Origem: Livro: Para Que Te Vá Bem
O Que Fazer Quando Erramos?
É importante reconhecer a seriedade do pecado aos olhos de um Deus santo. A graça não diminui o padrão de Deus – longe disso. De fato, são aqueles que buscam obter aceitação diante de Deus pelas obras, ou guardando a lei, que tentam inventar desculpas ou limitar o alcance da lei[9]. É somente no evangelho da graça de Deus que temos a revelação completa da justiça divina. Não há absolvição do pecado; devemos julgar o pecado como Deus o vê. Uma vez que o pecado é reconhecido sob essa luz, começamos a ver algo do seu horror. O verdadeiro arrependimento é tomar o lado de Deus contra si mesmo. Se eu realmente reconheço que Cristo sofreu por mim na cruz, isso não me deixará indiferente ao pecado – no entanto, eu vejo minha libertação lá. Pelo contrário, isso me dará uma ternura maior de espírito e de sentimento.
[9]  N. do A.: Como vemos no caso do intérprete da Lei na parábola do Bom Samaritano (Lc 10:29). ↑
Erro não é tratado por meio de penitência, promessas renovadas ou por auto repreensão. Deve haver confissão e abandono das coisas que levaram ao erro (Pv 28:13). “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9). O verdadeiro arrependimento se manifestará em um coração quebrantado e contrito (Sl 51:17); quebrantado por ter desonrado ao Senhor, e contrito por causa do erro. Não é o desejo de Deus nos levar ao desânimo onde tudo é desesperança – isso é obra de Satanás. Antes, é a advocacia do Senhor que nos leva, primeiramente, ao arrependimento pela aplicação de Sua Palavra, e depois, em segundo lugar, a uma condição de verdadeira restauração (Lc 22:61-62; Jo 21:15-19). Tenha em mente que isto é um processo e não algo pontual. “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte” (2 Co 7:10).
O pecado é invariavelmente acompanhado de consequências, e nas coisas morais elas podem ser significativas (Gl 6:7). No entanto, isso não impede a restauração. Pode certamente significar mudança de circunstâncias, mas se julgarmos o pecado e nos voltarmos totalmente para o Senhor, seremos abençoados. Davi pecou do modo mais abominável. Ele cometeu adultério com Bate-Seba; causou a morte de Urias, o hitita; e por tudo isso, uma criança nasceu. No Salmo 51, lemos a oração de Davi de confissão e humilhação. No final, houve bênção: O filho de Bate-Seba, Salomão, sentou-se no trono de Davi. No entanto, o preço que Davi pagou foi alto. Ele perdeu a criança concebida por seu adultério; seu filho Amnon foi morto; Absalão morreu como resultado da insurreição e, finalmente, Adonias morreu por sua pretensão ao trono.
Quem foi restaurado no Senhor deve ser recebido como tal (2 Co 2:6-8). As lições profundas que esse indivíduo terá aprendido deixarão uma marca indelével em sua alma. Tal pessoa pode muito bem ser de maior serviço ao Senhor após a queda do que antes, pois a fraqueza que levou ao erro foi reconhecida e julgada. Pedro foi totalmente restaurado ao Senhor e a seus irmãos.
Por outro lado, quando alguém cai repetidamente no pecado – especialmente quando é o mesmo pecado – é questionável se a coisa já foi realmente julgada. O arrependimento deve ser acompanhado pela ação; não são simplesmente palavras. “Por seus frutos os conhecereis” (Mt 7:16) é um aviso solene, mas verdadeiro. Quando se trata de casamento, seria imprudente e possivelmente não bíblico entrar em um relacionamento com uma pessoa que, repetidamente, cai em pecado, especialmente quando é de caráter moral ou viciante.
