Origem: Revista O Cristão – A Vinda do Senhor
O Gozo de Cristo na Igreja
“A Igreja terá seu gozo em Cristo, mas Cristo terá Seu maior gozo na Igreja. O pulso mais forte de alegria que deve bater pela eternidade será no seio do Senhor.”
“Eles se fartarão”
É um pensamento animador, e não menos animador do que feliz, que, por mais ricamente que sejamos abençoados como santos de Deus, Ele não esgotou Sua capacidade incomensurável de nos abençoar. E, porque Seu profundo deleite em nos abençoar é compatível com Seus recursos, assim como Seus recursos não podem ser diminuídos, Seu desejo também não pode ser prejudicado. A presente cena e caráter de bênção nunca poderão ser reproduzidos, é verdade, mas os campos inexplorados de bênção que estão à frente de nós são tão amplos quanto sua fertilidade é eterna. Se Ele nos dotou das insondáveis riquezas de Cristo e, no Mistério, nos enriqueceu com todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, ainda assim Ele reserva para Si infinidades de novas bênçãos para nós quando nos receber em Seu próprio descanso. Também nada contribui tanto para nos dar uma verdadeira apreensão (ainda que fraca) dos supremos regozijos que nos aguardam quanto o coração banhando-se em sua presente bem-aventurança, pois toda dose de apreciação pelo Espírito Santo da porção que agora temos em Cristo, e com Cristo, amplia nossa capacidade de apreender pela fé aquilo a que Ele ama nos conduzir em espírito: a bem-aventurança final em Sua própria presença.
Se olharmos os versículos finais da declaração do Senhor em João 17, vemos como Ele, pelo Espírito Santo, na noite de Sua traição, concedeu a Seus santos um dote, que nós, pelo Espírito Santo, deveríamos agora em espírito estar desfrutando, vendo quão sólido é nosso direito a ele em Sua própria Palavra. Quatro coisas são mencionadas:
1. Existe a glória dada a Ele pelo Pai, que Ele compartilha conosco (v. 22);
2. O amor do Pai é igualmente compartilhado conosco (v. 23);
3. Ele ainda compartilha conosco Seu próprio lugar na presença do Pai (v. 24);
4. O nome do Pai Ele compartilha, por assim dizer, também conosco (v. 26).
Assim, Sua herança do Pai é aqui descrita, e o título a ela é concedido a Seus santos. É a recompensa dada por Seu Pai por Sua obra impecável e Seu testemunho fiel na Terra, conquistada com árduos trabalhos, lágrimas e terrores, em angústia e em sangue. Ele consolou Seu próprio coração com ela no momento de incalculável dor, compartilhando com os homens que Seu Pai Lhe dera do mundo! Eles eram do Pai, e o Pai os havia dado a Ele, e como Ele poderia marcar Sua apreciação desse dom primordial mais definitivamente do que compartilhando com todos eles tudo mais que o Pai lhe havia dado? Assim, o infinito amor de Cristo pelos santos é a resposta adequada do Seu coração ao expresso deleite do Pai n’Ele.
Mas a Escritura fornece outras características de nossa bênção, as quais considero ser:
1. Estar à vontade em Sua presença;
2. Ter Sua semelhança em glória;
3. Participar da gordura da Sua casa e da corrente das Suas delícias;
4. Falar de Sua bondade e cantar Sua justiça;
5. Contemplar Sua glorificação.
Na Tua presença
No Salmo 16:11 lemos: “Tu me farás conhecer a vereda da vida; na Tua presença há plenitude de alegria; à Tua mão direita há delícias perpetuamente” (AIBB). Agora, por mais verdadeiras que fossem essas palavras de Cristo para Jeová, elas também são para Seus santos, e é Ele mesmo Quem abre esse caminho da vida, realmente apresentando, como Ele fará em breve, o poder de Sua ressurreição para aqueles que, nesse meio tempo, têm o privilégio de conhecer esse caminho por fé.
Quão agradável deve ser a atmosfera que Sua presença preenche em brilhante glória! Naquele momento supremo, provaremos, como nunca antes, aquilo de que o Espírito Santo fala como plenitude de alegria! E à Sua mão direita também é o nosso lugar de honra. Ele ama nos investir de uma dignidade condizente com Ele próprio quando nos tem ao Seu lado, e nos instala ali para que possamos nos fartar em Sua casa de banquetes sob o estandarte de Seu amor!
O supremo gozo
Acrescento apenas que em João 17 há um versículo que parece expor o supremo gozo dos santos. “Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam Comigo, para que vejam a Minha glória que Me deste; porque Tu Me hás amado antes da criação do mundo”. Por mais maravilhosamente abençoado que seja compartilharmos a glória de Cristo, quão maior é aquilo que vemos aqui no tocante às qualidades morais dela! E o princípio pelo qual isso constituirá o ponto culminante de todos os nossos regozijos é visto em João 14:28. “Se Me amásseis, certamente, exultaríeis por ter dito: vou para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu”. Seu coração conta com isso, que nossa afeição por Ele seja tal que o maior deleite do céu para nós será a visão suprema de Sua glorificação. Ele é o Homem que é o Companheiro de Jeová, Deus sobre todos, bendito eternamente! Até chegar esse momento, Ele não verá o trabalho de Sua alma nem ficará satisfeito. Até chegar esse momento, Jeová não descansará em Seu amor.
W. R., Christian Truth, 31:246
