Origem: Revista O Cristão – Os Dons

O Ministério no Corpo de Cristo

Há duas coisas relacionadas ao objeto do ministério e ao uso do dom no corpo de Cristo. Primeiro, todo o corpo, a Igreja, existe como o instrumento da glória e do poder de Deus no mundo. Em segundo lugar, a Igreja existe como o objeto amado das afeições de Cristo. Os dons trazem o caráter dessas duas relações. O primeiro tem a ver com a responsabilidade da própria Igreja, enquanto o segundo é o que Cristo faz mais particularmente por Sua Igreja, Sua noiva. Em ambos, a unidade do corpo unido a Cristo é continuamente mantida em vista.

Instrumentos de Deus para o testemunho 

Vamos olhar por um momento para a Igreja como um instrumento de Deus para Seu testemunho neste mundo. Esse caráter do ministério nos é dado particularmente em 1 Coríntios 12, pois ali encontramos, em geral, todos os dons dados para o estabelecimento do Cristianismo, sinais dados ao mundo, provas da glória da vitória do Senhor Jesus e de Seus direitos de governo na Igreja. Evangelistas e pastores não são encontrados ali, em vez disso, temos a soma coletiva da operação e capacidade divina no corpo, usada principalmente para a formação da Igreja. A maioria desses dons desapareceu, pelo menos em sua forma e caracteres iniciais, embora Deus sempre mantenha um testemunho neste mundo.

No entanto, nesse caráter de ministério, vemos Cristo e a Igreja como um todo, agindo diante do mundo em Seu nome. Assim, neste capítulo (1 Coríntios 12), vemos o poder espiritual do Cristianismo em contraste com a idolatria. Além disso, vemos uma diversidade de dons, mas o mesmo Espírito; diversos serviços, mas o mesmo Senhor; diversas operações, mas o mesmo Deus. Assim, toda a Trindade é apresentada em conexão com os dons, a fim de que possamos ver a fonte imediata dessas coisas na Igreja. O caráter de tudo isso é poder para um testemunho ao mundo.

Cristo nutrindo o corpo 

O segundo objeto do ministério é encontrado em Efésios 4. Aqui temos mais o pensamento de Cristo nutrindo e formando Seu corpo na Terra. Sua unidade é apresentada aqui como o resultado da graça que chama aqueles que estão longe (os gentios) e aqueles que estão perto (os judeus) a serem edificados como a habitação de Deus por meio do Espírito. É uma unidade de relacionamento e bênção – um corpo, um Espírito, um Deus e Pai de todos.

Em Efésios temos em especial os privilégios da Igreja unida a Cristo. Deus é “o Deus de nosso Senhor Jesus” e também o “Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Consequentemente, no final do primeiro capítulo ele ora pelas bênçãos que fluem desse título de “Deus” de Jesus Cristo, enquanto no terceiro capítulo ele busca as bênçãos que fluem do título de “Pai” de Jesus Cristo. Essas bênçãos são operadas pelo Espírito Santo agindo em nós, na unidade do corpo, de acordo com o que Cristo recebeu para os membros deste corpo. Foi Ele Quem deu “uns para apóstolos” e “uns para profetas”. Esses dons, apresentados como os frutos de um Cristo que foi elevado ao céu, não são vistos à luz do poder agindo para manifestar a glória de Deus, pelo contrário, eles servem para estabelecer e edificar a Igreja como a morada de Deus, a fim de que todos possam chegar “à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4:13). Nenhuma menção é feita de milagres, línguas ou curas, pois estes sinais de poder não são os canais diretos do Seu amor para com a Igreja. Da mesma forma, em Efésios, o apóstolo não fala do dom em si, mas dos indivíduos que possuíam o dom. Sem dúvida, o dom estava no vaso, mas Deus o conectou à pessoa, e essa pessoa, conhecida por seu dom, foi dada à Igreja.

Tal é a fonte, poder e ordem do ministério como colocado diante de nós na Palavra de Deus. Certamente não há nada mais abençoado neste mundo do que o ministério deste tipo, prestado por Deus no Espírito, tanto para um testemunho neste mundo quanto para edificação de Sua Igreja. Que o próprio Deus dirija Sua Igreja de acordo com sua necessidade, de acordo com Seu amor e de acordo com as riquezas de Sua graça, por Seu Espírito que habita nela.

Adaptado de The Bible Treasury, Vol. 17, págs. 291-293, 306-310

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