Origem: Livro: A Lei – O Relacionamento Apropriado do Cristão com a Lei
A Justa Exigência da Lei
Quando chegamos ao oitavo capítulo de Romanos, o Espírito Santo aparece como o poder da vida Cristã. É lá que lemos: “Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma [fraca – TB] pela carne, Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:3-4). A lei em si não é fraca; a fraqueza se encontra no homem – a carne é incapaz de guardar a lei. A lei, uma vez violada, leva à condenação; tendo feito seu trabalho nada mais tem a dizer. A lei não conhece misericórdia; é impotente para remover a condenação. Cristo, por meio de Sua morte, realizou isso na cruz. Podemos agora dizer: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1). Vistos como mortos com Cristo, não somos mais governados pela lei do pecado e da morte. Em vez disso, há um novo princípio operando dentro de nós – o Espírito de vida em Cristo Jesus. Quando andamos no poder do Espírito Santo, cumprimos os requisitos justos da lei.
Certamente há princípios expressos na lei consistentes com a vida Cristã. O certo e o errado não mudaram. Na verdade, nenhum dos princípios morais encontrados na lei foi posto de lado – de fato, eles foram fortalecidos. Segundo a lei, o divórcio era permitido, mas por quê? “Disse-lhes Ele: Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, ao princípio, não foi assim” (Mt 19:8). Mas, sob a graça, temos: “Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher” (1 Co 7:10-11). Essa parte dos evangelhos comumente chamada de Sermão da Montanha (Mt 5-7) é frequentemente entendida como uma espiritualização da lei. Não é isso. Ela nos dá aqueles princípios morais adequados ao reino em contraste com a lei. Ela sobe a um padrão mais elevado. Várias vezes o Senhor diz: “Eu, porém, vos digo…” (Mt 5:22, 28, etc.).
Dos Dez Mandamentos, todos exceto o quarto (a guarda do sábado) aparece de uma forma ou de outra no Novo Testamento. Mais uma vez, para dizer de outra forma, o ensino do Novo Testamento não contesta os princípios morais expressos pela lei. “Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de Quem é tudo e para Quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo Qual são todas as coisas, e nós por Ele” (1 Co 8:6). “Não vos façais, pois, idólatras” (1 Co 10:7). “Despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca” (Cl 3:8).
Não há exortação para guardar o sábado no Novo Testamento. Ele estava unicamente conectado com a aliança de Deus com Israel (Ez 20:12). O Dia do Senhor não é agora o sábado do Cristão – isso é o que acontece quando a lei é mal utilizada pelos Cristãos; ela precisa ser espiritualizada para contornar as dificuldades óbvias. “Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa” (Ef 6:2). “Que nenhum de vós padeça como homicida” (1 Pe 4:15). “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o Reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros…” (1 Co 6:9-10). “Aquele que furtava não furte mais” (Ef 4:28). “Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu próximo” (Ef 4:25). “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria” (Cl 3:5).
Muitos desses versículos se relacionam com o fato de termos nos despido do velho homem e nos revestido do novo (isto é, o que somos em Cristo). Não são coisas que esperamos alcançar – um grau de espiritualidade que buscamos. Os males dos quais se fala são apresentados como totalmente incompatíveis com nossa nova vida em Cristo. “Tendo vos despojado do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e sendo renovados no espírito da vossa mente, e tendo vos revestido do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4:22-24 – JND). Nunca deveríamos, por um só momento, imaginar que viver sob a graça e a liberdade que temos em Cristo nos permite fazer coisas contrárias à natureza santa e justa de Deus. Esse comportamento carnal é incompatível com aquele que se despiu do velho homem. Com uma nova natureza e a habitação do Espírito Santo, um padrão mais elevado é esperado do Cristão do que do israelita sob a lei. Reconhecemos que é possível tornar “em dissolução a graça de Deus” (Jd 4), mas a sujeição à lei não é a solução.
