fé, a que traz a maior honra ao Senhor, é encontrada quando Seu povo continua firme em sua confiança, mesmo quando não é recompensado externamente no momento. No primeiro caso, nossa fé é recompensada aqui embaixo, no outro, devemos esperar a recompensa na ressurreição. Alguém observou apropriadamente que “Deus pode testar nossa fé, mas nunca desapontará nossa fé”. Isso é verdade, mas os testes podem continuar por toda a vida, sem parecer que haverá recompensas. Então, nossa fé é realmente “provada pelo fogo”, mas essa prova severa de nossa fé será encontrada “em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1:7). Há uma glória em ter Deus entrando com Seu poder aqui embaixo e demonstrando claramente Sua capacidade de nos libertar, mas há uma glória ainda maior quando Seu povo suporta tudo o que pode vir contra eles, sem nenhum alívio externo, mas continua a honrar o Senhor andando com fidelidade.
Nenhuma intervenção aberta
Nestes últimos dias, talvez estejamos vendo mais disso, à medida que a rejeição de Cristo se torna cada vez mais pronunciada neste mundo. No entanto, Deus não intervém abertamente nos assuntos dos homens, embora sem dúvida permita que eventos como furacões, terremotos, incêndios e inundações ocorram, para alertar os homens sobre o julgamento vindouro. Mais do que isso, Ele está trabalhando nos bastidores e movendo tudo em uma direção para realizar Seus propósitos. Enquanto isso, os crentes estão descobrindo a verdade das palavras de nosso Senhor: “No mundo tereis aflições” (Jo 16:33), e: “Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim” (Jo 15:18). É triste dizer que alguns estão sucumbindo à pressão e decidindo que o caminho Cristão é muito difícil, que é melhor se comprometer um pouco e desfrutar de algum alívio das dificuldades do que seguir um Cristo rejeitado. Mas o Senhor nos deu um encorajamento maravilhoso.
Lembre-se de Jesus Cristo
Estamos dispostos a ser como nosso Senhor e Mestre? Vale ressaltar que em Hebreus 11:35-38 nenhum nome é dado. No início do capítulo, os nomes são dados para os que foram vitoriosos na fé, mas nenhum para os que sofreram sem serem libertos. Embora não pretenda explicar isso completamente, eu sugeriria que o Espírito de Deus não deseja desviar nossos olhos daquele que é o exemplo supremo disso. Houve alguém que sofreu como nosso bendito Senhor sem ser libertado? Ele pôde dizer profeticamente no Salmo 22:4, 6: “Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste […] Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo”. Mais do que isso, ele pôde dizer: “Deus Meu, eu clamo de dia, e Tu não me respondes” (Sl 22:2 – JND). Não apenas não houve libertação, mas até o Seu clamor ficou sem resposta. No entanto, o que as Escrituras nos exortam a fazer? Lemos em 2 Timóteo 2:8, “Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho”. Paulo também estava sofrendo, sem libertação, mas diz a Timóteo que se lembre de que a recompensa pela fidelidade aqui embaixo virá em ressurreição, e não necessariamente neste mundo. Foi assim para o nosso bendito Mestre, e “basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo ser como seu Senhor” (Mt 10:25).
Uma perspectiva eterna
As dificuldades do caminho são muitas nestes últimos dias. Em alguns países, continua a perseguição aberta aos crentes, até a morte. Em outros, a vida se tornou complicada e desafiadora, especialmente para os jovens, encontrar uma carreira adequada, estabelecer um lar e criar uma família é muito mais complicado do que há alguns anos. Alguns estão “optando por sair”, e especialmente quando veem outros que abandonam e parecem se dar bem. Se somos tentados a fazer isso, lembre-se de que a fidelidade nunca passará despercebida pelo Senhor e nunca ficará sem ser recompensada. Mas devemos ter uma perspectiva eterna, pois “as (coisas) que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Co 4:18).