Origem: Livro: A Presença e Poder do Espírito de Deus

A Unção do Espírito

Agora vamos ver outra função da habitação do Espírito – a “unção”. Em 1 João 2:18-21, 24-27 lemos: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo”. Aqui temos a “unção” do Espírito de Deus. A ideia da obra do Espírito como uma “unção” é para dar-nos discernimento para o caminho e poder para caminhar nele.

Aqui em 1 João 2, a partir do versículo 18, João está falando com os “filhinhos” – os bebês da família. Ele tem muito a lhes dizer, e imagino que seja porque, sendo novos na fé, eles eram mais suscetíveis aos perigos no caminho. Ele lhes diz três coisas. Primeiro, que era “a última hora” e o testemunho Cristão estava em ruínas. Ele ressalta que tinham surgido muitos maus mestres que rejeitaram o ensino dos apóstolos e estavam desviando crentes incautos. Quão cuidadoso o crente precisa ser nestes últimos dias! Em segundo lugar, ele diz “sabeis tudo”. Uma vez que eles tinham a “unção” do Espírito, não precisavam de ninguém para ensiná-los, porque o Espírito que habitava neles lhes daria a conhecer ou discernir entre a verdade e o erro.

O fato de o Espírito de Deus ser capaz de nos ensinar a verdade não significa que esses bebês em Cristo conheciam todas as doutrinas do Cristianismo. Se fosse assim, Deus os teria estabelecido para serem mestres na assembleia. Não, eles não conheciam as Escrituras tão bem – e foi por isso que João não lhes disse: “Provem pela Palavra de Deus os mestres que vêm a vocês”. Eles ainda não tinham uma descrição sólida da verdade, sendo meros bebês, e não poderiam fazer isso. Mas lhes disse que tinham o Espírito de Deus habitando no coração deles, e como Unção, o Espírito lhes daria a capacidade de discernir entre a verdade e o erro quando lhes fossem apresentados. Assim, quando os maus mestres chegassem a eles com suas falsas doutrinas, teriam a capacidade de discernir se isso era certo ou não.

Eu tenho visto exemplos desse discernimento em jovens convertidos que foram confrontados com mercadores de má doutrina. As falsas doutrinas não fizeram esses jovens crentes tropeçar. Eles disseram: “Eu não achei que era correto, e não sei o que poderia ter feito para mostrar-lhes, baseado na Bíblia, que aquilo não era correto, mas tinha a sensação de que aquilo não era de Deus”. João enfatiza esse ponto com os novos crentes, lembrando-lhes de que tinham o Espírito de Deus habitando neles, e Ele lhes daria a saber se tais coisas eram verdade ou não.

Terceiro, ele lhes disse que permanecessem no “que desde o princípio” ouviram (v. 24). Depois, ele diz no versículo 27: “permanecei n’Ele” (ARA) – no Senhor –, e pediu que mantivessem comunhão com Ele, porque houve muitos jovens, e até mesmo idosos que se desviaram. Não há garantia, apenas porque o Espírito de Deus habita em nós, de que não seremos desviados por aqueles que nos querem seduzir. É preciso haver comunhão diária com o próprio bendito Senhor, o que é resultado de um bom estado de alma.

Tampouco devemos olhar para esses versículos e pensar que não precisamos dos dons que Deus deu à Igreja – isto é, homens levantados pelo Senhor para nos ensinar e nos ajudar no caminho (Ef 4:11). Alguns podem dizer: “Uma vez que tenho o Espírito, tudo o que preciso é das Escrituras, e o Espírito me ensinará. Eu não preciso de livros de ministério! Não preciso daquilo que os homens dizem sobre as Escrituras!” Quero avisar a cada um de nós que essa não é uma boa atitude a ser adotada. Se Deus levantou mestres para nos instruir na verdade e nos ajudar no caminho, precisamos nos valer deles. É por isso que vamos às reuniões para ouvir a Palavra explanada. Não estou minimizando o poder do Espírito para nos instruir, mas quando Deus nos deu esses dons – seja no ministério escrito, no ministério gravado ou em reuniões presenciais – não deveríamos colocá-los de lado como se não precisássemos deles. Alguns falam dessa forma, mas é para desculpar a própria preguiça. Então, vamos tirar essa ideia da cabeça agora mesmo. Não é isso que o versículo 27 está ensinando.

O que o apóstolo está dizendo no versículo 27 é que, quando o erro ou a verdade nos são apresentados, existe em cada crente a capacidade de discernir o que é certo e o que é errado, como resultado do Espírito que nele habita. Isso ocorre porque temos uma percepção em nossa alma, da voz do Pastor; isto é, se estivermos caminhando em comunhão com Ele.

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