Origem: Revista O Cristão – Misticismo

Cristianismo – Primeiro o Objetivo, Depois o Subjetivo

Somente Deus é autossuficiente. Ele pode criar objetos na exibição de Seu amor, mas Ele não precisa de nada exterior a Si mesmo, como uma criatura precisa. O homem não possui recursos intrínsecos dentro de si, seja ele caído ou não, nem os anjos. Tire Deus de cena: O que eles são? Nada, ou demônios. Assim é o homem: se seu objeto é o dinheiro, ele se torna avarento ou cobiçoso; se ele busca poder, é ambicioso; se ele busca prazer, ele se torna um homem de prazer. Em todo caso envolvendo uma criatura, o que é objetivo é a fonte do seu estado subjetivo.

No Cristianismo, as duas naturezas entram em cena, e a velha natureza não terá o objeto divino que é conforme a nova natureza e que é o fundamento da fé, mas o princípio permanece inalterado. Aquilo que é o objetivo é a fonte do estado subjetivo. Temos o objeto correto colocado diante do Cristão em 2 Coríntios 3:18: “Mas nós todos, contemplando a glória do Senhor com rosto descoberto, somos transformados conforme a mesma imagem de glória em glória, como pelo Senhor o Espírito” (JND).

Estêvão 

Estêvão, contemplando a glória do Senhor, é uma imagem magnífica a se considerar. Toda a questão entre Cristianismo e racionalismo é colocada em pauta. O progresso da natureza humana, com os próprios elementos mencionados e o resultado contrastado, é declarado. “Vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis” (ARA). Existe o relacionamento entre o homem e o Espírito. Ele continua: “A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do Qual vós agora fostes traidores e homicidas”. Tais eram seus caminhos com aqueles que revelavam a lei de uma maneira mais espiritual, até mesmo quando era com o testemunho vivo e perfeito do próprio Senhor Jesus. Esse era o homem – a carne em oposição à lei. Esse era o seu estado: ele sempre resistia ao Espírito Santo.

Agora observe o contraste do homem espiritual objetivo. Estêvão, “cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus”. E qual foi o efeito, o efeito subjetivo, em um que era cheio do Espírito Santo, de sua percepção objetiva dos objetos celestiais? Em meio à ira e à violência, e enquanto estava sendo efetivamente apedrejado, com toda a calma, ele não apenas suporta, mas se ajoelha e diz: “Senhor, não lhes imputes este pecado”. Assim como Jesus havia dito: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Então ele disse: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”, como Jesus havia dito: “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito”. Ele contemplou, com rosto descoberto, a glória do Senhor e foi transformado na mesma imagem de glória em glória, como pelo Espírito do Senhor.

Que contraste nos é apresentado. De um lado está o homem resistindo ao Espírito Santo, o homem homicida do Justo, agora rangendo os dentes contra Estêvão em fúria! Do outro lado está Estêvão cheio do Espírito Santo, que, vendo o Filho do Homem no céu, é transformado na Sua imagem e é morto pelo seu próximo.

Liberto 

A beleza do Cristianismo é que, por ser objetivo, por ser a verdade, ele nos liberta. A verdade vos libertará, e é uma Pessoa, o Filho, que vos libertará. Ele opera efetivamente naqueles que recebem a Cristo e não requer desenvolvimento intelectual para receber seu poder. Cristo é recebido no coração e, habitando ali pela fé, produz o efeito em nós. Além disso, o Cristianismo nos leva para fora de nós mesmos, porque é objetivo, e nós, cheios de deleite em um Objeto que é perfeito, somos semelhantes a Ele.

O amor à virtude 

É a sabedoria divina. O homem quer produzir virtude pelo amor à virtude em si mesmo, mas então ele pensa em si mesmo, e toda a sua virtude é podridão. Deus nos dá um Objeto humano, porém divino, e nossas afeições são divinas, porque amamos o que é divino e somos moralmente o que amamos, mas, quando amamos isso em outro, somos libertos do “eu”. Gostaria apenas de acrescentar que acredito que essa adaptação do caráter do andar à nossa posição inteiramente nova em Cristo é o significado da Escritura: “Criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. Por isso, somos a epístola de Cristo, gravada nas tábuas de carne do coração pelo Espírito do Deus vivo.

O ponto de partida é o oposto. O Cristianismo trata o homem como um ser caído, não apenas como imperfeito, mas como alguém afastado de Deus, e que necessita de uma nova natureza e redenção. Cristo encontrou Nicodemos imediatamente nessa base, quando disse: “Necessário vos é nascer de novo”.

Adaptado de The Bible Treasure, 8:63-64

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