Origem: Livro: Para Que Te Vá Bem

Cristo e a Igreja

Até agora, a autoridade bíblica e os propósitos para o casamento que examinamos – a ordem de Deus na criação, o estabelecimento de famílias e o conforto e companherismo mútuos – nascem, em geral, de nossas necessidades temporais. Há, no entanto, algo que é de um caráter muito maior que qualquer coisa que consideramos até agora. “Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à Igreja; Porque somos membros do Seu corpo, da Sua carne, e dos Seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da Igreja (Ef 5:29-32 – ARF).

O casamento deve refletir algo do caráter da união espiritual entre Cristo e a Igreja. Nestes versículos, a expressão uma só carne traz diante de nós um pensamento diferente; fala agora do corpo físico e do cuidado que é dirigido a ele. Ninguém nunca negligencia seu próprio corpo – nós o alimentamos, lavamos, tratamos e vestimos – alguns mais do que outros! Esse também é o cuidado de Cristo por Seu corpo, a Igreja, e deve ser o cuidado do marido por sua esposa (Ef 5:28-29).

Também lemos, em conexão com Cristo e Sua Igreja, que Ele é “para ser o Cabeça sobre todas as coisas, O deu à Igreja (Ef 1:22 – ARA) – observe que diz à Igreja e não sobre a Igreja. Para entender a distinção, pense novamente no corpo natural. A cabeça coordena todas as atividades; o cérebro recebe estímulos, por exemplo de dor, de outros membros do corpo e guia e orienta o todo a responder adequadamente. Quando a medula espinhal é rompida, o corpo não morre – o coração, o fígado e os demais órgãos continuam funcionando, ainda que de maneira imperfeita, pois o corpo fica paralisado; já não pode mais receber direção da cabeça. Nem a Igreja nem o casamento florescerão em tal estado de paralisia.

Um casamento funcional é um organismo vivo, dois agindo juntos como um, com o marido provendo a liderança. Eles agem, não por suas próprias necessidades egoístas, mas como um reflexo do amor e graça que Cristo derramou sobre Sua Igreja. Eles são “co-herdeiros da graça da vida” (1 Pe 3:7). É claro que falo de um casamento Cristão – um casamento no Senhor. Embora eu mencione dois agindo em conjunto, em tal relacionamento haverá, de fato, três; o Próprio Senhor será parte integrante do casamento. Alguém comparou isso a um triângulo com o Senhor na ponta superior e o casal representado em cada lado que converge para a ponta; quanto mais próximo o marido e a esposa estiverem d’Ele, mais perto estarão um do outro. “O cordão de três dobras não se quebra tão depressa” (Ec 4:12).

Esse aspecto do casamento deveria nos fazer parar e pensar. Há algo maior aqui. Casamento não é sobre minhas necessidades; além disso, não se trata apenas das necessidades dele e das necessidades dela; há algo a mais que Deus deseja realizar em um casamento. Embora eu tenha abordado o que é natural primeiro, ao refletirmos sobre o lado espiritual das coisas, começamos a perceber que essa deveria ser a força motriz por trás do relacionamento. Não pretendemos negligenciar o natural, mas ele assumirá uma perspectiva diferente e, eu sugeriria, uma perspectiva correta, quando vivermos para o espiritual.

Um último ponto deve ser abordado: A Escritura liga diretamente o casamento e a Igreja. Muitas vezes, encontramos a verdade da Igreja e o comportamento na assembleia, relacionados ao casamento e à família. Os dois são inseparáveis. Novamente, eu reiteraria a importância de ser claro quanto à assembleia antes de iniciar-se o relacionamento matrimonial.

Compartilhar
Rolar para cima