Origem: Livro: Justificação
Justificação de Vida
Até o décimo segundo versículo de Romanos cinco, o apóstolo trata da justificação das ofensas. Foi Cristo “O qual por nossos pecados foi entregue” (Rm 4:25). A partir do décimo segundo versículo, porém, ele aborda um novo assunto: “Por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte” (Rm 5:12). O apóstolo agora considera o que somos por natureza como filhos de Adão. Ele traz diante de nós duas cabeças, Adão e Cristo[13]. O pecado entrou neste mundo por meio da queda de Adão, e todos nós herdamos sua natureza – uma natureza caída. Pode-se contestar e perguntar: O que o pecado de Adão tem a ver comigo? Uma pergunta simples produz a resposta: Você peca? Se sim, então você é filho de Adão – o fruto estabelece a raiz; não podemos escapar de nossa herança. Há mais, no entanto, do que apenas uma natureza comum. O pecado de Adão o afastou de Deus – o chamado no jardim foi: “Onde estás?” (Gn 3:9). Os descendentes de Adão estão igualmente afastados de Deus – não poderia ser de outra forma; viemos ao mundo no lugar de Adão.
[13]  No sexto capítulo encontramos dois senhores, o pecado e Deus; e no sétimo capítulo dois maridos, a Lei e Cristo. ↑
Como Deus trata a natureza caída? “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne;” (Rm 8:3). Na cruz, Deus condenou o pecado na carne; está terminado. A Lei não era falha, mas a carne era incapaz de guardá-la. Deus agora vê o crente como morto e sepultado com Cristo. Se alguém ocupasse meu lugar na forca, a justiça aceitaria a morte do substituto como minha morte. Eu seria visto como tendo morrido com meu substituto. Da mesma forma, na mente de Deus, estamos crucificados com Cristo. Não pode mais haver condenação por uma sentença executada e sofrida por outro. Além disso, fui levado a uma nova posição de vida em Cristo a quem Deus ressuscitou de entre os mortos. A justiça está satisfeita e Deus agora me vê em Cristo como justificado. Ele agora é minha justiça na presença de Deus (1 Co 1:30; 2 Co 5:21) – não por causa de Sua vida na Terra, mas por causa de Sua morte e ressurreição.
A ofensa de um, Adão, trouxe um reinado de morte (Rm 5:14). O dom gratuito de Deus em Cristo, por outro lado, trouxe um reino de vida para aqueles que o recebem: “Muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só-Jesus Cristo” (Rm 5:17). Isso é o que as Escrituras chamam de justificação de vida. “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm 5:18). Qual é a condenação que paira sobre a cabeça de cada homem? Morte![14] Com a justificação, por outro lado, temos a vida estendida a todos, uma vida à qual o pecado nunca pode se associar – esta é a justificação de vida. Sua eficácia é limitada, entretanto, àqueles que receberam esse dom em Cristo. Na última parte de Romanos cinco, vemos esses contrastes: a vida de Adão trouxe morte; a morte de Cristo trouxe vida. Em um temos condenação, no outro justificação.
[14]  Final e eterna, não apenas morte natural. ↑
