Origem: Livro: A Primeira Epístola de Paulo a TIMÓTEO
UM PARÊNTESE: A Maneira Correta e a Errada de Alcançar a Conduta Moral Adequada à Casa de Deus
Vs. 6-17 – Paulo interrompe a explicação de seu encargo a Timóteo para mostrar, em um parêntese, que há uma maneira correta e uma maneira errada de produzir a conduta moral correta nos santos. Nestes versos, ele contrasta a lei e a graça, e mostra que a graça é a única maneira de produzir as condições morais desejadas mencionadas no verso 5.
Esse desvio do assunto principal foi necessário pois havia muitos que tinham a ideia equivocada de que adotando os princípios da lei em suas vidas alcançariam o fim desejado de santidade prática e maior espiritualidade. Paulo mostra que tal noção é um uso errado da lei, e o legalismo não produziria nenhum efeito verdadeiro e duradouro nos santos. Em seguida, ele chama atenção para sua própria vida para mostrar o que a graça pode fazer; ela transformou o caso mais improvável da história. A graça transformou o principal dos pecadores em um Cristão modelo cuja vida se tornou um padrão para todos aqueles que viriam a crer posteriormente.
Vs. 6-7 – Paulo diz que havia “alguns” que tinham falta (“tinham perdido”) das qualidades morais declaradas no verso 5 e “se desviaram” das doutrinas da graça que promovem a dispensação de Deus. Esses homens estavam insistindo em uma série de coisas que Paulo chama de “vãs contendas”. Esses indivíduos eram de origem judaica (mestres judaizantes) e foram para a ruína do testemunho Cristão na Igreja primitiva; muitas epístolas alertam contra esse erro de misturar lei com graça. É triste dizer, mas, princípios judaicos ainda estão muito enraizados em muitos círculos Cristãos atualmente.
Esses mestres judaizantes pensavam ser “mestres da lei”, mas eles não “entendiam” o que estavam ensinando. Eles estavam afirmando “ousadamente” (ARA) que os Cristãos precisavam guardar a lei. Esses homens estavam ensinando a partir da lei de Moisés do Velho Testamento, mas eles a estavam aplicando de forma totalmente errada. Isso mostra que é possível usar palavras e frases das Escrituras no ensino bíblico, mas não conhecer o correto significado e aplicação delas. Sejamos cuidadosos, portanto, como alguém que “maneja bem [cortando numa linha reta – JND] a palavra da verdade” quando estivermos expondo as Escrituras (2 Tm 2:15).
V. 8 – Paulo continua mostrando que “a lei é boa” se for devidamente utilizada. Ele classificou corretamente o produto da imaginação humana como meras fabulas (v. 4), mas ele não podia dizer isso com respeito à lei. Era a lei de Deus e era algo “santo, justo e bom” (Rm 7:12). Ela pode ser usada pelo Cristão para condenar o mal e mostrar que o julgamento de Deus é contra aqueles que praticaram o mal. Assim, ela é uma ferramenta útil para mostrar a uma pessoa que ela é pecadora. Mas, Paulo diz, “a lei não é feita para o justo [não tem aplicação sobre o justo – JND]” – isto é, uma pessoa a quem Deus declarou justa por meio de sua fé no evangelho (Rm 3:22; 4:5). Nas Escrituras, um Cristão é visto como tendo morrido para a lei (Rm 7:4-6). Visto que a lei não tem nada a dizer a um homem morto, ela não tem nenhum direito sobre nenhum dos crentes (Rm 6:14). Os mestres legalistas em Éfeso claramente não sabiam disso e estavam tentando impor as obrigações da lei aos Cristãos, e assim, estavam fazendo da lei mosaica a regra ou padrão para a vida Cristã. Mas a lei não é o padrão Cristão – Cristo é o padrão. A regra para a vida Cristã é a vida de Cristo, que é mais alta no seu caráter moral do que os mandamentos da lei de Moisés. Ao cumprir “a lei de Cristo”, que é imitá-Lo em nosso andar e maneiras (Gl 6:2), vamos muito além das “exigências justas da lei” (Rm 8:4 – TB; Rm 14:8-10).
Enquanto que “a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente (adequadamente)”, ela também pode ser usada indevidamente; e se for usada erroneamente, ela resultará em prejuízo entre os santos – como mostra a epístola de Paulo aos Gálatas. A lei não foi feita para dar santidade a alguém; ela exigia isso da pessoa, mas não tinha o poder para produzir isso na pessoa. Insistir no princípio da guarda da lei para a vida Cristã é entender mal o verdadeiro significado e utilização correta da lei.
