Origem: Revista O Cristão – Temor e Ousadia
Estabelecendo-Se
Os crentes hebreus estavam em perigo de procurar se sentir à vontade e confortável aqui na Terra. A primeira epístola aos coríntios mostra que eles não estavam sozinhos nisso. É uma armadilha muito natural para o coração do homem, mesmo para aqueles que encontraram o Salvador.
Depois de ter havido dúvida e ansiedade, a alma, sabendo o que é o julgamento de Deus sobre o pecado, e sua própria culpa e condenação quando o livramento no Senhor Jesus é encontrado uma vez, há muitas vezes um perigo de reação. A alma está apta a se acalmar, pensando que a luta acabou, porque a grande batalha foi travada e a vitória foi dada pelo Senhor Jesus Cristo. Eles acham que não pode haver mais problemas porque o sofrimento profundo da alma passou. É suficientemente claro que esses hebreus estavam em tal estado, e o apóstolo não apenas lembra-lhes quão alegremente eles receberam seus primeiros sofrimentos e espólio de seus bens, mas aqui eles são instruídos de que ainda não estão seguindo o padrão de Israel estabelecido na sua terra; em vez disso, eles eram como Israel passando pelo deserto. Consequentemente, descobrimos que todo o conteúdo da epístola não fala do templo, mas do tabernáculo, do começo ao fim, e portanto fala do arraial, não do trono ou reino estabelecido após a conquista de Canaã. Por isso, ele diz: “Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no Seu repouso, pareça que algum de vós fique para trás” (Hb 4:1). Vemos imediatamente que o apóstolo não está falando em crer no Senhor Jesus para um presente descanso de consciência. Se esse tivesse sido o ponto que ele tinha em mente, ele teria ousadamente assegurado que não havia necessidade de temer.
Se falamos do sangue de Cristo, e depois exortamos ao temor, seria a negação do Cristianismo. O evangelho é a declaração de remissão completa, sim, de mais do que isso, de justificação, de reconciliação a Deus pelo Senhor Jesus. Se o perdão pelo sangue de Cristo fosse a questão, ele preferiria chamá-los para vencer todo medo; pois, como o apóstolo João diz, ao discutir sobre esse ponto, “o perfeito amor lança fora o medo”, não o “perfeito amor” da nossa parte (a lei pedia isso, e nunca pôde obtê-lo), mas o perfeito amor de Deus, que só é revelado no Senhor Jesus Cristo e por meio d’Ele. De que devemos ter medo então? Não do sangue de Cristo falhando, não de perder a remissão de pecados por qualquer mudança de mente por parte de Deus, mas de se estabelecer neste mundo, e ficar aquém da verdadeira perspectiva de peregrinos e estrangeiros a caminho de uma pátria melhor. Ter descansado no deserto teria sido fatal para um israelita; e então temos que lembrar que este não é nosso lar, e que se estabelecer seria virtualmente negar o repouso celestial.
Verdade Cristã
