Origem: Revista O Cristão – Gideão
Lições Tiradas da Vida de Gideão
A história de Gideão é de grande importância prática, pois a história de seu reavivamento é aplicável às atuais circunstâncias da Igreja.
“Os filhos de Israel”, lemos, “fizeram o que parecia mal aos olhos do SENHOR; e o SENHOR os deu na mão dos midianitas por sete anos” (Jz 6:1). Na realidade, os midianitas eram apenas a vara que Jeová estava usando para punir Seu povo. Mas Jeová ouviu o seu clamor. O Senhor primeiro enviou um profeta que testificou do pecado deles e depois levantou o instrumento para a sua libertação.
“Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas” (v. 11). Nada poderia ter sido mais degradante do que a condição de Gideão – malhando o trigo escondido (por medo dos midianitas) para alimentar sua família! Mas as vitórias mais poderosas de Deus sempre foram conquistadas por tais, e não por aqueles que tinham recursos em si mesmos.
“O SENHOR é contigo”
“Então, o Anjo do SENHOR lhe apareceu e lhe disse: O SENHOR é contigo, varão valoroso” (v. 12). Malhar o trigo escondido não parecia ser algo de valor. Mas os homens “poderosos” de Deus nunca confiaram em sua própria força e sabedoria de como lidar com o inimigo, pois eram homens que “da fraqueza tiraram forças”. “Nenhuma carne” se gloriará em Sua presença. Ele toma “as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”. Gideão tinha um profundo senso da condição de Israel sobre sua alma, e o Senhor diz: “Vai nesta tua força e livrarás a Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei Eu?”
Mas agora Gideão diz: “Com que livrarei a Israel?” Seu instrumento usado para malhar o trigo era uma coisa fraca para ir contra os exércitos de Midiã. Deus deve ser a força, não Gideão. Quase sempre podemos encontrar nossos fracassos na confiança própria. Quando um crente pensa que ele vai realizar um feito, seu fracasso muitas vezes se torna óbvio. Deus irá abater aquilo que é orgulhoso e elevado.
Um sinal
Gideão então pede um sinal: “E ele Lhe disse: Se agora tenho achado graça aos Teus olhos, dá-me um sinal de que és o que comigo falas”. Vemos a fraqueza aqui, ele não deveria ter precisado de um sinal, ainda assim, tudo o que ele realmente se importa é em ter o Senhor com ele. Quando o coração de Gideão é tranquilizado, ele constrói um altar para o Senhor e o chama de “Jeová-shalom [SENHOR É Paz]” (v. 24). Agora ele está preparado para o serviço.
Mas devemos “cessar de fazer o mal” antes de “aprender a fazer o bem” (Is 1:16-17). Obediência a Deus é o domínio e a liberdade do santo. Gideão deve primeiro derrubar o altar de Baal, e o Senhor lhe dá forças para fazê-lo. “Então, Gideão tomou dez homens dentre os seus servos e fez como o SENHOR lhe dissera; e sucedeu que, temendo ele a casa de seu pai e os homens daquela cidade, não o fez de dia, mas fê-lo de noite” (v. 27). Qual a consequência? Oposição imediata.
A ação de fé sempre atiça a carne. Israel não sabia onde estava sua força; Eles pensaram que estava em Baal. Gideão tinha aprendido que ela estava em Deus.
O inimigo
Mas agora o inimigo está alarmado, e logo vêm os midianitas e os amalequitas. “E todos os midianitas, e amalequitas, e os filhos do Oriente se ajuntaram num corpo, e passaram, e puseram o seu campo no vale de Jezreel” (v. 33). Aqui está Gideão com o seu próprio povo contra ele e os inimigos de Israel reunido e acampado em Jezreel. Mas ele tem paz com Deus, e assim, como ele age? “Então, o Espírito do SENHOR revestiu a Gideão, o qual tocou a buzina, e os abiezritas se ajuntaram após ele” (v. 34). Se Gideão estivesse servindo a Baal, ele não poderia ter tocado aquela trombeta. Mas Baal está derrubado e o altar de Deus está erigido no lugar onde havia sido ordenado. Ele envia mensageiros por todo o Manassés, que também estão reunidos a ele, e a Aser, Zebulom e Naftali.
O temeroso
Mas Gideão ainda tem mais uma lição para aprender. “E disse o SENHOR a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para Eu dar os midianitas em sua mão; a fim de que Israel se não glorie contra Mim, dizendo: A minha mão me livrou” (Jz 7:2). Imediatamente ele tem que se livrar de um grande número deles. Aparentemente, Gideão estava enfraquecendo suas próprias mãos. Na primeira proclamação, 22 mil o deixaram, mas, na realidade, em vez de perder força, ele estava ganhando com a renúncia desses. Estes medrosos e covardes teriam desencorajado o resto se tivessem permanecido entre eles.
