Origem: Livro: Eleição, Livre Arbítrio e Segurança Eterna

Vida Eterna

A vida eterna é especialmente o assunto do Evangelho de João e suas epístolas. “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3:36). “Estas coisas vos escrevi a vós, que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna” (1 Jo 5:13 – ARF). O crente tem vida eterna; é a própria vida do crente aqui e agora. Para que o significado não escape, afirmo o óbvio: qualquer coisa mais curta que a eternidade, não é eterno! Embora eu enfatize a duração de nossa nova vida, devemos ter sempre em mente que a vida eterna é muito mais do que uma existência em perpetuidade (até mesmo o diabo a tem). Isso fala da qualidade de vida que agora possuímos em um Cristo ressuscitado. É a própria vida de Cristo no crente. Quando Cristo esteve aqui na terra, a vida eterna foi exibida em Sua pessoa: “Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (1 Jo 1:2). Essa vida agora é nossa. Como a conseguimos? É o privilégio de Cristo dispensá-la àqueles a quem o Pai Lhe deu: “Lhe deste [o Pai deu] poder sobre toda carne, para [Cristo] que dê a vida eterna a todos quantos Lhe deste” (Jo 17:2). Aqui encontramos Deus agindo de acordo com Sua soberania; a obra da salvação dentro de nós é somente d’Ele.

No Evangelho de João, também lemos: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos” (Jo 10:28). Aqueles a quem Cristo dá a vida eterna nunca perecerão. Aqui nosso Salvador usa uma dupla negativa [nunca; ninguém] – uma negativa reforçada em grego – eles não, nunca perecerão! No entanto, posso ouvir a resposta ecoando: Mas posso me retirar de Sua mão. Dois erros notáveis estão implícitos nesta declaração. Primeiro, a salvação é vista como descansando, pelo menos em parte, com aquele que diz isso – se eu fiz a escolha, então posso desfazer essa escolha. Isso foi anteriormente demonstrado ser falso; não escolhemos a salvação. Em segundo lugar, a salvação é vista como uma restauração do espírito humano, em vez de uma sentença de morte sobre a velha natureza e a transmissão de uma vida completamente nova em Cristo. Se nasci de novo e sou uma nova criação em Cristo Jesus (2 Co 5:17), devo também reconhecer que não faz sentido falar em reverter esse processo – o que seria necessariamente o caso se eu pudesse perder minha salvação. Além disso, quem é o eu que diz: eu posso me retirar de suas mãos? Só pode ser o velho eu que está crucificado com Cristo (Gl 2:20); não é a nova vida que agora possuo.

No capítulo dezessete do Evangelho de João, o Senhor roga[12] ao Pai: “Eu rogo [oro – KJV] por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus… Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse” (Jo 17:9-12). O pedido do Senhor não se limitou ao âmbito dos discípulos, pois Ele continua a dizer: “Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim” (Jo 17:20). Dizer que podemos estar perdidos depois de termos sido salvos implica que o pedido do Senhor foi negado. Alguns podem apontar para Judas, mas Judas nunca foi uma alma convertida, como o Senhor nos diz inequivocamente: “Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado [banhado] não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos. Porque bem sabia ele quem O havia de trair; por isso, disse: Nem todos estais limpos” (Jo 13:10-11). Judas nunca foi lavado; ele não estava limpo; ele não era uma alma convertida. Ninguém pode perder sua salvação se nunca a teve em primeiro lugar.
[12] Embora traduzida como orar, a palavra usada é mais forte; significa pedir a um igual, exigir.

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