Origem: Revista O Cristão – Água
A Visão de Ezequiel
Em Ezequiel 47:1-11, lemos a descrição de um rio que fluirá do templo milenar em Jerusalém. Um maravilhoso fluxo de água flui do altar abaixo do umbral da casa para o oriente, lembrando-nos de sua contraparte celestial, o “rio puro da água da vida, claro como Cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22:1). Mas existe essa diferença; o rio celestial é puramente simbólico falando da corrente de bênção espiritual que fluirá de Deus e do Cordeiro por meio da Igreja, enquanto este rio terrestre é um rio real com um significado simbólico. Que é um rio real é claro a partir de sua descrição. Sua fonte é o altar, falando do solo sobre o qual somente Deus pode abençoar Seu povo – tendo por base a morte de Seu bem-amado Filho.
O fluxo das águas
As águas fluindo do umbral da casa para o oriente nos fala da glória. Foi pela Porta Oriental que a glória retornou, e é do Oriente que fluem as águas refrescantes e curativas. O altar fala assim do justo canal da morte de Cristo; o umbral do Oriente fala da glória da Sua Pessoa e presença. Tudo está conectado com Cristo.
As águas se aprofundam à medida que fluem; primeiro, até os tornozelos, depois até os joelhos, depois até os lombos, depois há águas suficientes para nadar, um rio que não podia ser ultrapassado. Que corrente de bênçãos (nossa apreensão dela se aprofunda ao contemplarmos essa corrente) é a que flui da morte de Cristo!
Se espiritualmente ou realmente considerado, o fluxo será uma bênção. Que sinal exterior e visível, carregando sua própria influência fertilizante, esta bela corrente será para Israel e para as nações em um dia vindouro! Sua fonte, seu curso e seu término proclamarão em alta voz a generosidade e a presença de Jeová, e todas as bênçãos dependem d’Ele.
Às margens do rio crescem “uma grande abundância de árvores” (Ez 47:7), cuja folha não se desvanece, nem o seu fruto é consumido. O fruto será como alimento e a folha como remédio, lembrando-nos novamente da árvore da vida florescendo na cidade celestial. Conforme as águas fluem, elas carregam virtudes curativas. Onde a verdade e a luz de Deus tocam a alma, elas carregam um resultado curativo e abençoado, mas aqui, até mesmo seu efeito material será a vida e a cura.
O Mar Morto
O Mar Morto, que tem sido a testemunha de Deus para a Sua aversão ao pecado (pois se acredita que as cidades culpadas da planície – Sodoma e Gomorra – estão afundadas em suas profundezas) serão curadas. No momento, nenhum peixe pode viver em suas águas super salgadas; nenhum pássaro sobrevoa sua triste desolação. Naquele dia “será que toda criatura vivente que vier por onde quer que entrarem esses dois ribeiros viverá, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão essas águas [do mar] e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar esse ribeiro. Será também que os pescadores estarão junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim, haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar Grande, em multidão excessiva” (Ez 47:9-10). (Note que a expressão “dois ribeiros” refere-se às duas correntes que fluirão para o leste e para o oeste a partir da cidade santa).
As águas vivas de Jerusalém
Este maravilhoso rio evidentemente inicia-se no templo e flui em crescente volume para o sul, através da parte da terra designada para os sacerdotes. Que isso fluirá através de Jerusalém é provado por Zacarias 14:8 – “Naquele dia, também acontecerá que correrão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental (o Mar Morto), e metade delas até ao mar ocidental (o Mar Mediterrâneo); no estio (verão) e no inverno, sucederá isso”.
Deixando Jerusalém, o ribeiro se divide em dois, correndo para o leste no Mar Morto (não sendo mais o Mar Morto) e para o oeste, no Mediterrâneo. Mas mesmo no Milênio, a terra não ficará sem algum testemunho da aversão de Deus ao pecado. Ainda falando do Mar Morto, lemos: “Mas os seus charcos e os seus lamaceiros não sararão; serão deixados para sal” (Ez 47:11). Isso ser necessário, mesmo no Milênio, é uma evidência de que, enquanto a justiça reinar naquele dia, o pecado ainda não estará totalmente expurgado deste mundo. Não será até que os julgamentos finais sejam executados para que o pleno efeito do pronunciamento de João Batista seja visto: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Somente nesse dia eterno haverá “novos céus e nova Terra, em que habita a justiça” (2 Pe 3:13).
