Origem: Revista O Cristão – Comunhão

Nossa Comunhão

As palavras “nossa comunhão” são encontradas em 1 João, mas como foram usadas por alguns com um significado muito diferente daquele que o Espírito de Deus lhes dá ali, gostaria de dizer uma palavra sobre o assunto.

A base da comunhão entre os homens deste mundo é extremamente simples. É porque o mundo “ama o que é seu” e “como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem” (Pv 27:19).

Mas existe outra comunhão mencionada por João que é igualmente simples. A Escritura nos dá o verdadeiro testemunho quanto a essa outra comunhão, como também dá da primeira, mas a luz do Espírito é necessária para entender ambas.

A origem da comunhão 

A origem e a base presente da comunhão que é segundo Deus é encontrada no próprio Deus – daí sua estabilidade. Deus Se agradou plenamente de Se revelar completamente no Cristianismo. O Cristianismo tirou a posição do Judaísmo na Terra, onde Ele não pôde ser totalmente conhecido, visto que não havia Se revelado nele. Agora Ele Se revelou ao homem. O homem que não conhece a Deus precisa ser trazido para a comunhão, porque fora dela é a esfera onde Deus não é conhecido. Isto nos é apresentado mais claramente na Primeira Epístola de João, que é a epístola da comunhão. É a epístola da comunhão porque insiste no fato de que Deus quer ter participantes agora em Seu próprio gozo e naquilo que Lhe convém, e isto também fora de tudo o que há neste mundo. Fora dessa comunhão é “o mundo”; toda a cena moral que se opõe a Deus. “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (1 Jo 2:16). É muito importante manter isso distinto. “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo” – isso é conhecimento Cristão. Tendo falado em tempos passados aos pais pelos profetas, Ele nos últimos dias nos falou “na Pessoa do Filho” (JND).

A base e a constituição da comunhão estão no próprio Deus. Há progresso no entendimento do que ela é por aqueles que são trazidos à ela. Há nela filhinhos, jovens e pais, mas todos eles são trazidos a ela (e de uma vez por todas) pela única recepção da verdade do evangelho. Deus é dado a conhecer, e pela comunhão, sendo assim introduzida, eles crescem no conhecimento de Deus.

A epístola da comunhão 

A primeira epístola de João é a “epístola da comunhão”. Observe alguns pontos que deixam isso claro. O Espírito no evangelho leva os homens a Cristo, e Cristo é o Revelador e o Condutor ao Pai. Creio que é assim que Deus é conhecido e que somos levados a essa comunhão.

João escreve sua epístola para que tenhamos comunhão com ele, e essa comunhão dos apóstolos era “com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo”. O que obtemos, então, nesta comunhão?

  1. O Pai e o Filho são conhecidos no poder do Espírito. “E vós tendes a unção do Santo e sabeis tudo”.
  2. A luz entra e é apreciada, em contraste com as trevas morais que existem ao nosso redor.
  3. A justiça é praticada no meio de uma cena de injustiça (cap. 2:29-3:12).
  4. O amor, a manifestação da natureza de Deus, é desfrutado e apreciado (cap. 3:14-5:3).
  5. Finalmente, essa comunhão na Terra é onde a vida eterna é conhecida e desfrutada (cap. 5:6 até o final da epístola).

Eu adiciono uma palavra a mais. A comunhão que existe entre os homens no mundo é plenamente reconhecida pelo apóstolo. “Todo o mundo está no maligno”. João escreveu suas epístolas depois das de Paulo, e ele tem em vista a comunhão que entrou no que chamamos de Cristandade, e que nenhum colapso da Igreja (como definido aqui em responsabilidade) pode tocar. Paulo nos dá, em 2 Timóteo 2, a maneira pela qual o colapso é enfrentado por indivíduos, que, não obstante, permanecem no bem do que João apresenta mais tarde como a comunhão que existiu no “princípio”.

A Segunda Epístola de João é escrita para advertir os santos sobre aqueles com quem eles não devem ter comunhão e a Terceira foi escrito para exortá-los quanto àqueles com quem eles devem ter comunhão.

Eu não conheço qualquer porção da Palavra tão ocupada com a questão do que eu posso chamar de comunhão divina, e com o que pertence e é encontrado nela, como as três epístolas de João. Deus é visto lá vindo para estabelecer o que Lhe convém. Ele é o Originador disso na revelação de Si mesmo em Cristo. Ele forma uma esfera para o homem, que se adapta a Si mesmo, e duas coisas caracterizam essa esfera. É exclusivo de todos e de tudo o que é contrário Àquele que é revelado nela; é inclusivo de tudo que é nascido d’Ele, e de tudo, portanto, neste mundo que é agradável a Ele. É uma condição de bênção para a Terra com Deus como seu centro, onde tudo está em conformidade moral com Aquele de Quem tudo deriva. Sendo os apóstolos os primeiros a entrarem nela, eles a tornam conhecida. Assim, ela é chamada de “nossa comunhão”.

Que o Senhor nos conduza para a realidade desta santa comunhão à qual somos chamados que, como santos, podemos ser de ajuda uns para os outros.

H. C. Anstey (adaptado)

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