Origem: Livro: Para Que Te Vá Bem
Alguns Exemplos Bíblicos
Não apenas podemos encontrar muitos versículos que nos dão as qualidades que deveriam caracterizar o marido ou a esposa, mas também temos exemplos bíblicos de indivíduos procurando um cônjuge – felizmente, alguns mais felizes do que a história que acabamos de considerar. Infelizmente, o espaço não permite um exame completo dessas passagens, mas teremos uma visão geral rápida para confirmar os princípios que estabelecemos.
Começaremos com a procura de Abraão por uma esposa para seu filho Isaque (Gn 24). A opinião moderna dessa história é que, embora fosse apropriada para a cultura da época, ela não se aplica nos dias atuais. Ao contrário, eu acredito que os princípios contidos no relato são tão aplicáveis atualmente quanto quando foram escritos. Nesse caso, o pai envia seu servo para procurar uma esposa para seu filho. Agora, não vou sugerir que, como pais, arranjemos casamentos para nossos filhos. Dito isto, é mais apropriado orar por nossos filhos, tanto em busca do seu bem-estar quanto para que possam ser guiados a uma esposa ou marido adequados. A procura do servo começa com conselhos e oração piedosos (Gn 24:3-14). Era muito importante para Abraão que a garota fosse da mesma família – em nosso caso, isso significaria alguém da família de Deus. Ao chegar à cidade de Naor, o servo dedica um tempo para observar as garotas no poço. Rebeca é percebida por ser trabalhadora, gentil e generosa. Além disso, se interpretarmos a água em sua aplicação tipológica, ela poderia estar nos falando da Palavra de Deus – esta era a ocupação dela. A declaração de Rebeca sobre sua família é clara e concisa: “Eu sou filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu a Naor” (Gn 24:24). Quando um indivíduo não pode dar uma clara confissão de fé, esse é um aviso claro. E, como se tudo isso não bastasse, Rebeca era bonita e pura. Rebeca era a garota! Não é de admirar que o servo tenha ficado completamente impressionado (Gn 24:15-21).
Quando chegamos a Isaque e seu filho Jacó, não vemos o mesmo nível de preocupação no pai ou mesmo no filho, e o resultado reflete isso. “E Isaque chamou a Jacó, e abençoou-o, e ordenou-lhe, e disse-lhe: Não tomes mulher de entre as filhas de Canaã: Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher das filhas de Labão, irmão de tua mãe” (Gn 28:1-2). A instrução inicial tem semelhanças com a dada por Abraão, no entanto, quando Jacó conhece Raquel, a única qualidade mencionada que ele observou foi: “Raquel era de formoso semblante e formosa à vista” (Gn 29:17). Jacó ficou impressionado com a figura e a boa aparência de Raquel. Não acredito que tenhamos lido sobre Jacó buscando a direção de Deus, de fato, no capítulo anterior, ele está com medo na presença de Jeová e pensa que pode fazer um acordo com Ele.
A paixão não é um bom indicador para um casamento bem-sucedido. No capítulo seguinte, Gênesis 30, encontramos Raquel fazendo exigências despropositadas ao marido, e um Jacó zangado respondendo sem empatia ou preocupação por sua esposa. Raquel era idólatra, desonesta, enganosa e invejosa (Gn 30:1, 31:30-35) – características não tão desejáveis a serem descobertas em sua esposa. No entanto, Jacó, um homem carnal, encontrou o que procurava. Não quero sugerir que este par não fosse a vontade de Deus para Jacó, nem que Jacó realmente não amava a Raquel. Jacó tinha muito a aprender sobre si mesmo; ele era cego em relação a seus próprios defeitos, e sua paixão pela atraente Raquel, também o cegava em relação a ela.
Temos uma perspectiva bastante diferente quando chegamos à história de Rute. Antes de prosseguirmos, no entanto, há um ponto a ser observado. A intenção principal dessas porções das Escrituras não é de nos instruir sobre como encontrar um(a) companheiro(a). Rute forma um elo importante na linhagem de Davi e, consequentemente, do Messias. O livro também é profético; Rute tipifica a restauração de Israel. No entanto, os detalhes incidentais em cada um desses relatos nos apresentam princípios divinos que podemos seguir em relação ao nosso assunto.
