Origem: Livro: A Epístola de Paulo aos COLOSSENSES

EM RELAÇÃO A DEUS (v. 15a)

A primeira coisa que Paulo declara sobre a grandeza e glória de Cristo é que Ele é “a imagem do Deus invisível”. Isso se refere à Sua glória essencial em deidade[2]. Na Escritura, “imagem” tem a ver com algo ou alguém representando outra pessoa (Lc 20:24). O homem, sendo criado à imagem de Deus (Gn 1:26-27) foi colocado no lugar de representante de Deus na Terra. Mas ele caiu e a imagem foi desfigurada. Embora caído, o homem ainda é à imagem de Deus (Gn 9:6; 1 Co 11:7) e, portanto, ainda responsável por representar a Deus – mas, infelizmente, ele o faz muito mal. Cristo, por outro lado, representa perfeitamente a Deus. O verdadeiro caráter de Deus foi perfeitamente trazido à manifestação em Sua vida na Terra como uma representação viva de Deus. Sendo divino, Ele é “a imagem expressa de Sua pessoa” (Hb 1:3). Isto confirma Sua deidade, pois ninguém menos que uma Pessoa divina pode revelar completamente e representar perfeitamente outra Pessoa divina.
[2] N. do T.: Essa palavra não é encontrada na Escritura, mas a sua verdade certamente é. Refere-se à essência de Deus mesmo. Há pelo menos dez atributos notáveis nas Pessoas da Divindade: Eternidade, Infinidade, Onisciência, Onipotência, Onipresença, Imutabilidade, Impecabilidade, Soberania, Autossuficiência e Justiça. (Definições Doutrinais, Bruce Anstey, pág. 81)

Como Deus é “invisível”, é impossível para qualquer criatura vê-Lo. Para revelar Deus como Pai, uma Pessoa divina (Cristo) teve que descer de Deus para revelar Seu verdadeiro caráter de luz e amor. Assim, é em Cristo, o Filho de Deus, que vemos Quem é Deus. “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, Este O fez conhecer [O declarou – JND] (Jo 1:18; 14:9).

É interessante e instrutivo notar que das duas coisas que a Escritura diz sobre o homem quando ele foi criado (sendo feito à “imagem” e “semelhança” de Deus), quando se trata de Cristo, a Escritura diz que Ele é a “imagem” de Deus (2 Co 4:4), mas não diz que Ele era “semelhança de Deus”. A razão para isso é que Cristo não é como Deus – Ele é Deus (Jo 1:1). Dizer que Ele era como Deus poderia implicar que Ele não era Deus. Ele foi “feito carne” (Jo 1:14), mas Ele nunca foi feito Deus, pois Ele sempre existiu na Divindade. A Escritura diz que Cristo foi “feito semelhante aos homens” (Fp 2:7 – TB; Rm 8:3). Isto é, Ele era como o homem constitucionalmente, tendo um espírito humano (Jo 13:21), uma alma humana (Jo 12:27) e um corpo humano (Hb 10:5). Nesse sentido, Ele foi “semelhante a Seus irmãos” (Hb 2:17). No entanto, Ele não era como o homem moralmente. Ao Se tornar um Homem, Ele não tomou a carne humana pecaminosa em união Consigo mesmo. Ele era “sem pecado [pecado aparte[3] – JND] (Hb 4:15). Isto significa que Ele era sem a natureza pecaminosa caída. O Senhor Jesus Cristo ainda é um Homem hoje em um estado glorificado à destra de Deus nas alturas.
[3] N. do T.: J. N. Darby traduz essa passagem como “sin apart”. Traduzir isto ao português como “apartado (ou separado) do pecado” não estaria correto, pois poderia dar a impressão de que o Senhor Jesus escolheu Se apartar ou Se separar do pecado. Mas a ideia é que o pecado não encontrava lugar n’Ele e, portanto, não agia n’Ele. Nós devemos nos separar ou apartar do pecado, pois, do contrário, o pecado vai encontrar em nós a capacidade de agir. N’Ele não havia “pecado” o que é diferente da ideia que frequentemente vemos na Cristandade professa de que o Senhor Jesus “escolheu” não pecar.

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