Origem: Revista O Cristão – Graça e Governo

Objeto da Graça – Sujeito ao Governo

Entre os muitos nomes sob os quais agradou a Deus Se dar a conhecer, nenhum é mais doce para o coração do Cristão do que este: “O Deus de toda a graça” (1 Pe 5:10). Devemos tudo à graça, pois é a fonte primordial de toda bênção. Exclua a graça e você exclui o perdão, a paz, a vida eterna e a glória eterna, pois esses são os dons que a graça traz do tesouro celestial. Abandone o pensamento da graça e nada resta a não ser nossos desertos, a luz do dia se foi e estamos calados em uma noite que nunca terminará. É a graça de Deus que traz salvação a todos os homens (Tt 2:11); pela graça o crente é justificado (Rm 3:24); pela graça ele é salvo (Ef 2:8), e em graça ele está firme (Rm 5:2). A redenção que ele tem em Cristo está de acordo com as riquezas da graça de Deus, pois Ele é rico em graça (Ef 1:7). Além disso, nas eras que se seguirão, Ele mostrará as abundantes riquezas de Sua graça, pela benignidade para conosco por Cristo Jesus (Ef 2:7). Os anjos, principados e poderes verão então a graça em suas vestes de glória. Nunca a graça se mostrará mais bela do que quando as obras de suas mãos forem totalmente vistas ao tomar um pobre pecador do lugar mais baixo de degeneração e manifestá-los em associação com Cristo na glória de Deus.

Paulo pôde exortar bem a Timóteo, dizendo: “fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2:1). Ele também disse bem aos Hebreus: “porque bom é que o coração se fortifique com graça” (Hb 13:9). E bem poderia ele declarar por si mesmo que seu único desejo era que ele pudesse terminar sua carreira com alegria e seguir o ministério que ele recebeu do Senhor Jesus, para testificar das boas novas da graça de Deus (At 20:24). Vamos exaltar a graça. Vamos coroá-la com guirlandas – a rica, gratuita e ilimitada graça de nosso Deus – pois ela é digna de ser louvada.

Governo 

Mas, embora seja verdade que todo crente é colocado na graça imutável de Deus, que ele está sempre ali, e nunca deixará de estar no favor divino, ainda devemos ser lembrados de que a graça não o coloca além da esfera do governo divino. Nesse contexto, suas ações, o estado de sua alma e o modo como ele se comporta a cada hora adquirem uma importância que deve ser sempre destacada. Graça e governo continuam juntos, eles prosseguem em linhas paralelas, e se o crente é o objeto da primeira, ele não está menos sujeito a este último. “Não erreis: Deus não Se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6:7-8). Este é um princípio permanente do governo de Deus, a partir da aplicação de que, seja ao lado de advertência ou encorajamento, a graça não exime nenhum.

Exemplos do Velho Testamento 

A vida de muitos santos do Velho Testamento nos dá exemplos impressionantes deste grande princípio, pela ajuda dos quais somos capazes de distinguir claramente entre a graça e o governo. E este grande princípio do governo de Deus não muda com a mudança das dispensações. “Porque aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão envilecidos [tidos em pouca conta – TB] (1 Sm 2:30). Que não pensemos que porque estamos debaixo da graça divina, consequentemente estamos além da esfera do governo divino. Não é assim, pois em 1 Pedro 1:17 lemos: “E, se invocais por Pai Aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor”. Acaso estas palavras não nos dizem que se a graça soberana nos colocou em eterno relacionamento com o Pai, dando-nos o lugar de filhos diante d’Ele, portanto o Pai observa nossos caminhos, julga nossas ações e nossos motivos, e trata conosco adequadamente? O que o homem semear, isso também ceifará. Se um santo de Deus semeia na carne, qual será a colheita? Acaso ele colherá paz e alegria no Espírito Santo? Mesmo em coisas naturais, os homens não colhem uvas dos espinheiros, nem figos dos abrolhos (Mt 7:16).

Deus governa 

Tendo em vista, então, o fato de que Deus governa entre os homens, perguntamos: para o que estamos semeando? Quais são as coisas nas quais nosso coração e mente vivem? Estamos semeando no Espírito? Damos ouvidos à Palavra de Deus? É o Senhor Jesus Cristo no céu Aquele com Quem estamos cada vez mais ocupados? Há bênção indescritível em estar comprometido com Ele. “Mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna”. Vamos buscar as coisas que estão acima, onde Cristo está assentado à destra de Deus, procurá-las como aquele que busca um tesouro escondido. Depois provaremos as fontes celestes, nós nos sentaremos “Sento-me com grande gozo à Sua sombra” (Ct 2:3 – TB), e Seu fruto será doce ao nosso paladar.

E se existe em nossa alma a humilde consciência de termos nos afastado de Cristo, devemos nos lembrar de que temos a ver com o Deus de toda graça. Por mais baixo que tenhamos afundado, por maior e mais grave que seja o nosso declínio, o pensamento de Deus como o Deus de toda a graça pode nos encorajar a retornar a Ele com um coração suavizado pela lembrança da graça tão imutável, repugnando a nós mesmos que poderíamos ter nos afastado d’Aquele cuja graça é incansável e inesgotável.

Christian Truth (adaptado)

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