Desde o início, aprendemos muito sobre o caráter de Rute. A história começa com sua fidelidade a Noemi e a seu Deus – “o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1:16). Embora moabita, ela havia entrado no aprisco de Israel pela fé em Deus Jeová (Rt 2:12) e, como tal, a graça a tornava uma parceira elegível. Da mesma forma, alguém salvo de uma condição ímpia e encontrado na assembleia, é igualmente elegível. No entanto, sempre que houver diferenças significativas nos antecedentes, elas devem ser trabalhadas. Assim como Rebeca e Raquel, Rute não fica ociosa em casa; ela sai para o campo para colher. Embora o lado prático das coisas seja importante, se novamente reconhecermos o ensino alegórico – de um conjunto de coisas espirituais, especialmente na assembleia – a lição para nós é ainda mais significativa. De sua parte, Boaz não ignora Rute; a boa reputação dela a precedeu (Rt 2:11). Boaz é gentil e atencioso; ele dá comida e água à Rute e estende sua proteção a ela. Ao fazer isso, ele conforta essa estrangeira, pois ele fala ao coração dela (Rt 2:8-14). Verdadeiramente, essas são as raras qualidades a serem procuradas em alguém pretendido. Rute responde ao incentivo de Boaz e rapidamente se junta às suas moças durante toda a colheita (Rt 2:23). É interessante notar que Boaz tenha dito: “aqui te ajuntarás com as minhas moças”, mas Rute o cita dizendo: “Com os moços que tenho te ajuntarás” (Rt 2:8, 21). Talvez ela estivesse esperançosa em encontrar um jovem adequado e considerasse Boaz fora de seu alcance. Não se desvalorizem; vocês poderiam dar um passo de maneira imprudente! Naomi responde sabiamente: “Melhor é, filha minha, que saias com as suas moças, para que noutro campo não te encontrem” (Rt 2:22). Por uma questão de brevidade, deixarei que meus leitores se familiarizem com a história completa. No entanto, pode-se perguntar por que Noemi, que tinha sido tão cuidadosa com o caráter de Rute, a instruiu a descer para a eira. Ela deveria ir lá depois que os homens tivessem comido e bebido, ao final do dia. Quando Boaz se deitou para dormir, Rute foi instruída a descobrir seus pés e deitar-se junto a ele. Nesse caso, acredito, que agora é Boaz que precisava de algum encorajamento. Lembre-se, ele era muito mais velho que Rute e, concebivelmente, temia que essa jovem garota não o quisesse. Rute não apenas deu a ele o incentivo de que precisava, mas também o lembrou de sua obrigação perante a lei para consigo (Rt 3:9-13).
No lado negativo das coisas, também encontramos exemplos de homens e mulheres na Bíblia que seguiram o coração. “E desceu Sansão a Timnata: e, vendo em Timnata a uma mulher das filhas dos filisteus, subiu, e declarou-o a seu pai e a sua mãe, e disse: Vi uma mulher em Timna, das filhas dos filisteus; agora, pois, tomai-ma por mulher. Porém seu pai e sua mãe lhe disseram: Não há, porventura, mulher entre as filhas de teus irmãos, nem entre todo o meu povo, para que tu vás tomar mulher dos filisteus, daqueles incircuncisos? E disse Sansão a seu pai: Tomai-me esta, porque ela agrada aos meus olhos” (Jz 14:1-3). Jovem rapaz, se você procurar uma mulher deste mundo que o agrade, você a encontrará! Sansão rejeitou o conselho de seus pais e conseguiu sua esposa. Não demora, no entanto, para que ela seja dada a outro homem. Sansão então toma uma prostituta antes de finalmente se estabelecer com Dalila – outra filisteia (Jz 16). A história de Dalila é vergonhosa, e acho que não existem muitos lugares neste mundo em que seu caráter não seja conhecido. Se formos levados pela concupiscência de nossos olhos e pela concupiscência da carne, por que deveríamos esperar um resultado melhor do que o de Sansão? Lemos a respeito de Sansão orando apenas duas vezes – e nas duas vezes ele estava no limite (Jz 15:18, 16:28). Que diferença teria feito se ele tivesse orado antes e se tivesse ouvido os conselhos de seus pais.
Encontramos um conto triste semelhante com Diná: “E saiu Diná, filha de Léia, que esta dera a Jacó, a ver as filhas da terra. E Siquém, filho de Hamor, heveu, príncipe daquela terra viu-a, e tomou-a, e deitou-se com ela, e humilhou-a” (Gn 34:1). Assim como o homem, se uma garota procura um rapaz nesse mundo, ela encontrará o que está procurando. Os homens deste mundo acham as garotas Cristãs atraentes – e por que não achariam? Eles seriam tolos se não achassem. Uma garota Cristã deveria ter todas as qualidades que naturalmente atraem um homem – elas são puras, gentis, atenciosas, comprometidas, honestas, trabalhadoras, e a lista continua. Oro para que você não sacrifique sua vida a um jugo desigual, as coisas podem ser agradáveis a princípio, mas no final haverá tristeza. Quando andamos em desobediência à Palavra de Deus, o resultado não pode ser evitado.
