Origem: Revista O Cristão – Autoridade

Autoridade Governamental

Embora Deus tenha estabelecido o governo pelos homens, Ele não tinha feito isso no começo da história do homem. Antes do dilúvio, Deus não havia estabelecido nenhum tipo de governo no mundo. Como resultado, Ele teve que observar que a Terra estava cheia de violência e corrupção, e Ele a destruiu por meio de um dilúvio. A fim de preservar alguma ordem no mundo do homem pecador, Deus colocou o governo nas mãos do homem após o dilúvio, quando disse a Noé e a seus filhos: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado” (Gn 9:6). Esta ordem continua até hoje, embora nenhum governo que esteja nas mãos do homem pecador possa ser uma exibição adequada da justiça de Deus. Ao ficar bêbado, Noé falhou quase que imediatamente em sua responsabilidade, e mais tarde Israel, em cujas mãos Deus depositou a responsabilidade do governo, fracassou por causa de sua rebeldia contra Ele. Depois de suportá-los por centenas de anos, Deus permitiu que eles fossem levados em cativeiro para a Babilônia, e Ele deu autoridade e poder governamental para os gentios. Assim, em Nabucodonosor começou os tempos dos gentios. O período da Igreja forma um parêntese em tudo isso, pois é uma demonstração da graça de Deus ao chamar as almas para a glória celestial. No entanto, os tempos dos gentios continuam até hoje, e o governo no mundo em geral está em suas mãos. No Milênio, e somente então, o governo justo será visto na Terra e estará novamente nas mãos da semente de Abraão, quando o Senhor Jesus Cristo terá o Seu lugar de direito e Sua autoridade será reconhecida em todo lugar neste mundo.

Usurpando a autoridade de Deus 

Embora Nabucodonosor tivesse aprendido com Daniel que o Deus do céu foi Quem lhe deu seu reino universal, ele usou seu poder absoluto para ter um deus próprio. Ele tentou afirmar sua própria vontade sobre seus súditos e, assim, usurpar para si o lugar e autoridade que pertencia somente a Deus. Ele usou o poder que Deus lhe deu para negar a Deus e se colocar no lugar de Deus. Ele fez uma imagem magnífica que deveria servir como divindade para todos que estavam sujeitos à sua autoridade.

O comando para se curvar diante das imagens era simples e a penalidade era clara. Não foi necessário muito, de acordo com os pensamentos humanos. No entanto, era a intrusão da vontade do homem no domínio de Deus. A obediência aos poderes que há é um dever dado por Deus, mas a obediência a esses poderes deve ser feita dentro do círculo de sua própria autoridade legal. Nisto descobrimos que as responsabilidades dos crentes hoje se fundem com as de Sadraque, Mesaque e Abednego. Se os poderes que há saem desse círculo de responsabilidade, nossa primeira responsabilidade é para com Deus. Quando os governantes em Jerusalém ordenaram aos apóstolos que não ensinassem ou pregassem em nome de Jesus, Pedro e João responderam: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29). Embora fosse um monarca absoluto, Nabucodonosor saiu de seu próprio domínio e reivindicou para si o que era devido somente a Deus.

Até onde sabemos, apenas Sadraque, Mesaque e Abede-Nego se recusaram a cumprir o decreto do rei. Eles foram trazidos perante o rei e, moralmente, esta foi a mais impressionante cena. De um lado estava Nabucodonosor, um dos mais poderosos monarcas que o mundo já viu, cercado com toda a pompa de sua corte e reino e, do outro lado, três homens de uma raça desprezada e conquistada. A questão a ser respondida era esta: Quem é supremo, Deus ou homem? Entre outras coisas que ele disse, Nabucodonosor lançou um desafio: “Quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (Dn 3:15). Ao fazer isso, ele se engajou na batalha, não contra os homens, mas contra o próprio Deus.

A resposta de Sadraque, Mesaque e Abednego, quieta e moderada em seu tom, é sublime em sua expressão da confiança deles em Deus e em Seu poder. Eles contavam com o poder de Deus, que sabiam que poderia libertá-los, caso Nabucodonosor cumprisse sua ameaça de lançá-los na fornalha. Por outro lado, a determinação deles foi de não ceder ao comando do rei. Se fosse a vontade do Senhor, eles estavam prontos para morrer como mártires por amor a Ele. Sua fé e obediência eram tão absolutas quanto a vontade do rei.

A atitude Cristã 

A atitude deles define a verdadeira posição do crente para com os poderes que estão estabelecidos hoje. Em todo lugar no Novo Testamento, a submissão a estes é ordenada, e tal deve ser o caminho do Cristão no meio de agitações políticas e confusões. Várias Escrituras poderiam ser citadas, mas Romanos 13:1-2 é suficiente: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores, porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação”.

O crente não deve levantar questões nem examinar a legalidade das autoridades constituídas. É o suficiente para ele o fato de que eles estão no poder, e ele então segue seu caminho em paz, enquanto ele presta a obediência necessária. Mas se essas autoridades saem para além de sua própria esfera e procurarem substituir a Palavra de Deus pela sua vontade e impor essa vontade a seus súditos, elas efetivamente se colocarão no lugar de Deus. Nesse caso, a fidelidade a Deus, como aconteceu com os três filhos do cativeiro Judaico, exige que Deus seja obedecido e não o homem. O limite da obediência ao governo é a obediência a Deus em obedecê-los. Se forem chamados para desobedecer a Deus cedendo às exigências de um governo, o crente deve reter uma boa consciência para com Deus, mesmo ao custo de sua vida. Tal foi o fundamento tomado por Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.

Submissão mesmo para a morte 

Mais uma vez, sabemos o final da história. Estes três homens foram lançados na fornalha, mas Deus entrou e silenciosamente exibiu Seu poder diante do rei furioso. O fogo não teve efeito sobre eles, exceto queimar os laços que os prendiam e, mais do que isso, o próprio Senhor andava com eles no fogo. Por outro lado, precisamos nos lembrar de que Sadraque, Mesaque e Abednego não sabiam com certeza que receberiam uma libertação tão maravilhosa. Eles estavam prontos para morrer em vez de negar seu Deus, e Hebreus 11:36-38 fala de outros que foram torturados, aprisionados, exilados e mortos por sua fidelidade. Assim deve ser hoje. Alguns são libertos de maneira maravilhosa, enquanto outros honram o Senhor sofrendo e até mesmo morrendo por Ele.

Em conclusão, podemos dizer claramente que o crente deve obedecer aos poderes que estão estabelecidos, pois Deus foi Quem os estabeleceu. Enquanto o pecado estiver no mundo, o governo é necessário, pois as terríveis tendências da natureza pecaminosa do homem devem ser contidas. Mas o crente, como parte de uma companhia celestial, não deve se envolver no governo deste mundo. Sua vez de governar virá quando ele viver para reinar com Cristo por mil anos (Ap 20:6), mas tentar fazer isso agora é procurar reinar antes do tempo de Deus. Os coríntios queriam fazer isso e Paulo teve que dizer-lhes: “Sem nós reinais” (1 Co 4:8). De acordo com Daniel 4:17, o governo às vezes pode estar nas mãos do “mais baixo dos homens”, mas como foi Deus que os colocou, devemos estar em sujeição a eles.

Adaptado de Daniel The Prophet

E. Dennett

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