Origem: Livro: Para Que Te Vá Bem
Compatibilidade
Uma das razões mais comuns dadas para o divórcio (onde seja necessária uma razão) é o da incompatibilidade de gênios. Simplificando, duas pessoas que são incompatíveis. A compatibilidade deve ser considerada em muitos níveis: de fé, espiritual, intelectual, temperamental, financeiro, recreativo e assim por diante. Haverá itens que são inegociáveis, como fé por exemplo, e haverá coisas que são menos críticas. É importante decidir o que é vital e o que não é. Se você não pode viver sem isso, então provavelmente é vital!
Para citar uma referência literária:
“Deixe-me aconselhá-la a pensar melhor sobre isso. Eu sei a sua disposição, Lizzy. Eu sei que você não poderia ser nem feliz nem respeitável, a menos que realmente estimasse seu marido; a menos que você o visse como a um superior. Seus joviais talentos a colocariam em maior perigo em um casamento desigual. Você mal poderia escapar do descrédito e da miséria. Minha filha, deixe-me não ter a dor de vê-la incapaz de respeitar seu parceiro na vida” (Orgulho e Preconceito, Jane Austen).
Mais uma vez percebo o quanto a sociedade mudou os padrões Cristãos antes aceitos. Quando Jane Austen escreveu esta peça de literatura popular, não era para expressar visões radicais – seus escritos se inclinam para a observação satírica de seus semelhantes, seres humanos, e não para a derrubada das normas sociais. Esses sentimentos agora são amplamente vistos como sendo totalmente ultrapassados e certamente humilhantes para as mulheres. No entanto, o conselho do Sr. Bennett para sua filha, Elizabeth é, em geral, sólido. Teria sido bom se Austen tivesse focado em qualidades espirituais e não intelectuais – afinal, ela era filha de um pastor anglicano. É fundamental que a mulher escolha um homem a quem ela possa realmente estimar como sua cabeça; que possa alegremente admirar, honrar e respeitar. A compatibilidade intelectual não deve ser ignorada, mas devemos olhar além dos diplomas universitários. Casais de estilos de vida amplamente divergentes tornaram-se parceiros felizes no casamento porque compartilhavam um vínculo intelectual e curiosidades em comum, apesar das grandes diferenças na formação educacional.
Se nos voltarmos agora para o homem, confio que esteja procurando uma adjutora. A que ele escolheu será uma ajuda espiritual ou um peso morto? Ou pior ainda, sua esposa será um desencorajamento espiritual? Não se case com seu ministério; se o seu campo de missão são as ovelhas perdidas deste mundo, case-se com uma pastora! “Mas Mical, a outra filha de Saul, amava a Davi” (1 Sm 18:20) e ainda assim ela não foi de nenhuma ajuda espiritual para ele. De fato, lemos que Saul a entregou a Davi, para que ela lhe service “de laço” (1 Sm 18:21). Eles não eram nem um pouco compatíveis espiritualmente.
Você nunca vai discernir essas coisas a menos que esteja disposto a discutir assuntos espirituais juntos. Se há alguém que você está vendo atualmente, te pergunto: Você já orou com ele(a)? Já leram a Bíblia juntos? Talvez tudo pareça tão estranho, mas realmente, por que deveria haver constrangimento com alguém que professamos amar e que retribui nossas afeições? Mais que provável, nossos pensamentos estão longe; estamos muito ocupados planejando o que vamos fazer a seguir. É importante se divertir juntos – um casamento não vai durar se não gostarmos da companhia um do outro – mas há coisas mais fundamentais. Precisa haver aquela base sobre a qual o casamento repousa. Quando as crianças vêm, as coisas ficam bagunçadas muito rapidamente, a menos que a questão da compatibilidade em questões de fé seja resolvida muito antes do casamento.
As questões financeiras são a principal fonte de conflito em cerca de 40% dos casamentos; para outros 50% é uma causa secundária de dificuldade. É importante para o casal entender que tipo de gestores de dinheiro eles são. O dinheiro é usado na Escritura como exemplo de fidelidade em coisas materiais (Mt 25:14-30). Devemos ser bons administradores dos recursos que Deus nos deu, não importa se pouco ou muito. Dinheiro não é simplesmente sobre atender às necessidades de alguém. Esperar que as necessidades de alguém sejam sempre atendidas não é prático nem bíblico; criar uma criança dessa forma é desastroso. Por outro lado, se vemos nossos recursos financeiros como pertencentes ao Senhor, então isso muda tanto a maneira como administramos nosso dinheiro quanto como o gastamos.
Quando Abraão falou com seu servo, ele deu esta instrução: “Se a mulher, porém, não quiser seguir-te, serás livre deste meu juramento” (Gn 24:8). Embora isso esteja relacionado com Isaque não voltar à Mesopotâmia, acredito que há uma aplicação mais ampla. Se a esposa não está disposta a seguir seu marido, reconhecerá ela sua liderança? Além disso, se o homem pretende sustentar sua esposa – como é seu dever – seu emprego pode não permitir que ele se mude.
É interessante notar que quando o servo de Abraão se apresentou a Labão, deixou claro que Isaque era um homem de posses; alguém que poderia sustentar uma esposa (Gn 24:35-36). Agora, uma garota não deve esperar que seu marido ofereça uma situação tão confortável como aquela que está acostumada. No entanto, se houver uma mudança significativa nas circunstâncias, isso deve ser discutido abertamente. Não estou sugerindo que o dinheiro seja o baluarte para o casamento, mas já que os dois estão nisso juntos, deveriam tentar fazer juntos um pouco de economia. Construir uma casa é uma responsabilidade conjunta. Muitos casais jovens começaram a vida de casados sem nunca terem sequer considerado o custo de administrar uma casa. Tudo isso pode parecer constangedoramente cotidiano, e nada romântico, e ainda assim estas são algumas das principais razões de conflito que as pessoas alegam quando este ocorre no casamento. Você não pode viver apenas de amor!
Existem muitas outras áreas da vida onde as diferenças aparecerão: Você é uma coruja noturna ou uma pessoa matinal? É pontual ou nem tanto? Tem mania de arrumação ou é bagunceira? Espontânea ou planejadora meticulosa? Não ignore simplesmente essas diferenças; você vai ter de decidir se pode viver com essas diferenças ou não. Pequenas coisas podem crescer rapidamente e se tornar feridas graves, a menos que se tenha a capacidade e a graça de ignorar as fraquezas do outro. Uma pessoa que é sempre pontual pode ver a pontualidade como uma questão de integridade – abandonar esse hábito pode tocá-la muito pessoalmente. Aquele que não é pontual pode ver os horários como um objetivo, mas não uma promessa. Você pode conciliar a diferença? Alguém está disposto a mostrar um pouco de paciência quando o outro está atrasado? Você está pronto para dar ao outro ou a si mesmo mais tempo para que não estejam habitualmente atrasados?
E as coisas que gostamos de fazer no nosso tempo livre? Talvez um goste de estar longe das multidões apreciando a natureza nas montanhas, enquanto o outro prefere estar no shopping com a agitação das pessoas. Claramente, essas são coisas onde as concessões adequadas podem criar uma relação viável. Nem toda atividade precisa ser feita em conjunto – mesmo no casamento. Um tempo sozinho é importante. No entanto, se não houver semelhanças, eu perguntaria: O que os une? Marido e mulher devem prover conforto mútuo e apoio um para o outro. Se não há interesses compartilhados, isso pode levar a um casamento muito solitário.
