Origem: Revista O Cristão – Temor e Ousadia

Coisas que Tornam as Pessoas Ansiosas

O Senhor Jesus uma vez falou sobre os “cuidados (preocupações) desta vida”, e um grande objetivo de Sua vinda ao mundo era ensinar aos homens como se livrar dessas preocupações.

Quais são algumas dessas “preocupações desta vida”? Em primeiro lugar, há a preocupação ligada ao seu sustento. O que fazer para que as coisas se encaixem traz grande pressão sobre alguns. A renda de um marido talvez seja insuficiente, e as despesas de sua família estão aumentando. Pior ainda, ele pode estar desempregado. Em outro caso, há uma viúva com filhos pequenos e o trabalho é incerto. É possível, em tais circunstâncias, estar livre de preocupações? Nós respondemos com certeza e sem hesitação que sim, porque Deus nos deu uma lição objetiva quanto a isso. Os pássaros não têm depósitos nem celeiros, mas cantam tão alegremente como se o mundo fosse deles. Como eles são alimentados? “Deus os alimenta” é a explicação divina.

O exemplo de nosso Senhor

Se pudermos ir a Ele para tudo aquilo que precisamos, não importa quão grande seja, não precisamos nos preocupar. Nós dissemos que o Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para ensinar os homens a confiar em Deus. Alguém já foi tão pobre quanto Ele, ou tão provado? E lembre-se que Ele era rico (2 Co 8:9). Possivelmente a maior preocupação não vem daqueles que eram pobres e permanecem pobres, mas sim daqueles que conheceram dias mais despreocupados. A lição que Cristo veio ensinar tem, portanto, uma aplicação especial para eles.

Ele foi “desprezado e o mais indigno entre os homens”, escarnecido. Seus seguidores mais íntimos O abandonaram. Mas havia uma coisa que afligiu mais o coração d’Ele do que tudo isso: Ele foi abandonado por Deus quando foi feito pecado por nós. E ainda assim, lendo os Salmos, existe ali um tom de confiança inabalável. Nem por um momento Sua fé vacilou, embora Ele tenha sido levado ao pó da morte. É Aquele que nos diz, no meio de todas as nossas preocupações, que nenhum pardal é esquecido diante de Deus.

Somos obrigados, é claro, a usar todos os meios apropriados. Mas geralmente se descobrirá que não é o que podemos fazer que nos traz o cuidado ou a preocupação, mas o que não podemos fazer. E é exatamente nisso que temos que confiar em Deus, simplesmente repousando nas palavras: “vosso Pai celestial bem sabe”. Faça tudo o que puder, mas nunca se preocupe com o que não pode fazer. Lembremo-nos também de que a vida de um homem não consiste na abundância das coisas que ele possui. É surpreendente, quando somos postos à prova, quão pouco da felicidade real depende das coisas ou das circunstâncias. Cristo não tinha dinheiro e às vezes não tinha onde reclinar a cabeça, e ainda assim podia falar de Seu gozo e paz.

Problemas de saúde

A doença é muitas vezes outra fonte de preocupação. Seu sucesso na vida pode depender de uma boa saúde, e isso parece ser negado. Ou pode ter outros dependendo de você, e você está se sentindo cada vez menos capaz em seu esforço. Talvez poucas coisas sejam mais difíceis do que se sentir incapaz de atender, física e mentalmente, as exigências de suas funções e, ainda assim, ser obrigado a encará-las dia após dia. Sob tais circunstâncias, tudo está propenso a ficar coberto pela escuridão. Tudo isso pode ser puramente físico, e existe o lado físico de se livrar da preocupação, bem como o espiritual, pois o homem é corpo, assim como alma e espírito. Prestar a devida atenção a cada um deles é um dos grandes problemas da vida. Mas a lembrança de que o seu sentimento de depressão não tem uma causa real nas circunstâncias, mas apenas em alguma condição transitória do seu corpo, permitirá que você se levante e se liberte dele. Existe também um texto que muitas vezes tem sido como uma âncora quando estou sob pressão deste tipo: “Não veio sobre vós tentação [provação], senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar [provar] acima do que podeis; antes, com a tentação [provação] dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Co 10:13).

Antecipação

Outra causa de preocupação é o hábito de antecipar problemas e enfrentar dificuldades de maneira parcial. Quanto mal é causado por isso! Seria útil mantermos um registro durante um mês das coisas que supostamente deveriam ter acontecido, mas que nunca chegaram a acontecer. Nós nunca poderíamos esgotar o número de assuntos sobre os quais nos incomodamos e todos sem nenhum propósito. Muitos de nós podem ter o mesmo testemunho do homem que colocou na parede do seu escritório as palavras: “Os maiores problemas da minha vida foram os que nunca vieram a acontecer”.

Uma vez ouvimos uma conversa que se passou entre dois Cristãos, com a qual ficamos impressionados. Um deles era idoso e tinha sido próspero, mas ao envelhecer o infortúnio da vida o acometeu pela desonestidade de outro. E vendo-o enquanto ele estava na porta, seu rosto brilhava realçado por uma abundância de cabelos brancos. Quando se separaram, seu amigo disse-lhe, citando o Salmo 34: “Bem, lembra-te: ‘Clamou este pobre, e o SENHOR o ouviu; e o salvou de todas as suas angústias’. “Ah”, ele disse (e foram as últimas palavras que o ouvimos dizer: “Ele fez algo maior por mim do que isso: “livrou-me de todos os meus temores” (veja o mesmo Salmo, versículo 4).

Sim, estes são temores que põem uma tenebrosa nuvem sobre a vida de muitos. Entretanto quantos desses temores são sem fundamento! Mas se o problema realmente acontece e a prova vem sobre nós, então lembremo-nos das palavras do Salmo já citadas: “Clamou este pobre, e o SENHOR o ouviu; e o salvou de todas as suas angústias”. Ele clamou como se tivesse caído em algum abismo ou estivesse sendo arrastado para o mar. E é assim que devemos clamar a Deus sobre nosso problema.

Nesse sentido, há três versículos que fazemos bem em guardá-los em nossa mente:

“No dia em que eu temer, hei de confiar em Ti” (Sl. 56:3).
“Eu confiarei e não temerei” (Is 12:2).
“Confiai n’Ele, ó povo, em todos os tempos” (Sl 62:8).

Sofrendo

Em relação à antecipação de problemas, uma vez visitamos um Cristão idoso que sofria de uma doença debilitante, que esperava, no curso normal das coisas, durar cerca de três ou quatro meses ou mais e gradualmente se enfraquecer até que morresse. Foi uma grande provação para ele, pois ele era viúvo, morava na casa de sua filha, viúva, e ele parecia incapaz de suportar o pensamento do fardo que sua doença prolongada e consequente incapacidade de ajudar seriam para ela. Percebendo seu problema, nos ajoelhamos e pedimos a Deus que Seu filho fosse poupado dos muitos dias de cansaço que pareciam estar entre ele e sua tão esperada libertação. A resposta veio mais prontamente do que qualquer um de nós poderia ter esperado. Em vez de três meses de desgastante espera, não lhe restaram nem mesmo três horas. Nós o vimos ao meio dia. Às duas horas do mesmo dia, seu espírito estava ausente do corpo e presente com o Senhor. “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6:34). Aqui está nossa garantia de vida, como alguém disse, dentro de vinte e quatro horas. E este é um segredo de como ser livre das preocupações.

R. Elliott (adaptado)

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