Origem: Revista O Cristão – A Nossa Vocação Celestial
A Nossa Vocação Celestial
Uma vocação celestial não é em si mesma exclusividade da Igreja, pois isto era conhecido até mesmo no Velho Testamento. Na primeira parte de Hebreus 11, o Espírito de Deus Se refere a homens como Abel, Enoque, Noé e Abraão, dos quais se diz no versículo 13: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na Terra”. Então, no versículo 16, lemos: “Mas, agora, desejam uma melhor, isto é, a celestial”. Então todos esses homens procuravam pelas bênçãos celestiais, ao invés das terrenas, e com essa esperança, viveram como estranhos e peregrinos na Terra.
A Igreja, no entanto, tem uma vocação celestial que é única. Não somos apenas chamados para sermos estrangeiros e peregrinos, mas estamos diretamente unidos a um Cristo ressuscitado em glória. Mais do que isso, Cristo é o centro e o pivô em torno do qual todos os propósitos de Deus giram, e Cristo e a Igreja são um. Para ter certeza, os tratamentos de Deus para com os homens na Terra giram em torno de Israel, e eles serão trazidos de volta à bênção na Terra durante o dia do reino milenar. Naquele dia eles serão o centro administrativo de Deus no mundo, e o reino será governado a partir de Jerusalém. No entanto, eles não terão proximidade com Cristo e o lugar de bênção que a Igreja terá. A Igreja não somente administrará o reino com Cristo, mas ela terá aquele lugar especial de proximidade ao Seu coração que caracteriza a noiva. Ela é a noiva de Cristo, e mesmo no estado eterno, quando o reino como tal for entregue “a Deus, ao Pai” (1 Co 15:24), ela ainda é apresentada como “uma noiva ataviada para o seu noivo” (Ap 21:2 – AIBB).
As famílias no céu
Mesmo no céu nem todos compartilharão desse lugar de proximidade, pois a Escritura fala de “cada família nos céus” (Ef 3:15 – JND), que nos mostra que haverá diferentes famílias no céu. Então o Senhor Jesus pôde dizer sobre João Batista: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus é maior do que ele” (Mt 11:11). João Batista estará no céu, pois ele terá “parte na primeira ressurreição” (Ap 20:6), mas posicionalmente ele não fará parte da Igreja, e nesse sentido todos os que fazem parte da Igreja são maiores que ele.
O lugar de favor da Igreja
Assim, vemos que a Igreja está em um lugar mais favorecido aos olhos de Deus. Outros foram chamados a esperar pelas bênçãos celestiais, mas somente a Igreja está unida a um Cristo ressurreto em glória. Somente a Igreja será a noiva de Cristo no céu por toda a eternidade. Uma questão surge: “Será que isso tem o efeito adequado em nossa vida?” Paulo pôde dizer aos coríntios: “pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a Ele como virgem pura” (2 Co 11:2 – AIBB). A Igreja deve ser somente para Cristo, como uma mulher que espera o dia de seu casamento, mas ela é deixada neste mundo para ser uma testemunha viva d’Aquele que deu tudo para ter aquela “pérola de grande valor” (Mt 13:46). Que tenhamos nosso Noivo diante de nós e vivamos como aqueles que esperam por Ele que vem a qualquer momento!
Lembrando da nossa vocação
Se nos lembrarmos de nossa vocação celestial, isso fará com que o caminho da fé seja simples. Nós não estaremos perguntando se está tudo bem em fazer isto ou aquilo, mas, ao contrário, sentiremos instintivamente o que é apropriado para aqueles que estão comprometidos a Cristo – o Homem que é rejeitado agora por este mundo. Nós não estaremos nos misturando com o mundo e nos rebaixando ao seu nível, mas seremos como a mulher em Cantares de Salomão que se deleitou em contar aos outros sobre as belezas de seu Amado. Se nosso coração está realmente cheio da antecipação de Sua vinda, isto aparecerá em nosso rosto e em nossa vida. Nosso anseio será ver Aquele que nos ama e morreu por nós, e desejaremos estar em casa com Ele. Por estar ausente, tudo aqui não nos interessará, embora possamos, até certo ponto, desfrutar das coisas da natureza que Ele criou e deu para o nosso bem. Mas tudo carrega a marca da morte e nós buscamos aquilo que é celestial.
Se pudéssemos apreender, mesmo que só um pouco, o que nossa vocação celestial significa, isso iria nos aproximar do bendito que é nosso Noivo e cuja vinda é a nossa esperança!
