Origem: Revista O Cristão – Música
Cântico
Há uma área da música na qual a Escritura nos encoraja muito a participar, que é o cântico. A primeira menção ao cântico na Bíblia está em Êxodo 15, quando os filhos de Israel estavam na margem oposta do Mar Vermelho, depois de terem visto a maravilhosa libertação que o Senhor lhes deu de Faraó e seu exército. Ali eles levantaram o cântico de louvor ao Senhor e celebraram sua redenção. No cântico de Moisés, eles não apenas recitam sua libertação atual, mas também antecipam bênçãos futuras. Mais tarde, quando Israel foi estabelecido na Terra, Davi ordenou alguns dos levitas a “estarem cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao SENHOR; e semelhantemente, à tarde” (1 Cr 23:30).
No Novo Testamento, qualquer referência à música instrumental é notavelmente inexistente, mas temos abundante encorajamento para usarmos nossa voz cantando louvores ao Senhor. Tiago nos lembra: “Está alguém contente? Cante louvores” (Tg 5:13). Quando Paulo e Silas foram lançados na prisão em Filipos, foi um testemunho de sua alegria em Cristo eles poderem cantar em tais circunstâncias. Paulo diz aos efésios: “Falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Ef 5:19). Isso está relacionado com ser “cheio do Espírito” (v. 18), mostrando-nos que um coração cheio do gozo de Cristo é um coração que deseja cantar. Em Colossenses, temos uma exortação semelhante, mas aqui mais ligada à “Palavra de Cristo” e a ensinar e admoestar “uns aos outros” (Colossenses 3:16).
A influência da canção[1]
Antes de sermos salvos, Satanás usa as músicas deste mundo para moldar nossos pensamentos e influenciar nossa vida. Andrew Fletcher, o patriota escocês, disse apropriadamente: “Permita-me compor as canções de uma nação, e não me importarei com quem escreve suas leis”. Ele entendia bem a forte influência que as canções exercem sobre a alma dos homens e sobre seus pensamentos. Por essa mesma razão, o Taliban proibiu o canto no Afeganistão durante seu tempo no poder. E. Y. Harburg, o compositor americano, disse: “Palavras fazem você ter um pensamento. A música faz você ter um sentimento. Uma canção faz você sentir um pensamento”. As letras de uma canção se conectam com a emoção que a música produz em nós. Usada de maneira errada, essa pode ser uma força poderosa para o mal, mas, no crente, ela aumenta nosso desfrute de Cristo e nossa apreciação da verdade.
Louvor no cântico
Podemos ver que, para o crente, cantar tem uma qualidade especial. Tendo nova vida em Cristo, temos a capacidade de desfrutar das coisas celestiais – “as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus” (1 Co 2:12 – AIBB). Mais do que isso, quando desfrutamos das coisas de Cristo, podemos oferecer essas mesmas coisas a Deus como sacrifício. “Ofereçamos sempre [continuamente – JND] a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13:15 – AIBB). Certamente podemos aprender as coisas de Cristo lendo a Palavra de Deus, e também podemos oferecer o fruto de nossos lábios em oração. No entanto, tendo dado ao homem a capacidade de apreciar a música, Deus agora nos dá o maravilhoso privilégio de aprender e expressar essas coisas em cânticos e oferecê-las a Ele em “salmos, hinos e cânticos espirituais”. Isso conecta as coisas de Cristo (em contraste com as coisas deste mundo) com a emoção que cantar produz. Se estamos cantando no Espírito, nosso desfrute dessas coisas preciosas é aumentado pela melodia, e nosso coração se eleva. Aprecio o que J. N. Darby escreve na introdução do hinário Little Flock, sobre o que é necessário nos hinos: “aquele conhecimento experimental da verdade nas afeições que permite a uma pessoa fazer de seu hino o veículo, em pensamento e linguagem sustentados, de graça e verdade práticas, que coloca a alma em comunhão com Cristo e sobe até o Pai”.
Cantando ao Senhor
No Novo Testamento, os instrumentos musicais nunca estão conectados à assembleia e à adoração. Cantar é diferente, no entanto, porque é produzido pelo Espírito no próprio indivíduo. O próprio crente se torna o “saltério de dez cordas” (Sl 33:2), a ser usado para o Senhor. É primordialmente para o Senhor, e devemos nos lembrar disso. Embora nosso próprio prazer em cantar seja muito apropriado, tenhamos em mente que estamos “salmodiando [fazendo melodia – KJV]” em nosso coração “ao Senhor” e “cantando com graça… ao Senhor”. É um “sacrifício de louvor” “a Deus”, e, por esse motivo, devemos procurar dar a Ele o nosso melhor. Se é para Seu gozo e louvor, estaremos ocupados com Ele e seremos elevados para fora de nós mesmos. No entanto, sem dúvida descobriremos que, como no caso de Maria de Betânia e seu unguento, “encheu-se a casa do cheiro do unguento”. Assim, ao agradecer e louvar ao Senhor, nosso próprio coração será encorajado e elevado.
Nestes últimos dias, há muito para sobrecarregar nosso coração, mas, se estivermos desfrutando de tudo o que é nosso em Cristo, de fato seremos capazes de cantar, individualmente ou coletivamente, e dar expressão à alegria que o Espírito de Deus produz em nós.
