Origem: Livro: Justificação

O Velho e o Novo Homem

Deus não acoberta com justiça, por assim dizer, as características do que sou em Adão. Vestir de justiça o que sou por natureza – seja de Cristo ou de outra forma – não seria justo ou santo da parte de Deus.

Deve notar-se que a palavra hebraica para expiação no Velho Testamento significa cobertura. Notadamente, não encontramos a palavra expiação no Novo Testamento.[15] Às vezes usamos a palavra ao nos referir aos sofrimentos expiatórios de Cristo. Desde que entendamos que se trata de uma satisfação plena e não de uma cobertura, isso é aceitável. O sangue dos sacrifícios provia uma cobertura, mas nunca poderia purificar a consciência ou atingir a natureza daquele que oferecia; as ofertas foram aceitas aos olhos de Deus porque anteciparam a vinda do Senhor Jesus Cristo. O ofertante, entretanto, nunca teve a certeza dos pecados perdoados. Ele esperava a tolerância da parte de Deus. Nós, entretanto, permanecemos na justiça revelada de Deus.
[15] Romanos 5:11 deveria dizer reconciliação em vez de expiação (KJV).

O apóstolo Paulo usa as expressões “velho” e “novo homem” para descrever o estado corrupto do homem caído em contraste com as características de uma nova vida em Cristo (Rm 6:6; Ef 4:22-24; Cl 3:9-10). O velho homem não tem nada de bom nele – aos olhos de Deus, ele está totalmente arruinado (desfeito?): “Nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito” (Rm 6:6). Tudo o que sou em minha natureza de Adão foi posto de lado na cruz. Não há melhora para o homem caído – o remédio para o que sou é a morte. Ao contrário, o novo homem não tem defeitos. “Novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4:24). Uma vez que entendemos que temos uma vida totalmente nova em um Cristo ressuscitado, uma vida que não tem possibilidade do pecado se associar a ela, a necessidade de imputar os méritos de Cristo ao crente para justificação se torna manifestamente absurda.

Até que partamos desta cena, temos a carne em nós – Deus pode ter dado um fim a ela, mas nós ainda vivemos com ela. Ela não deveria mais ser a força que nos governa, pois também temos uma nova vida, uma vida movida pelo Espírito de Deus (Rm 8:9-12). Quando se trata de justiça prática, porém, muitas vezes falhamos. Felizmente, o crente permanece em uma justiça perfeita, totalmente à parte de si mesmo. É em Cristo que agora está nossa vida. Estar em Cristo é estar diante de Deus no lugar de aceitação de Cristo. “Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1:30 AIBB).

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