Origem: Revista O Cristão – Serviço

Sacerdócio e Serviço

Deus dá uma descrição do serviço relativo dos sacerdotes e dos levitas em Números 18:1-7. Aqui temos uma resposta divina à pergunta levantada pelos filhos de Israel no capítulo anterior: “Todo aquele que se aproximar do tabernáculo do SENHOR, morrerá; seremos pois todos consumidos?” (Nm 17:13). “Não”, diz o Deus de toda graça e misericórdia, porque Arão e seus filhos com ele “fareis o serviço do santuário e o serviço do altar; para que não haja outra vez furor sobre os filhos de Israel” (Nm 18:5). Assim, o povo é ensinado que naquele mesmo sacerdócio, que havia sido tão desprezado e criticado, eles deveriam encontrar sua segurança.

Mas devemos notar que os filhos de Arão e a casa de seu pai estão associados a ele em seus santos privilégios e responsabilidades; os levitas foram dados como uma dádiva a Arão, para fazer o serviço do tabernáculo da congregação e para servir sob ele. Isso nos ensina uma lição muito necessária para os Cristãos no momento presente. Todo serviço, para ser inteligente e aceitável, deve ser prestado em sujeição à autoridade e orientação sacerdotal. “Também farás chegar contigo a teus irmãos, a tribo de Levi, a tribo de teu pai, para que se ajuntem a ti, e te sirvam” (Nm 18:2). A tribo inteira de trabalhadores estava associada e sujeita ao grande sumo sacerdote; tudo estava sob seu controle e orientação imediatos. Assim deve ser agora, em relação a todos os trabalhadores de Deus. Todo serviço Cristão deve ser feito em comunhão com nosso grande Sumo Sacerdote e em santa sujeição à Sua autoridade. Não tem valor de outra forma. Pode haver muito trabalho feito e pode haver grande atividade, mas se Cristo não for o Objeto imediato diante do coração – se Sua orientação e autoridade não forem plenamente reconhecidas – o trabalho deve ser considerado nulo.

Servindo sob Cristo 

Por outro lado, o menor ato de serviço feito sob o olhar de Cristo, com referência direta a Ele, tem seu valor na estima de Deus e receberá sua devida recompensa. Isso é verdadeiramente encorajador e consolador para o coração de todo trabalhador sincero. Os levitas tinham que trabalhar sob Arão; os Cristãos têm que trabalhar sob Cristo. Somos responsáveis perante Ele. É bom caminhar em comunhão com nossos companheiros de trabalho e estar sujeitos uns aos outros, no temor do Senhor. Nada está mais longe de nossos pensamentos do que fomentar um espírito de independência ou aquela disposição de alma que impediria nossa cooperação sincera com nossos irmãos em toda boa obra. Todos os levitas estavam unidos a Arão em seu trabalho e, portanto, estavam unidos uns aos outros. Assim, eles tinham que trabalhar juntos. Se um levita tivesse virado as costas para seus irmãos, ele teria virado as costas para Arão. Todos foram chamados a trabalhar juntos, por mais variado que o trabalho deles pudesse ser.

Ainda assim, é preciso ter em mente que o trabalho deles variava, embora cada um fosse chamado a trabalhar sob a direção de Arão. Havia responsabilidade individual juntamente com a mais harmoniosa ação coletiva. Certamente desejamos, de todas as maneiras possíveis, promover a unidade na ação, mas isso jamais deve ser permitido a ponto de invadir o domínio do serviço pessoal ou interferir na relação direta do trabalhador individual com o seu Senhor. A Igreja de Deus oferece uma plataforma muito extensa para os trabalhadores do Senhor, e há ali amplo espaço para todos os tipos de trabalhadores. Não devemos tentar reduzir todos a um nível legalista, nem restringir as variadas energias dos servos de Cristo confinando-os a certas velhas rotas de nossa própria formação. Todos nós devemos diligentemente procurar combinar a mais cordial unanimidade com a maior variedade possível na ação. Ambos serão promovidos de forma saudável, se todos nos lembrarmos de que somos chamados a servir juntos sob Cristo.

Servindo juntos 

Aqui reside o grande segredo – juntos, sob Cristo! Se tivermos isso em mente, isso nos ajudará a reconhecer e apreciar a linha de trabalho de outra pessoa, embora possa ser diferente da nossa. Por outro lado, isso nos preservará de uma estima demasiadamente elevada de nosso próprio campo de serviço, pois veremos que somos, todos e cada um, simplesmente companheiros de trabalho no único e vasto campo. O grande objetivo diante do coração do Mestre só pode ser alcançado por cada trabalhador seguindo sua própria linha especial e seguindo-a em feliz comunhão com todos.

Há uma tendência prejudicial em alguns de depreciar toda linha de trabalho, exceto a sua própria. Isso deve ser cuidadosamente evitado. Se todos seguissem a mesma linha, onde estaria aquela bela variedade que caracteriza a obra do Senhor e Seus obreiros no mundo? Nem é apenas uma questão da linha de trabalho, mas na verdade do estilo peculiar de cada trabalhador. Você pode encontrar dois evangelistas, cada um marcado por um intenso desejo pela salvação das almas, cada um pregando substancialmente a mesma verdade, e ainda assim pode haver a maior variedade possível no modo como cada um procura alcançar o mesmo objetivo. O mesmo se aplica a cada outro ramo do serviço Cristão. Devemos suspeitar fortemente do terreno ocupado por uma assembleia Cristã se não houver amplo espaço permitido para cada ramo e estilo de serviço Cristão – para cada linha de trabalho capaz de ser assumida em responsabilidade individual para com o grande Cabeça da casa sacerdotal. Não devemos fazer nada que não possamos fazer sob Cristo e em comunhão com Ele. E tudo o que pode ser feito em comunhão com Cristo certamente pode ser feito em comunhão com aqueles que estão caminhando com Ele.

C. H. Mackintosh, adaptado

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