O teste da água
“E disse o SENHOR a Gideão: Ainda muito povo há; faze-os descer às águas, e ali tos provarei; e será que aquele de que Eu te disser: Este irá contigo, esse contigo irá; porém todo aquele de que Eu te disser: Este não irá contigo, esse não irá” (v. 4).
Existe tal coisa como a prova da nossa fé, e enquanto nós seriamos incapazes de testar um ao outro, Deus sabe a melhor maneira de testar cada um. “E fez descer o povo às águas. Então, o SENHOR disse a Gideão: Qualquer que lamber as águas com a sua língua, como as lambe o cão, esse porás à parte; como também a todo aquele que se abaixar de joelhos a beber. E foi o número dos que lamberam, levando a mão à boca, trezentos homens; e todo o resto do povo se abaixou de joelhos a beber as águas. E disse o SENHOR a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam as águas vos livrarei e darei os midianitas na tua mão; pelo que toda a outra gente se vá cada um ao seu lugar” (vs. 5-7).
Aqueles que foram mandados para casa não estavam realmente com medo. O teste foi este: se eles iriam beber água colocando a mão na boca ou se curvariam para beber à vontade. Os 300 escolhidos não tiveram tempo para parar; seus corações estavam em sua obra, e eles simplesmente tomaram um gole enquanto seguiam seu caminho. Paulo fala de estar embaraçado “com negócio desta vida” (2 Tm 2:4); Tudo o que podemos seguramente fazer, se for para “agradarmos a Quem nos alistou” para sermos soldados, é apenas um gole no caminho. Há uma diferença muito grande entre estar nas circunstâncias desta vida e estar embaraçado com elas. Quando testados pelo Senhor, aqueles que se inclinaram não eram mais aptos para o Seu uso do que os medrosos; eles deveriam ir para suas casas.
Um pão de cevada torrado
É mostrado em seguida para Gideão os seus inimigos. “E sucedeu que, naquela mesma noite, o SENHOR lhe disse: Levanta-te e desce ao arraial, porque o tenho dado na tua mão” (v. 9). Note ainda como o Senhor, graciosamente, antecipou a necessidade de Seu servo ao acrescentar: “E, se ainda temes descer, desce tu e teu moço Pura ao arraial” (v. 10). O resultado desta visita foi que qualquer traço de orgulho e importância própria deve ter sido gravemente ferido. Quando Deus mostrar ao Seu favorecido servo que ele ferirá os midianitas como se fossem um só homem, Ele o fará sentir que (em si mesmo) ele é apenas um “pão de cevada torrado”. Certamente, se os Cristãos fossem destituídos de seu mundanismo e se tornassem mais como o “pão de cevada torrado”, o mundo teria mais temor deles.
Buzinas, Cântaros e Tochas
E agora vem o conflito: “Então, repartiu os trezentos homens em três esquadrões; e deu-lhes a cada um nas suas mãos buzinas e cântaros vazios, com tochas neles acesas. E disse-lhes:… Tocando eu e todos os que comigo estiverem a buzina, então, também vós tocareis a buzina ao redor de todo o arraial e direis: Pelo SENHOR e Gideão” (Jz 7:16-18). As armas de sua guerra eram as coisas mais tolas que se possa imaginar – buzinas, cântaros e tochas. Nosso poder é dar testemunho a Jesus e nunca sair do lugar onde somos nada além de “vasos de barro”. Devemos lembrar que o vaso contém apenas a luz, a excelência do poder deve ser de Deus, não de nós mesmos.
“E, como Gideão veio ao Jordão, passou com os trezentos homens que com ele estavam, já cansados, mas ainda perseguindo” (Jz 8:4). Quais três pequenas palavras poderiam ser mais descritivas do Cristão, de uma forma bendita, do que estas? Não “cansados” e sentando-se, não “cansados” e desistindo, mas “já cansados, mas ainda perseguindo”. Temos a ver com Aquele que “dá vigor ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor” (Is 40:29). É um uso bendito que podemos fazer de nossa fraqueza e cansaço – o de extrair a plenitude do suprimento de graça e força em Cristo.
É muito doloroso sentir dia após dia nossa própria fraqueza. O que precisamos é viver dia a dia confiando em Deus. Ele é Fiel e fornecerá força de acordo com a ocasião e necessidade. A Igreja não estará em repouso até que o Senhor venha. Mas a fraqueza não deveria ser um obstáculo para o nosso avanço – “cansados, mas ainda perseguindo”.
Christian Truth (adaptado)
