Origem: Revista O Cristão – Conhecimento
Autoconhecimento
Nós ouvimos muito sobre autoconhecimento no mundo hoje em dia. A importância de conhecer a nós mesmos é frequentemente ensinada. Muitos livros foram escritos sobre o assunto, e vários testes são divulgados para nos ajudar a alcançar esse objetivo, tais como tipo de personalidade, testes de QI, questionários que determinam nossa aptidão para diferentes carreiras e outros que avaliam nossos pontos fortes e fracos. Em um mundo que abraçou amplamente o humanismo secular, nos é dito que “desenvolver o autoconhecimento é provavelmente a coisa mais importante que podemos fazer pela felicidade”.
Tal pensamento não é novo, pois foi Sócrates quem cunhou a frase: “Conhece-te a ti mesmo”, mas ele foi além e disse: “Conhecer a ti mesmo é o começo da sabedoria”. No entanto, até mesmo o homem natural reconhece as limitações e a futilidade de tudo isso, pois alguém observou: “Quem estuda a si mesmo impede seu próprio desenvolvimento”. Outro escritor fala sobre “o manuscrito nunca completo que é o conhecimento de si mesmo”. Como crentes, podemos nos perguntar como tudo isso se encaixa na Palavra de Deus. É certo nos conhecermos? Se sim, até onde podemos ir no autoconhecimento? É útil em nossas vidas Cristãs gastar nosso tempo nessas coisas?
O Negativo e o Positivo
Por um lado, é útil para nós, como crentes, saber algo sobre nós mesmos, tanto negativamente quanto positivamente. Do lado negativo, muitos de nós, especialmente aqueles que cresceram em lares Cristãos, não percebem as profundezas do pecado de que nossa velha carne pecaminosa é capaz. É possível perceber isso pela revelação divina, pois a Palavra de Deus nos diz, através do apóstolo Paulo, que: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18). Mas a maioria de nós, teria que admitir que Deus nos coloca em experiências que nos fazem perceber o que está em nosso coração. Pedro era autoconfiante de que nunca negaria o Senhor e tinha que passar por uma amarga experiência para aprender sobre sua fraqueza. Quando estamos cientes dos “pecados que nos assediam”, confiamos mais na força do Senhor e não em nós mesmos.
Do lado positivo, é bom saber algo dos dons e capacidades que Deus nos deu, seja em coisas naturais ou espirituais. Alguém que é muito ruim em matemática, por exemplo, não seria sábio em procurar uma carreira como engenheiro. Na Igreja, o dano foi feito quando alguns tiveram uma visão exagerada de seus dons e foram além deles. Em outros casos, tem sido uma grande perda para a Igreja quando aqueles que tinham dons não os exercitaram e nem os desenvolveram, e por isso Paulo teve que dizer a Timóteo: “Não desprezes o dom que há em ti” (1 Tm 4:14). Se tivermos o desejo de servir ao Senhor, Ele nos mostrará o que podemos fazer por Ele e, em geral, estará de acordo com a capacidade que Ele nos deu.
O Cristianismo É Objetivo
No entanto, ocupar-se consigo mesmo nunca nos faz felizes, e a Palavra de Deus nunca nos encoraja a isso. A ideia de que conhecer a si mesmo é o caminho para a sabedoria e para a felicidade é a sabedoria humana, que é o oposto da sabedoria de Deus. O Cristianismo é objetivo, não subjetivo. Deus não nos ocupa conosco, a não ser para julgar o pecado e depois para nos ocuparmos com Cristo. Quando nosso coração é levado a Ele, descobriremos que não precisamos ser levados a nós mesmos de forma alguma, exceto para lidar com o que não está de acordo com a mente de Deus. Em última análise, é impossível nos conhecer completamente e, como bem sabemos, podemos e realmente mudamos. Aqueles que buscam a felicidade em um parceiro de casamento, descrevendo a si mesmos e, em seguida, listando seu “perfil” em um site, às vezes descobrem que o indivíduo com quem acabam tendo um relacionamento tem qualidades e traços de caráter que não eram evidentes a princípio. Além disso, muitas pessoas descrevem a si mesmas como gostariam de ser, não como realmente são. Verdadeiramente o coração humano é: “Enganoso mais do que todas as coisas” (Jr 17:9). É triste dizer que muitas vezes podemos enganar até a nós mesmos a respeito de quem somos. Verdadeiramente, o conhecimento de si não traz sabedoria, mas “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria” (Pv 9:10), e para o crente, Cristo é a sabedoria de Deus para o caminho do Cristão. Jeremias nos lembra “que não é do homem o seu caminho, nem do homem que caminha, o dirigir os seus passos” (Jr 10:23).
O Conhecimento de Si Mesmo
Quando somos trazidos a Deus, temos que tratar não apenas com aqu’Ele que nos conhece, mas com aqu’Ele que nos leva ao conhecimento de Si mesmo. Como alguém uma vez disse: “Eu posso conhecer o coração de Deus muito mais do que o meu”. Podemos perguntar como isso pode ser quando lemos: “Quão insondáveis são os seus juízos [de Deus], e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” (Rm 11:33). É porque Deus é totalmente Bom e sempre age de acordo com a Sua natureza santa, para que assim possamos conhecer o Seu coração e o Seu caráter. Ele enviou Seu Filho a este mundo para revelar-Se a nós, para que o Senhor Jesus pudesse dizer: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14:9). Seu coração de amor foi totalmente revelado. Não há mudança, nem engano, nem fraude ali. No meu próprio coração existe.
Um Objeto Fora de Nós Mesmos
Assim, agora temos um objeto fora de nós mesmos, um objeto no Filho amado de Deus e que se deleita em preencher nosso coração. Se houver necessidade de saber algo de nós mesmos, seja de maneira negativa ou positiva, Ele nos mostrará. Nosso objetivo principal é ser levado a Ele e a tudo o que Ele é. Mas alguns podem dizer: “Não é bom saber o máximo possível sobre os outros, aqueles a quem eu gostaria de considerar como meus amigos e especialmente alguém com quem eu gostaria de me casar?” No entanto, quantos casamentos falham, apesar de todas as tentativas feitas para conhecer mais sobre o cônjuge em potencial antes que seja confirmado o laço!
É muito melhor buscar a mente do Senhor, pois Ele nos conhece completamente, muito melhor do que conhecermos a nós mesmos. Ele não apenas nos criou, mas também conhece nosso caráter, forças e fraquezas naturais e os pecados que nos assediam. Ele prometeu nos direcionar e guiar. O quanto isso é superior a combinar tipos de personalidade com possíveis ofertas de emprego e parceiros para toda a vida!